Moscou pede a Damasco que suspenda ataques durante negociações de paz
Genebra, 22 Fev 2017 (AFP) - O governo russo pediu ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que suspenda os bombardeios durante as negociações de paz em Genebra - relatou o enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, nesta quarta-feira (22), acrescentando que é improvável que haja esta semana "avanços" significativos na resolução do conflito.
"Hoje, a Rússia anunciou que pediu formalmente ao governo sírio que deixe seu céu em silêncio durante as discussões", disse De Mistura, em coletiva de imprensa um dia antes do início da mesa de diálogo.
"Espero um avanço? Não, não espero um avanço imediato, mas o início de uma série de discussões que conduzam a uma solução para o conflito sírio", acrescentou.
Já presente em Genebra, o Alto Comitê de Negociações (HCN, em inglês), que reúne os principais grupos de oposição, pediu "negociações diretas".
"Começaremos por negociações diretas e discutiremos sobre o órgão de governo de transição", declarou o porta-voz do HCN Salem Meslet à imprensa.
Nas três rodadas anteriores, de fevereiro, março e abril de 2016, ambas as partes não se sentaram em torno da mesma mesa.
De Mistura espera poder reuni-los desta vez.
"Quero falar primeiro com as delegações amanhã pela manhã (quinta-feira) nos encontros bilaterais", antecipou o enviado especial na conversa com a imprensa em Genebra.
O embaixador da Síria nas Nações Unidas, Bashar al-Jaafari, lidera a delegação governamental, enquanto o cardiologista Nasr al-Hariri e o advogado Mohamed Sabra representam o HCN.
A situação na Síria mudou em relação à última vez em que as duas delegações se encontraram. Apoiado por seus aliados Moscou e Teerã, Damasco retomou Aleppo, reduto da insurreição no norte do país. Agora, a oposição controla apenas 13% do território, segundo diferentes estimativas.
Durante um longo tempo apoio da oposição, a Turquia se aproximou de Moscou, enquanto os Estados Unidos - outro suporte da rebelião - vêm emitindo declarações ambíguas desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca.
Transição políticaApesar de comparecer enfraquecida, a oposição mantém, no entanto, suas exigências sobre uma suspensão efetiva das hostilidades e sobre uma "transição política" que implique a saída do presidente Bashar al-Assad.
"Os obstáculos são claros, especialmente no fato de que não há qualquer consolidação do cessar-fogo", declarou Yahya Aridi, um dos assessores do HCN.
No fim de dezembro, Rússia, Turquia e Irã conseguiram impor uma trégua que, apesar das reiteradas violações do cessar-fogo, permitiu reduzir a intensidade dos combates na Síria.
Há vários dias, porém, as forças governamentais bombardeiam as posições rebeldes perto de Damasco e na província de Homs, no centro do país.
Cerca de 130 pessoas morreram nos combates travados nesses últimos dias, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). A oposição denuncia uma "mensagem sangrenta" destinada a sabotar as negociações.
A saída de Al-Assad do poder continua sendo o principal obstáculo para o acordo entre os dois grupos. O regime está disposto a aceitar eleições quando a paz voltar, mas descarta a retirada do chefe de Estado, cuja permanência à frente do governo está fora de discussão.
Para o governo, "é Assad, ou ninguém", insiste Aridi, acrescentando que "essa regra de 'tudo ou nada' impede qualquer vislumbre de solução pacífica".
Paralelamente, a oposição não sabe o que esperar da nova administração americana.
"A posição do presidente (Donald) Trump sobre a Síria e sobre o Oriente Médio ainda não é muito clara", lamentou o porta-voz do HCN, Ahmed Ramadan.
Trump disse que derrotar o EI é a prioridade máxima de Washington e que os Estados Unidos se centrarão nos próprios interesses. Em um sinal de que ainda apoia a oposição, porém, o enviado americano, Michael Ratney, reuniu-se nesta quarta-feira com os conselheiros do HCN. Uma fonte diplomática americana reiterou que os "Estados Unidos seguem comprometidos com a busca de uma solução política para o conflito na Síria".
Ramadan quer acreditar que ainda é possível que o chefe de Estado sírio saia antes da realização de eleições patrocinadas pela ONU.
