Esposa de homem negro morto pela polícia de Charlotte publica vídeo
Charlotte, Estados Unidos, 23 Set 2016 (AFP) - A esposa do afro-americano cuja morte desatou protestos durante esta semana na cidade de Charlotte publicou nesta sexta-feira (23) um vídeo com as cenas anteriores e posteriores ao momento que seu marido foi abatido pela polícia.
Por enquanto, a polícia de Charlotte, na Carolina do Norte, se negou a revelar as imagens feitas na terça-feira (20) por suas câmeras, que supostamente mostram Keith Lamont Scott, de 43 anos, como uma ameaça para os oficiais.
O vídeo gravado em um smartphone pela esposa da vítima, Rakeyia Scott, entregue por seus advogados a vários meios de comunicação, incluindo a AFP, aumentará a pressão sobre as autoridades de Charlotte para revelar suas próprias imagens.
A gravação de dois minutos e 16 segundos não mostra precisamente os tiros, mas captura os momentos que conduziram a eles, quando a esposa de Scott pedia aos policiais que não atirassem.
"Não atirem. Não atirem, ele não tem uma arma. Não tem arma. Não atirem", diz a mulher no início da filmagem.
"Ele tem uma TBI, não vai fazer nada, rapazes", continua, aparentemente se referindo a uma lesão cerebral (traumatic brain injury). Muitos vizinhos disseram à AFP que Scott era deficiente e tinha problemas de fala.
"Keith, não faz isso", diz a esposa pouco antes de se escutar o som de quatro rápidos disparos, momento em que o celular desvia do lugar dos tiros.
Depois Scott cai no asfalto, rodeado por policiais.
Na noite de quinta-feira (22), centenas de pessoas protestaram nas ruas de Charlotte, sob a vigilância das forças de ordem, apesar da vigência do toque de recolher das 00H00 às 06H00 local.
Durante as manifestações, que exigiam a publicação do vídeo da polícia, foram registrados episódios de violência com policiais dispersando um grupo com gás lacrimogêneo, ainda que tenha sido menos turbulenta do que as dos dias anteriores.
Na quinta-feira, a polícia aceitou mostrar aos pais de Scott as imagens registradas durante sua morte.
Porém não chegaram a esclarecer o principal ponto de discórdia entre os oficiais, que afirmam que Scott tinha uma arma em sua mão, e seus familiares, que asseguram se tratar de um livro.
"O vídeo deve ser publicado", disse nesta sexta-feira a prefeita de Charlotte, Jennifer Roberts, em coletiva de imprensa, assegurando que "é uma questão de tempo".
A investigação ainda está em curso, afirmou. "Se uma parte (do relatório) for divulgada antes, isso pode colocar em risco a investigação em seu conjunto".
A chefe da polícia local, Kerr Putney, assegurou saber da "espera" do vídeo, visto "como a panaceia" do caso. "Mas posso dizê-los que não é", afirmou, sugerindo que as imagens não permitirão determinar eventuais responsáveis.
"Se eu divulgo como está e não coloco em um bom contexto, (o vídeo) pode botar lenha na fogueira e piorar a situação. Isso aumentaria a desconfiança", acrescentou.
TransparênciaA declaração parecia uma resposta à chuva de críticas contra a polícia.
A candidata democrata à Presidência, Hillary Clinton, que viajará no domingo (25) para Charlotte, de acordo com sua equipe de campanha, solicitou em sua conta no Twitter que os vídeos policiais sobre o homicídio fossem divulgados.
O secretário de Justiça da Carolina do Norte, Roy Cooper, considerou nesta sexta-feira que a melhor forma de "buscar a verdade" é "publicando os vídeos".
A secretária de Justiça americana, Loretta Lynch, também se pronunciou de forma indireta a favor da divulgação das imagens.
"Não vou dar ordens à polícia por enquanto", disse na quinta-feira. "Sempre penso que nas situações onde a informação é publicada, ainda que essa informação seja difícil de ver, o fato de oferecer uma maior transparência é mais útil do que o contrário".
Esse foi o caso há uma semana em Tulsa, estado de Oklahoma, onde um homem negro, Terence Crutcher, foi morto na sexta-feira (16) passada pela polícia depois de ser interpelado por agentes e caminhar com as mãos para o alto até seu veículo.
A policial autora do disparo foi acusada na quinta-feira de homicídio culposo. Após ser objeto de uma ordem de prisão, foi liberada nesta sexta-feira depois de pagar uma fiança de 50.000 dólares.
Em Charlotte, a noite de quinta-feira foi mais tranquila. Centenas de manifestantes protestaram cantando pelo centro da cidade e levando cartazes onde podia-se ler mensagens como "Parem de nos matar" ou "A resistência é bela".
