Fidel, último protagonista da crise que poderia ter levado ao Apocalipse
Havana, 26 Nov 2016 (AFP) - Ultimo protagonista da "crise dos mísseis", Fidel Castro, falecido aos 90 anos, autorizou a União Soviética a instalar mísseis nucleares em Cuba voltados para os Estados Unidos, desencadeando a crise mais grave da Guerra Fria.
De 22 a 28 de outubro de 1962, o mundo inteiro ficou com a respiração suspensa, temendo o início da Terceira Guerra Mundial e do primeiro conflito atômico, tendo Cuba no epicentro e John Kennedy, Nikita Kruschov e Fidel Castro como "cavaleiros do Apocalipse".
No dia 22, Kennedy anunciou a descoberta de instalações de mísseis nucleares soviéticos em Cuba, capazes de atingir o território americano, ordenou um bloqueio naval contra a ilha e exigiu a retirada das armas "ofensivas".
"Defensivas", protestaram Kruschov e Fidel Castro, que denunciaram um ato de "pirataria" americana, enquanto 25 navios de carga soviéticos com novos mísseis e bombardeios navegavam rumo à ilha.
Alerta máximo nuclearAs forças americanas e soviéticas foram postas em alerta máximo. O bloqueio se tornou efetivo no dia 24. Um dia depois, os navios de carga soviéticos receberam a ordem de Moscou de parar no mar, diante da Marinha americana.
No Conselho de Segurança da ONU, o embaixador americano, Adlai Stevenson, ridicularizou o contraparte soviético, ao mostrar fotos dos mísseis, cuja existência ele negava.
Os Estados Unidos chamaram sua população a se proteger em caso de ataque nuclear; Kruschov hesitou pois não se esperava a reação enérgica de Kennedy; e Fidel Castro mobilizou 400.000 homens, prevendo uma invasão militar.
Em 26 de outubro, Kruschov ofereceu a Kennedy retirar os projéteis se os Estados Unidos se comprometessem a não invadir Cuba e desmantelar seus mísseis instalados na Turquia.
No sábado, 27, a crise estava em seu auge com uma bateria soviética que derrubou sobre Cuba um avião espião U-2, mas as negociações continuaram. Washington propôs a retirada dos mísseis soviéticos em troca do fim do bloqueio naval, e se comprometeu a não invadir a ilha.
"Nikita mariquita"Kruschov cedeu e anunciou a retirada dos mísseis. Ele obteve da Casa Branca o compromisso de tirar os mísseis americanos da Turquia.
A crise deixou um morto: o comandante Rudolph Anderson, que pilotava o U-2 derrubado e que tinha informado sobre as primeiras fotos dos mísseis em 14 de outubro.
Fidel, que não foi consultado, ficou furioso com a decisão do líder soviético: "Nunca tinha previsto a retirada como uma solução", disse posteriormente, evocando o "fervor revolucionário, a paixão, a efervescência daqueles dias".
A multidão em Havana denegriu Kruschov, aos gritos de "¡Nikita, mariquita, lo que se da, no se quita!" (Nikita, bichinha, o que se dá não se tira).
Kennedy foi assassinado um ano depois e Kruschov morreu em 1971, já fora do poder.
Fidel seguiu à frente do governo cubano por mais 44 anos.
bur-fj/nn/mvv
De 22 a 28 de outubro de 1962, o mundo inteiro ficou com a respiração suspensa, temendo o início da Terceira Guerra Mundial e do primeiro conflito atômico, tendo Cuba no epicentro e John Kennedy, Nikita Kruschov e Fidel Castro como "cavaleiros do Apocalipse".
No dia 22, Kennedy anunciou a descoberta de instalações de mísseis nucleares soviéticos em Cuba, capazes de atingir o território americano, ordenou um bloqueio naval contra a ilha e exigiu a retirada das armas "ofensivas".
"Defensivas", protestaram Kruschov e Fidel Castro, que denunciaram um ato de "pirataria" americana, enquanto 25 navios de carga soviéticos com novos mísseis e bombardeios navegavam rumo à ilha.
Alerta máximo nuclearAs forças americanas e soviéticas foram postas em alerta máximo. O bloqueio se tornou efetivo no dia 24. Um dia depois, os navios de carga soviéticos receberam a ordem de Moscou de parar no mar, diante da Marinha americana.
No Conselho de Segurança da ONU, o embaixador americano, Adlai Stevenson, ridicularizou o contraparte soviético, ao mostrar fotos dos mísseis, cuja existência ele negava.
Os Estados Unidos chamaram sua população a se proteger em caso de ataque nuclear; Kruschov hesitou pois não se esperava a reação enérgica de Kennedy; e Fidel Castro mobilizou 400.000 homens, prevendo uma invasão militar.
Em 26 de outubro, Kruschov ofereceu a Kennedy retirar os projéteis se os Estados Unidos se comprometessem a não invadir Cuba e desmantelar seus mísseis instalados na Turquia.
No sábado, 27, a crise estava em seu auge com uma bateria soviética que derrubou sobre Cuba um avião espião U-2, mas as negociações continuaram. Washington propôs a retirada dos mísseis soviéticos em troca do fim do bloqueio naval, e se comprometeu a não invadir a ilha.
"Nikita mariquita"Kruschov cedeu e anunciou a retirada dos mísseis. Ele obteve da Casa Branca o compromisso de tirar os mísseis americanos da Turquia.
A crise deixou um morto: o comandante Rudolph Anderson, que pilotava o U-2 derrubado e que tinha informado sobre as primeiras fotos dos mísseis em 14 de outubro.
Fidel, que não foi consultado, ficou furioso com a decisão do líder soviético: "Nunca tinha previsto a retirada como uma solução", disse posteriormente, evocando o "fervor revolucionário, a paixão, a efervescência daqueles dias".
A multidão em Havana denegriu Kruschov, aos gritos de "¡Nikita, mariquita, lo que se da, no se quita!" (Nikita, bichinha, o que se dá não se tira).
Kennedy foi assassinado um ano depois e Kruschov morreu em 1971, já fora do poder.
Fidel seguiu à frente do governo cubano por mais 44 anos.
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