Cenas de um dia histórico: Dilma enfrenta seus acusadores
Brasília, 29 Ago 2016 (AFP) - Com olhar e voz firmes, a presidente afastada, Dilma Rousseff, enfrentou nesta segunda-feira (29) um dia que entrará para a História: exerceu sua própria defesa diante dos senadores que querem pôr fim a seu governo nas próximas horas.
O comparecimento de Dilma ao Congresso é um clímax nesse processo que se iniciou em dezembro passado, quando o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acolheu o pedido de impeachment, o qual, meses depois, poderá marcar o fim de seu governo e da era da esquerda no Brasil.
A sessão teve todos os elementos de uma tragédia dividida em quatro atos.
Ato 1 - A acusada chega ao Congresso -Com um semblante tranquilo, Dilma Rousseff chegou ao Senado pouco depois das nove da manhã, por um acesso no subsolo. Na Casa, recebeu a saudação de um pequeno grupo de manifestantes que a aguardavam aos gritos de "Dilma, guerreira da pátria brasileira". Convidados como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o cantor Chico Buarque chegam pouco depois para acompanhar a presidente das tribunas.
Usando um blazer sóbrio, a ex-guerrilheira não perdeu a compostura em seu comparecimento e mostrou, em sua mensagem, que estava bem preparada para a sessão com os legisladores.
Ato 2 - O discurso: encontro com a História -Às 9h53 em ponto, Dilma toma a palavra e inicia sua histórica alegação. Em tom enérgico, com momentos em que embarga a voz, lembra que foi detida e torturada durante a ditadura militar, afirma não conhecer "a deslealdade, nem a covardia" e diz ser vítima de um processo injusto que busca condená-la sem crimes de responsabilidade.
Ela compara os fatos de hoje aos vividos há mais 40 anos quando foi julgada por um tribunal militar em pleno regime.
"Dessa vez ficou um registro, uma fotografia, na qual eu estava de cabeça erguida olhando meus algozes, que escondiam seu rosto com medo de serem reconhecidos e julgados pela História. Hoje não há prisão legal nem tortura (...) mas continuo de cabeça erguida olhando os olhos daqueles que me julgam", pontuou.
Ato 3 - Interrogatório -Depois de seu discurso, inicia-se o interrogatório, do qual deve participar mais de 40 senadores. Dilma recebe alguns apoios de aliados, mas o foco principal são as indagações de seus opositores.
"Você se apresenta como vítima de um golpe, mas nós sabemos muito bem o que é isso, nós trabalhamos para reconstituir a democracia. Se você maquiou contas públicas, agora também falseia a História desse processo", acusa o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).
A senadora Simone Tebet (PMBD-MS) dispara: "Gastou o que tinha e o que não tinha, pediu aos bancos, aos quais não podia (pedir)".
"Vendeu um Brasil irreal aos brasileiros, e os números não confiáveis levaram à perda de confiança no governo. Estamos frente à maior crise financeira da história do país", declarou.
"Não cometi crimes", responde Dilma.
Ato 4 - Das ruas -Nos arredores do Congresso, na Esplanada dos Ministérios, coração de Brasília, um grupo de algumas centenas de manifestantes esperava Dilma Rousseff com flores e bandeiras. A presidente optou, porém, por uma chegada mais discreta e cumprimentou apenas uns poucos simpatizantes na entrada subterrânea.
Os manifestantes pretendem continuar próximo ao Congresso até a votação final sobre o impeachment, que pode acontecer entre terça e quarta.
As mobilizações pró-Dilma perderam a força que mostraram no passado, reflexo da enfraquecida posição atual da esquerda no Brasil, mas alguns manifestantes exibem um espírito irredutível. Luiz Saraiva, de 43, diz à AFP que todo o processo contra Dilma "é uma farsa, um complô da direita".
O comparecimento de Dilma ao Congresso é um clímax nesse processo que se iniciou em dezembro passado, quando o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acolheu o pedido de impeachment, o qual, meses depois, poderá marcar o fim de seu governo e da era da esquerda no Brasil.
A sessão teve todos os elementos de uma tragédia dividida em quatro atos.
Ato 1 - A acusada chega ao Congresso -Com um semblante tranquilo, Dilma Rousseff chegou ao Senado pouco depois das nove da manhã, por um acesso no subsolo. Na Casa, recebeu a saudação de um pequeno grupo de manifestantes que a aguardavam aos gritos de "Dilma, guerreira da pátria brasileira". Convidados como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o cantor Chico Buarque chegam pouco depois para acompanhar a presidente das tribunas.
Usando um blazer sóbrio, a ex-guerrilheira não perdeu a compostura em seu comparecimento e mostrou, em sua mensagem, que estava bem preparada para a sessão com os legisladores.
Ato 2 - O discurso: encontro com a História -Às 9h53 em ponto, Dilma toma a palavra e inicia sua histórica alegação. Em tom enérgico, com momentos em que embarga a voz, lembra que foi detida e torturada durante a ditadura militar, afirma não conhecer "a deslealdade, nem a covardia" e diz ser vítima de um processo injusto que busca condená-la sem crimes de responsabilidade.
Ela compara os fatos de hoje aos vividos há mais 40 anos quando foi julgada por um tribunal militar em pleno regime.
"Dessa vez ficou um registro, uma fotografia, na qual eu estava de cabeça erguida olhando meus algozes, que escondiam seu rosto com medo de serem reconhecidos e julgados pela História. Hoje não há prisão legal nem tortura (...) mas continuo de cabeça erguida olhando os olhos daqueles que me julgam", pontuou.
Ato 3 - Interrogatório -Depois de seu discurso, inicia-se o interrogatório, do qual deve participar mais de 40 senadores. Dilma recebe alguns apoios de aliados, mas o foco principal são as indagações de seus opositores.
"Você se apresenta como vítima de um golpe, mas nós sabemos muito bem o que é isso, nós trabalhamos para reconstituir a democracia. Se você maquiou contas públicas, agora também falseia a História desse processo", acusa o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).
A senadora Simone Tebet (PMBD-MS) dispara: "Gastou o que tinha e o que não tinha, pediu aos bancos, aos quais não podia (pedir)".
"Vendeu um Brasil irreal aos brasileiros, e os números não confiáveis levaram à perda de confiança no governo. Estamos frente à maior crise financeira da história do país", declarou.
"Não cometi crimes", responde Dilma.
Ato 4 - Das ruas -Nos arredores do Congresso, na Esplanada dos Ministérios, coração de Brasília, um grupo de algumas centenas de manifestantes esperava Dilma Rousseff com flores e bandeiras. A presidente optou, porém, por uma chegada mais discreta e cumprimentou apenas uns poucos simpatizantes na entrada subterrânea.
Os manifestantes pretendem continuar próximo ao Congresso até a votação final sobre o impeachment, que pode acontecer entre terça e quarta.
As mobilizações pró-Dilma perderam a força que mostraram no passado, reflexo da enfraquecida posição atual da esquerda no Brasil, mas alguns manifestantes exibem um espírito irredutível. Luiz Saraiva, de 43, diz à AFP que todo o processo contra Dilma "é uma farsa, um complô da direita".
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