Excetuando-se algumas pessoas que foram dispersadas com gás lacrimogêneo em uma avenida, não foi registrada violência na cidade, onde a manifestação ocorreu ao lado de soldados da Guarda Nacional que foram chamados para reforçar a segurança.
mlm-sha/seb/cb/lr
Por enquanto, a polícia de Charlotte, na Carolina do Norte, se negou a revelar as imagens feitas na terça-feira (20) por suas câmeras, que supostamente mostram Keith Lamont Scott, de 43 anos, como uma ameaça para os oficiais.
O vídeo gravado em um smartphone pela esposa da vítima, Rakeyia Scott, entregue por seus advogados a vários meios de comunicação, incluindo a AFP, aumentará a pressão sobre as autoridades de Charlotte para revelar suas próprias imagens.
A gravação de dois minutos e 16 segundos não mostra precisamente os tiros, mas captura os momentos que conduziram a eles, quando a esposa de Scott pedia aos policiais que não atirassem.
"Não atirem. Não atirem, ele não tem uma arma. Não tem arma. Não atirem", diz a mulher no início da filmagem.
"Ele tem uma TBI, não vai fazer nada, rapazes", continua, aparentemente se referindo a uma lesão cerebral (traumatic brain injury). Muitos vizinhos disseram à AFP que Scott era deficiente e tinha problemas de fala.
"Keith, não faz isso", diz a esposa pouco antes de se escutar o som de quatro rápidos disparos, momento em que o celular desvia do lugar dos tiros.
Depois Scott cai no asfalto, rodeado por policiais.
Na noite de quinta-feira (22), centenas de pessoas protestaram nas ruas de Charlotte, sob a vigilância das forças de ordem, apesar da vigência do toque de recolher das 00H00 às 06H00 local.
Durante as manifestações, que exigiam a publicação do vídeo da polícia, foram registrados episódios de violência com policiais dispersando um grupo com gás lacrimogêneo, ainda que tenha sido menos turbulenta do que as dos dias anteriores.
Na quinta-feira, a polícia aceitou mostrar aos pais de Scott as imagens registradas durante sua morte.
Porém não chegaram a esclarecer o principal ponto de discórdia entre os oficiais, que afirmam que Scott tinha uma arma em sua mão, e seus familiares, que asseguram se tratar de um livro.
"O vídeo deve ser publicado", disse nesta sexta-feira a prefeita de Charlotte, Jennifer Roberts, em coletiva de imprensa, assegurando que "é uma questão de tempo".
A investigação ainda está em curso, afirmou. "Se uma parte (do relatório) for divulgada antes, isso pode colocar em risco a investigação em seu conjunto".
A chefe da polícia local, Kerr Putney, assegurou saber da "espera" do vídeo, visto "como a panaceia" do caso. "Mas posso dizê-los que não é", afirmou, sugerindo que as imagens não permitirão determinar eventuais responsáveis.
"Se eu divulgo como está e não coloco em um bom contexto, (o vídeo) pode botar lenha na fogueira e piorar a situação. Isso aumentaria a desconfiança", acrescentou.
TransparênciaA declaração parecia uma resposta à chuva de críticas contra a polícia.
A candidata democrata à Presidência, Hillary Clinton, que viajará no domingo (25) para Charlotte, de acordo com sua equipe de campanha, solicitou em sua conta no Twitter que os vídeos policiais sobre o homicídio fossem divulgados.
O secretário de Justiça da Carolina do Norte, Roy Cooper, considerou nesta sexta-feira que a melhor forma de "buscar a verdade" é "publicando os vídeos".
A secretária de Justiça americana, Loretta Lynch, também se pronunciou de forma indireta a favor da divulgação das imagens.
"Não vou dar ordens à polícia por enquanto", disse na quinta-feira. "Sempre penso que nas situações onde a informação é publicada, ainda que essa informação seja difícil de ver, o fato de oferecer uma maior transparência é mais útil do que o contrário".
Esse foi o caso há uma semana em Tulsa, estado de Oklahoma, onde um homem negro, Terence Crutcher, foi morto na sexta-feira (16) passada pela polícia depois de ser interpelado por agentes e caminhar com as mãos para o alto até seu veículo.
A policial autora do disparo foi acusada na quinta-feira de homicídio culposo. Após ser objeto de uma ordem de prisão, foi liberada nesta sexta-feira depois de pagar uma fiança de 50.000 dólares.
Em Charlotte, a noite de quinta-feira foi mais tranquila. Centenas de manifestantes protestaram cantando pelo centro da cidade e levando cartazes onde podia-se ler mensagens como "Parem de nos matar" ou "A resistência é bela".
Excetuando-se algumas pessoas que foram dispersadas com gás lacrimogêneo em uma avenida, não foi registrada violência na cidade, onde a manifestação ocorreu ao lado de soldados da Guarda Nacional que foram chamados para reforçar a segurança.
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