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Ex-chefes do Exército e da Inteligência de Fujimori são condenados por homicídio

Em Lima

27/09/2016 21h17

Um tribunal peruano condenou a 22 anos de prisão, nesta terça-feira (27), o ex-chefe do Exército Nicolás Hermoza e o ex-chefe dos Serviços de Inteligência Vladimiro Montesinos, pelo assassinato e posterior incineração dos corpos de três universitários opositores ao governo de Alberto Fujimori, em 1993.

Presos há 15 anos por outras violações aos direitos humanos, os dois réus foram considerados responsáveis pelo desaparecimento forçado do professor Justiniano Najarro e dos estudantes Martín Roca Casas e Kenneth Anzualdo.

O tribunal também concluiu que ficou provado que os três desaparecidos foram assassinados, e seus corpos, queimados em um forno nos sótãos do Serviço de Inteligência do Exército, situado na sede do quartel general dessa arma, em Lima.

As três vítimas foram detidas em 1993 por uma patrulha militar na Universidade Técnica do Callao, no âmbito de uma operação realizada pelo Exército para enfrentar os grupos armados Sendero Luminoso e MRTA.

O general Hermoza tem 81 anos, e a condenação atual se soma a outras por corrupção, sequestro e homicídio. Ele foi considerado responsável pelo desaparecimento de mais de 20 pessoas nas mãos de um esquadrão da morte do Exército.

Considerado eminência parda do governo Fujimori (1990-2000), Vladimiro Montesinos cumpre, por sua vez, condenações de mais de 20 anos pelos mesmos casos e delitos que o ex-chefe do Exército.

Além disso, o ex-chefe da Direção de Inteligência do Exército, coronel Jorge Nadal, foi condenado à revelia a 15 anos de prisão. Sua detenção já foi expedida.

O Ministério Público havia pedido 35 anos de prisão para Hermoza, Montesinos e Nadal.

O julgamento começou em 2012, por iniciativa da MP e familiares das vítimas.

Em 2009, o Peru já havia sido condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos o desaparecimento forçado do estudante Kenneth Anzualdo.

A repressão estatal aos grupos armados deixou mais de 69.000 mortos e 15.000 desaparecidos entre 1980 e 2000.