Artista chinês Ai Weiwei diz que 'qualquer um pode ser um refugiado'
Berlim, 23 Fev 2017 (AFP) - O artista chinês dissidente Ai Weiwei, que está concluindo um documentário sobre a crise migratória, afirmou que "qualquer um pode ser um refugiado", em uma entrevista à AFP, na qual também se mostrou muito crítico ao estado do mundo e a respeito de Donald Trump.
"O que chamamos de crise dos refugiados é na realidade uma crise humanitária (...) Qualquer um pode ser um refugiado. Poderia ser eu ou você", disse o artista em seu estúdio no bairro Prenzlauer Berg, em Berlim.
Durante um ano, Weiwei e sua equipe visitaram 22 países, de Bangladesh ao Quênia, passando pela Faixa de Gaza, a fronteira entre México e Estados Unidos e os campos de refugiados da Grécia, para rodar "Human Flow" ("Fluxo humano"), um documentário sobre a crise migratória que deve estrear em alguns meses.
"As pessoas que têm a sorte de viver em paz devem entender melhor o problema", afirmou o artista multifacetado - pintor, escultor e artista plástico -, conhecido em todo o mundo por suas críticas ao governo chinês e por seus problemas com o regime comunista.
"A paz sempre é temporária. Ninguém pode ter certeza de viver sempre em paz", disse o ativista, que em 2011 ficou detido por 81 dias na China e teve o passaporte confiscado por quatro anos. Ele só recebeu o documento de volta em julho de 2015 e depois viajou para a Alemanha, onde vive desde então.
"Se você olha para o estado do mundo hoje, a guerra pode explodir em qualquer lugar e a qualquer momento", afirma.
- Críticas à política americana -Ai Weiwei também é um crítico ferrenho do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de algumas de suas medidas, como a tentativa de impedir a entrada no país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana ou o projeto de construir um muro na fronteira com o México.
A política americana é "muito triste, muito preocupante" e representa uma "volta atrás em muitos aspectos", lamentou, ao mesmo tempo que denunciou a tentativa de Trump de estigmatizar alguns "grupos de pessoas ao chamá-las de terroristas ou narcotraficantes".
"Durante as filmagens fui duas vezes à fronteira entre México e Estados Unidos e atravessei o local onde Trump quer construir o muro. Conversei com os migrantes, falei com as pessoas do lado mexicano, para tentar entender quem são, por quê desejam ir para o outro lado", disse.
Ai Weiwei acredita que "os dois lados precisam de se entender, não são apenas os mexicanos que precisam dos Estados Unidos", explica, consciente de que sua história pessoal o levou a ter interesse pela questão migratória.
"Quando era jovem, meu pai (o poeta Ai Qing) estava no exílio", depois de cair em desgraça durante a época de Mao Tsé-Tung, o fundador da China comunista.
"Tivemos que seguir para uma região muito afastada e cresci em uma espécie de campo militar", recordou.
"Por isso eu sou muito sensível às pessoas obrigadas, de uma maneira ou outra (...) a buscar voluntariamente ou involuntariamente novos lugares para viver", explicou Ai Weiwei, que recentemente dedicou várias exposições aos refugiados em Berlim, Florença ou Amsterdã.
Ele não hesita em comparar sua vida a dos refugiados. "Estava na China, mas agora fui quase obrigado a abandoná-la", recordou, enquanto alguns de seus amigos ativistas continuam "detidos em sigilo" no país.
"Fui colocado na mesma situação e é possível que volte a acontecer, esta é a realidade", disse.
fz-dsa/fp
"O que chamamos de crise dos refugiados é na realidade uma crise humanitária (...) Qualquer um pode ser um refugiado. Poderia ser eu ou você", disse o artista em seu estúdio no bairro Prenzlauer Berg, em Berlim.
Durante um ano, Weiwei e sua equipe visitaram 22 países, de Bangladesh ao Quênia, passando pela Faixa de Gaza, a fronteira entre México e Estados Unidos e os campos de refugiados da Grécia, para rodar "Human Flow" ("Fluxo humano"), um documentário sobre a crise migratória que deve estrear em alguns meses.
"As pessoas que têm a sorte de viver em paz devem entender melhor o problema", afirmou o artista multifacetado - pintor, escultor e artista plástico -, conhecido em todo o mundo por suas críticas ao governo chinês e por seus problemas com o regime comunista.
"A paz sempre é temporária. Ninguém pode ter certeza de viver sempre em paz", disse o ativista, que em 2011 ficou detido por 81 dias na China e teve o passaporte confiscado por quatro anos. Ele só recebeu o documento de volta em julho de 2015 e depois viajou para a Alemanha, onde vive desde então.
"Se você olha para o estado do mundo hoje, a guerra pode explodir em qualquer lugar e a qualquer momento", afirma.
- Críticas à política americana -Ai Weiwei também é um crítico ferrenho do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de algumas de suas medidas, como a tentativa de impedir a entrada no país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana ou o projeto de construir um muro na fronteira com o México.
A política americana é "muito triste, muito preocupante" e representa uma "volta atrás em muitos aspectos", lamentou, ao mesmo tempo que denunciou a tentativa de Trump de estigmatizar alguns "grupos de pessoas ao chamá-las de terroristas ou narcotraficantes".
"Durante as filmagens fui duas vezes à fronteira entre México e Estados Unidos e atravessei o local onde Trump quer construir o muro. Conversei com os migrantes, falei com as pessoas do lado mexicano, para tentar entender quem são, por quê desejam ir para o outro lado", disse.
Ai Weiwei acredita que "os dois lados precisam de se entender, não são apenas os mexicanos que precisam dos Estados Unidos", explica, consciente de que sua história pessoal o levou a ter interesse pela questão migratória.
"Quando era jovem, meu pai (o poeta Ai Qing) estava no exílio", depois de cair em desgraça durante a época de Mao Tsé-Tung, o fundador da China comunista.
"Tivemos que seguir para uma região muito afastada e cresci em uma espécie de campo militar", recordou.
"Por isso eu sou muito sensível às pessoas obrigadas, de uma maneira ou outra (...) a buscar voluntariamente ou involuntariamente novos lugares para viver", explicou Ai Weiwei, que recentemente dedicou várias exposições aos refugiados em Berlim, Florença ou Amsterdã.
Ele não hesita em comparar sua vida a dos refugiados. "Estava na China, mas agora fui quase obrigado a abandoná-la", recordou, enquanto alguns de seus amigos ativistas continuam "detidos em sigilo" no país.
"Fui colocado na mesma situação e é possível que volte a acontecer, esta é a realidade", disse.
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