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Ewan McGregor traça paralelos entre tensão racial atual e retratada em filme

23/09/2016 11h01

San Sebastian, Espanha, 23 Set 2016 (AFP) - O escocês Ewan McGregor lamentou que atualmente ainda exista a tensão racial que ele retrata em seu filme "Pastoral Americana", sobre fatos ocorridos na década de 1960 e exibido nesta sexta-feira no Festival de San Sebastián.

"Há semelhanças, as mesmas coisas acontecem hoje em dia, infelizmente", disse McGregor em uma entrevista coletiva após a exibição de seu primeiro filme como diretor, adaptado da obra de Philip Roth e que recria, entre outros acontecimentos, os distúrbios raciais em Newark em 1967, quando morreram 26 pessoas.

Os comentários de McGregor foram feitos em um momento de grande tensão na cidade de Charlotte (sudeste dos Estados Unidos), após a morte de um homem negro por um policial, depois de vários casos de brutalidade contra afro-americanos que provocaram indignação nos Estados Unidos nos últimos anos.

"Você esperaria que nós aprenderíamos e seguiriamos em frente, mas com certeza parece que continuamos nos movimentando em círculos", disse McGregor, que mora nos Estados Unidos e conhecido por seus papéis em "Trainspotting", "Moulin Rouge" ou "Star Wars".

O filme não pretende ser uma crítica ao estado atual das coisas, destacou McGregor, que também atua no filme, ao lado de Jennifer Connelly e Dakota Fanning.

Ele disse que se apaixonou pelo personagem a ponto de quer levá-lo ao cinema.

"Pastoral Americana" é baseado no livro de mesmo nome de Philip Roth, premiado com o Pulitzer, sobre uma família que desmorona quando a filha se une a grupos radicais nos Estados Unidos que protestavam de forma violenta contra a Guerra do Vietnã.

Roth, que autorizou a adaptação, viu o filme e gostou, disse McGregor, que no entanto não conheceu pessoalmente o escritor.

Dirigir representa um "peso de responsabilidade", destacou, antes de afirmar que só voltaria a trabalhar por trás das câmeras para contar "uma história que ame tanto como esta".

Jennifer Connelly elogiou a maneira de dirigir de McGregor, que dava "liberdade para explorar" e contribuir com os personagens.

Empresário de sucesso após um atleta de destaque na faculdade, Seymour "Swede" Levov (interpretado pelo próprio Ewan McGregor) leva uma vida perfeita com sua esposa, ex-rainha da beleza interpretada por Jennifer Connelly (Oscar de melhor ator coadjuvante em "Uma Mente Brilhante").

Tudo cai por terra quando sua única filha Merry, interpretada por Dakota Fanning ("Crepúsculo"), rejeita o modelo idealizado de sua vida e se envolve em ações violentas de protesto contra o envolvimento militar americano no Vietnã.

O filme pinta um retrato complexo de um homem e uma geração lutando em face dos valores tradicionais que se desintegram em meio as anos 60, com as tensões raciais e as grandes manifestações contra Vietnã, assim como o escândalo de Watergate (1972) e a renúncia do presidente Richard Nixon anos depois.