"Inclusive os russos nos garantiram nas últimas negociações que não estão preocupados com o futuro de Bashar al-Assad, mas com o da Síria e o do futuro Estado sírio", ressaltou.
rh-gca/apo/mr/aoc/mb/jz/cb/tt
"Hoje, a Rússia anunciou que pediu formalmente ao governo sírio que deixe seu céu em silêncio durante as discussões", disse De Mistura, em coletiva de imprensa um dia antes do início da mesa de diálogo.
"Espero um avanço? Não, não espero um avanço imediato, mas o início de uma série de discussões que conduzam a uma solução para o conflito sírio", acrescentou.
Já presente em Genebra, o Alto Comitê de Negociações (HCN, em inglês), que reúne os principais grupos de oposição, pediu "negociações diretas".
"Começaremos por negociações diretas e discutiremos sobre o órgão de governo de transição", declarou o porta-voz do HCN Salem Meslet à imprensa.
Nas três rodadas anteriores, de fevereiro, março e abril de 2016, ambas as partes não se sentaram em torno da mesma mesa.
De Mistura espera poder reuni-los desta vez.
"Quero falar primeiro com as delegações amanhã pela manhã (quinta-feira) nos encontros bilaterais", antecipou o enviado especial na conversa com a imprensa em Genebra.
O embaixador da Síria nas Nações Unidas, Bashar al-Jaafari, lidera a delegação governamental, enquanto o cardiologista Nasr al-Hariri e o advogado Mohamed Sabra representam o HCN.
A situação na Síria mudou em relação à última vez em que as duas delegações se encontraram. Apoiado por seus aliados Moscou e Teerã, Damasco retomou Aleppo, reduto da insurreição no norte do país. Agora, a oposição controla apenas 13% do território, segundo diferentes estimativas.
Durante um longo tempo apoio da oposição, a Turquia se aproximou de Moscou, enquanto os Estados Unidos - outro suporte da rebelião - vêm emitindo declarações ambíguas desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca.
Transição políticaApesar de comparecer enfraquecida, a oposição mantém, no entanto, suas exigências sobre uma suspensão efetiva das hostilidades e sobre uma "transição política" que implique a saída do presidente Bashar al-Assad.
"Os obstáculos são claros, especialmente no fato de que não há qualquer consolidação do cessar-fogo", declarou Yahya Aridi, um dos assessores do HCN.
No fim de dezembro, Rússia, Turquia e Irã conseguiram impor uma trégua que, apesar das reiteradas violações do cessar-fogo, permitiu reduzir a intensidade dos combates na Síria.
Há vários dias, porém, as forças governamentais bombardeiam as posições rebeldes perto de Damasco e na província de Homs, no centro do país.
Cerca de 130 pessoas morreram nos combates travados nesses últimos dias, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). A oposição denuncia uma "mensagem sangrenta" destinada a sabotar as negociações.
A saída de Al-Assad do poder continua sendo o principal obstáculo para o acordo entre os dois grupos. O regime está disposto a aceitar eleições quando a paz voltar, mas descarta a retirada do chefe de Estado, cuja permanência à frente do governo está fora de discussão.
Para o governo, "é Assad, ou ninguém", insiste Aridi, acrescentando que "essa regra de 'tudo ou nada' impede qualquer vislumbre de solução pacífica".
Paralelamente, a oposição não sabe o que esperar da nova administração americana.
"A posição do presidente (Donald) Trump sobre a Síria e sobre o Oriente Médio ainda não é muito clara", lamentou o porta-voz do HCN, Ahmed Ramadan.
Trump disse que derrotar o EI é a prioridade máxima de Washington e que os Estados Unidos se centrarão nos próprios interesses. Em um sinal de que ainda apoia a oposição, porém, o enviado americano, Michael Ratney, reuniu-se nesta quarta-feira com os conselheiros do HCN. Uma fonte diplomática americana reiterou que os "Estados Unidos seguem comprometidos com a busca de uma solução política para o conflito na Síria".
Ramadan quer acreditar que ainda é possível que o chefe de Estado sírio saia antes da realização de eleições patrocinadas pela ONU.
"Inclusive os russos nos garantiram nas últimas negociações que não estão preocupados com o futuro de Bashar al-Assad, mas com o da Síria e o do futuro Estado sírio", ressaltou.
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