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Trump sinaliza com reforma fiscal após fracasso de reforma do Obamacare

28/03/2017 16h54

Washington, 28 Mar 2017 (AFP) - Após o naufrágio de sua reforma da assistência médica, o governo dos Estados Unidos espera navegar por águas mais calmas e sancionar uma reforma fiscal que não deve gerar maiores transtornos em seu Partido Republicano.

"O seguro de saúde é um problema, mas é muito complicado. De certa forma, a fiscal é muito mais simples", disse o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.

Já o vice-presidente Mike Pence disse que os detalhes da reforma serão entregues em breve aos legisladores.

Dias antes de sua derrota de sexta-feira no Congresso, o próprio presidente Donald Trump prometeu um trâmite mais simples dessa reforma fiscal que, segundo ele, terá "a maior redução de impostos desde Ronald Reagan".

Entretanto, reestruturar o código tributário pela primeira vez desde 1986, foi um desafio para presidentes republicanos e democratas. Ninguém conseguiu ultrapassar os obstáculos dessa reforma nem conseguir apoio no Congresso.

A derrota da reforma do sistema de saúde, conhecido como Obamacare "faz os mercados duvidarem da viabilidade do ambicioso plano de impulso orçamentário do presidente Trump", disse Christopher Vecchio, especialista do site de análises DailyFX.

A economia que, segundo o governo, seria feita com a eliminação Obamacare compensaria uma parte do que o fisco deixará de arrecadar com uma redução de impostos.

Líderes republicanos dizem que a reforma fiscal deverá ter um efeito "neutro"; ou seja, que não deverá ampliar p déficit federal.

O fracasso da reforma de saúde "torna a reforma tributária mais difícil, mas não impossível", disse Paul Ryan, presidente da Câmara de Representantes.

- Taxas de importação -A administração Trump busca baixar impostos sobre os lucros das companhias como forma de estimular a economia e de incentivar as multinacionais a criarem empregos nos Estados Unidos.

Na campanha eleitoral, Trump prometeu cortar entre 35% e 15% dos impostos às empresas. O secretário do Tesouro não quis confirmar o percentual que está sendo considerado. Disse apenas que será "um imposto muito mais baixo" que o de 35%.

Para compensar a menor arrecadação, há um projeto apoiado por Paul Ryan de taxar o comércio.

Essa medida, que pretende arrecadar cerca de 1 trilhão de dólares, estabeleceria uma tarifa de 20% sobre algumas importações. Essa seria uma forma de reduzir o crônico déficit comercial dos Estados Unidos e, quem sabe, estimular as empresas americanas a repatriar filiais que mantêm em outros países.

Essa medida, no entanto, é questionada especialmente pelos gigantes da distribuição comercial e por legisladores republicanos. Há quem acredite que um aumento dos preços prejudicará os consumidores. O Partido Republicano tem sido historicamente um defensor do livre-comércio.

Quanto ao imposto de renda, a prioridade é reduzir a quantia paga pela classe média e limitar a três (10%, 20% e 25%) as atuais sete faixas de tributação.

O secretário do Tesouro, que até agora garantia que não haveria cortes de impostos para os mais ricos, pareceu menos decidido a isso durante uma entrevista na sexta-feira ao site Axios.

"Não me sigam ao pé da letra, mas essa é a direção que tomaremos", disse.

O senador Chuck Schumer, líder dos Democratas na Câmara, disse que os cortes regressivos de impostos são inadmissíveis.

Se a redução de impostos "favorece a classe média e os pobres, poderíamos trabalhar nisso", disse Schumer. "Mas não acho que vão nessa direção", ressaltou.

Um dos argumentos do plano fiscal de Trump se baseia no controverso princípio de que os cortes impostos são compensados porque estimulam o consumo e o crescimento.

O governo Trump espera que os Estados Unidos cresçam 3%, e até 3,5%, no ano que vem, superando o tímido crescimento de 2% registrado desde 2010.