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Rebeldes demonstram força no Iêmen dois anos após intervenção árabe

26/03/2017 10h12

Sanaa, Iêmen, 26 Mar 2017 (AFP) - Dois anos depois da intervenção de uma coalizão militar árabe no Iêmen, os rebeldes huthis organizaram uma grande manifestação neste domingo em Sanaa e afirmam que pretendem resistir até o fim, em um momento de estagnação nos esforços de paz.

Os rebeldes xiitas huthis, que controlam a capital Sanaa e seus aliados, partidários do ex-presidente Ali Abdallah Saleh, demonstraram sua força com uma gigantesca manifestação, que teve como lema "Resistência à agressão".

Centenas de milhares de iemenitas compareceram à Praça Sabine, no centro de Sana, e gritaram frases hostis à Arábia Saudita, que lidera a coalizão árabe, e com a promessa de "resistir até o fim".

Simbolicamente, no sábado um tribunal rebelde condenou à morte o presidente iemenita Abd Rabbo Mansur Hadi por "alta traição".

Hadi, que passa a maior parte do tempo em Riad, foi considerado culpado de ter "usurpado o título de presidente depois do final de seu mandato", de ter "estimulado a agressão dirigida pela Arábia Saudita" e de ter "atentado contra a independência e a integridade territorial da República iemenita", escreveu a agência de notícias Saba, vinculada aos rebeldes.

Outros seis funcionários do governo Hadi foram condenados à mesma pena, indicou a agência Saba.

Em um discurso no sábado, o ex-presidente Saleh afirmou que os "iemenitas livres continuarão escolhendo a opção da resistência enquanto a coalizão, liderada pela Arábia Saudita continuar com a agressão a seu país e privilegiar a opção da guerra".

"Enquanto a agressão continuar, vamos prosseguir com a resistência", insistiu o líder rebelde Abdel Malek al-Huthi.

Ele disse que "o inimigo viveu a ilusão da vitória em uma semana ou um mês".

Do lado governamental, um editorial de uma agência de notícias pró-Hadi afirma que "a ascensão das milícias huthis escondia um plano iraniano", dirigido não apenas contra o Iêmen, mas também contra os países do Golfo.

O conflito no Iêmen começou após a insurreição contra Saleh em meio à Primavera Árabe em 2011.

Os huthis, que se consideram marginalizados, fruto da importante minoria zaidita (quase um terço da população), concentrados no norte, executaram um ofensiva em 2014 e conquistaram a capital Sanaa, entre outras regiões.

Em 26 de março de 2015, a Arábia Saudita e seus aliados iniciaram uma campanha de bombardeios aéreos contra os rebeldes. A intervenção permitiu que as forças pró-Hadi recuperassem cinco províncias do sul, mas o norte e Sanaa permanecem sob control dos huthis e seus aliados.

Dois anos depois da intervenção árabe, mais de 7.700 pessoas, em sua maioria civis, morreram e 40.000 ficaram feridas na guerra do Iêmen. O país sofre a pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU, que alerta sobretudo para o risco de fome.

jj-pho-mh/fp