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Atentado do Estado Islâmico deixa 44 mortos em cidade síria

27/07/2016 12h32

Qamishli, Síria, 27 Jul 2016 (AFP) - Ao menos 44 pessoas morreram e 140 ficaram feridas em um atentado na cidade síria de Qamishli, de maioria curda, perto da fronteira com a Turquia, que foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI).

Em um comunicado divulgado nas redes sociais, o grupo extremista disse que o ataque foi lançado por um suicida com um caminhão repleto de explosivos em resposta aos ataques contra a cidade de Manbij, um reduto do EI na província de Aleppo.

A agência Amaq, um órgão de propaganda vinculado ao EI, informou que o alvo do ataque era um edifício do Estado-Maior das forças curdas em Qamishli.

Trata-se do pior atentado e do mais mortífero já sofrido nesta cidade desde o início do conflito, em março de 2011.

Ao menos 44 pessoas morreram e 140 ficaram feridas no ataque contra edifícios da administração autônoma curda nesta cidade síria, segundo o último balanço dos meios de comunicação oficiais.

A televisão nacional síria informou sobre um "atentado terrorista" que, segundo a agência oficial Sana, deixou "44 mortos e 140 feridos, vários deles em estado grave".

Por sua vez, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) anunciou ao menos 14 mortos e várias dezenas de feridos.

As imagens do atentado mostram uma zona devastada, repleta de escombros, e vários edifícios danificados.

Segundo um jornalista da AFP que cita uma fonte das forças de segurança curdas (Assayech), "trata-se do maior atentado cometido na cidade" de Qamishli.

Na zona do atentado eram observadas cenas chocantes, com os feridos correndo em busca de ajuda em meio à fumaça provocada pelos vários focos de incêndio.

Um homem corria com uma criança, suja de sangue e poeira, nos braços.

Mais adiante uma mulher chorava e gritava junto a duas crianças emudecidas, em estado de choque.

Segundo a mesma fonte, um suicida que estava em um grande caminhão detonou seus explosivos perto de um posto de controle próximo a uma zona com vários edifícios da administração autônoma, instalados pelos curdos nos territórios que controlam no noroeste da Síria.

Um dos imóveis abriga o organismo curdo de defesa.

A fonte também falou de hospitais lotados devido ao grande número de vítimas.

A televisão nacional síria indicou que o governador da província de Hassake, onde se localiza Qamishli, fez um apelo à população para que doe sangue às vítimas nos hospitais públicos e privados.

Os primeiros relatos informavam sobre dois atentados, mas segundo fontes em Qamishli e do OSDH a explosão do caminhão provocou uma segunda deflagração de um depósito de gás.

A maior parte da província de Hassake está controlada pelas forças curdas que estabeleceram uma "administração autônoma", enquanto as forças governamentais sírias controlam o aeroporto e alguns bairros de Qamishli.

O resto da província está nas mãos das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), a principal força militar curda, que em março anunciaram a criação de uma zona autônoma no nordeste da Síria.

Os combatentes curdos estão na linha de frente do combate ao grupo Estado Islâmico (EI) e conquistaram vitórias no norte e no leste da Síria, que levaram os terroristas a responder com ataques suicidas.

Também no norte do país, ao menos 16 civis foram abatidos por bombardeios e disparos de artilharia do regime em um bairro de Aleppo controlado pelos rebeldes, informou o OSDH. Um balanço que pode se agravar, já que ainda havia pessoas presas entre os escombros dos edifícios bombardeados, avisou o observatório.

Ainda nesta quarta-feira, a coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico liderada pelos Estados Unidos abriu uma investigação formal para determinar se os ataques aéreos lançados na semana passada perto de Minbej, norte do país, provocaram vítimas civis, anunciou um porta-voz militar.

O principal grupo de oposição síria pediu à coalizão que suspenda seus bombardeios depois dos ataques contra Minbej, que, segundo disseram, deixaram dezenas de civis mortos.

Nos cinco anos de guerra na Síria, mais de 280.000 pessoas perderam a vida e mais da metade da população foi obrigada a fugir de seus lares.

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