Venezuela anuncia saída da OEA, em dia de protestos e sob pressão crescente
Caracas, 27 Abr 2017 (AFP) - A Venezuela anunciou nesta quarta-feira sua saída da Organização dos Estados Americanos (OEA), após o Conselho Permanente da instituição convocar uma reunião de chanceleres para avaliar a grave crise política que sacode o país.
"No dia de amanhã (quinta-feira) apresentaremos a carta de renúncia à OEA e iniciaremos um procedimento que tarda 24 meses", anunciou a chanceler venezuelana Delcy Rodríguez, em mensagem na TV estatal.
A pedido do governo venezuelano, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) convocou uma reunião extraordinária para o dia 2 de maio.
Maduro enfrenta há um mês uma onda de protestos que exigem eleições-gerais e que provocaram violentos confrontos entre as forças de segurança e manifestantes, que já deixaram 28 mortos e centenas de feridos e detidos.
"É a pior decisão que o governo pode tomar e confirma que é um governo derrotado", reagiu o presidente do Parlamento de maioria opositora, Julio Borges, ao reagir ao anúncio sobre a OEA.
Maduro, a quem o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, tacha de ditador, assegura que a "direita venezuelana" faz "terrorismo" para provocar o caos, como parte de um plano com os Estados Unidos para derrubá-lo e propiciar uma intervenção estrangeira.
Na noite desta quarta-feira, Maduro tuitou para pedir uma "união cívico-militar do povo nesta batalha pela independência e a paz de nossa Pátria... #PorDignidadNosVamosDeLaOEA".
A oposição anunciou que manterá os protestos nas ruas, com uma sessão especial no Parlamento e uma visita aos presídios dos "presos políticos" para pedir sua libertação.
Borges informou que a sessão especial será celebrada em um complexo esportivo do leste de Caracas para aprovar um manifesto pelo resgate da democracia, depois que o protesto desta quarta-feira foi reprimido com bombas de gás, tiros de balas de borracha e jatos d'água, resultando na morte de mais um jovem.
"À força da repressão [do presidente] Nicolás Maduro não vai frear o povo venezuelano. A decisão que o povo venezuelano tomou é a de ser um povo livre", disse, em coletiva de imprensa, anunciando que após o ato, será feita uma caminhada até o local na capital onde o jovem de 20 anos morreu atingido pelo impacto de uma bomba de gás no peito.
Chuva de gás lacrimogêneoA tropa de choque usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar uma mobilização de milhares de opositores contra Maduro. O jovem de 20 anos morreu em um protesto em Altamira, leste da cidade, segundo os primeiros informes.
A Guarda Nacional e a polícia reprimiram, com uma chuva de bombas de gás, balas de borracha e jatos d'água, protestos na autoestrada Francisco Fajardo e outros pontos do leste da capital, impedindo que a marcha avançasse até a Defensoria do Povo, no centro, considerado reduto dos chavistas.
No conflito em Altamira, motociclistas atiraram contra membros da Guarda Nacional e feriram dois militares, segundo o ministro do Interior e Justiça, general Néstor Reverol.
"Grupos de motociclistas contratados pela direita terrorista atiraram em Altamira", afirmou Reverol, acrescentando que os membros da Guarda Nacional atuavam para liberar a autoestrada Francisco Fajardo.
No oeste de Caracas, em Santa Mônica, os gases das bombas chegaram a afetar as crianças que estavam em uma escola, provocando sua evacuação.
Em San Cristóbal (Táchira, na fronteira com a Colômbia) e em outras cidades, as forças de segurança também repeliram os manifestantes da mesma maneira.
"Quero morrer na Venezuela livre da ditadura. Estou há quase um mês protestando e vou continuar até que saiamos disto", declarou à AFP Elizabeth Freitas, de 77 anos, levando uma garrafa com bicarbonato para amenizar o efeito dos gases.
Sem recuar, os seguidores do chavismo marcharam pelo centro da capital e se concentraram nos arredores do Palácio presidencial de Miraflores, onde esperam por Maduro.
"Estamos mobilizados pela revolução, por nosso presidente. Pedimos à oposição que saia deste caminho violento", declarou o jovem Freddy Gutiérrez, vestido com as cores da bandeira venezuelana.
Onde está a saída?Os protestos começaram depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) assumiu, no fim de março, as funções do Legislativo, único dos poderes controlado pela oposição, embora tenha voltado atrás após forte reação internacional.
Para acalmar os ânimos, Maduro, que tem mandato até janeiro de 2019, diz querer eleições, mas se refere às regionais, que em 2016 foram adiadas ainda sem data prevista, descartando uma antecipação, como querem seus críticos, das presidenciais de dezembro de 2018.
"Queremos votar em eleições livres e democráticas", disse o líder opositor Henrique Capriles, atingido pelas bombas de gás.
"As eleições regionais são impostergáveis, mas isso não basta para aliviar a tensão. Deve-se recompor o tecido constitucional para solucionar esta crise", disse à AFP o ex-diretor do poder eleitoral Vicente Díaz.
"Há uma pressão muito grande da comunidade internacional para uma negociação política da oposição com o governo, [mas] não creio que sejam possíveis eleições gerais", opinou o analista Carlos Raúl Hernández.
A oposição chama Maduro de ditador e avalia que sua saída do poder é a única solução para a profunda crise política e econômica do país que tem as maiores reservas de petróleo do mundo.
Mais de 70% dos venezuelanos, segundo pesquisas privadas, reprovam a gestão de Maduro, cansados da escassez de alimentos e remédios, e de uma inflação que segundo o FMI chegará a 720,5% neste ano, a mais alta do mundo.
"No dia de amanhã (quinta-feira) apresentaremos a carta de renúncia à OEA e iniciaremos um procedimento que tarda 24 meses", anunciou a chanceler venezuelana Delcy Rodríguez, em mensagem na TV estatal.
A pedido do governo venezuelano, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) convocou uma reunião extraordinária para o dia 2 de maio.
Maduro enfrenta há um mês uma onda de protestos que exigem eleições-gerais e que provocaram violentos confrontos entre as forças de segurança e manifestantes, que já deixaram 28 mortos e centenas de feridos e detidos.
"É a pior decisão que o governo pode tomar e confirma que é um governo derrotado", reagiu o presidente do Parlamento de maioria opositora, Julio Borges, ao reagir ao anúncio sobre a OEA.
Maduro, a quem o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, tacha de ditador, assegura que a "direita venezuelana" faz "terrorismo" para provocar o caos, como parte de um plano com os Estados Unidos para derrubá-lo e propiciar uma intervenção estrangeira.
Na noite desta quarta-feira, Maduro tuitou para pedir uma "união cívico-militar do povo nesta batalha pela independência e a paz de nossa Pátria... #PorDignidadNosVamosDeLaOEA".
A oposição anunciou que manterá os protestos nas ruas, com uma sessão especial no Parlamento e uma visita aos presídios dos "presos políticos" para pedir sua libertação.
Borges informou que a sessão especial será celebrada em um complexo esportivo do leste de Caracas para aprovar um manifesto pelo resgate da democracia, depois que o protesto desta quarta-feira foi reprimido com bombas de gás, tiros de balas de borracha e jatos d'água, resultando na morte de mais um jovem.
"À força da repressão [do presidente] Nicolás Maduro não vai frear o povo venezuelano. A decisão que o povo venezuelano tomou é a de ser um povo livre", disse, em coletiva de imprensa, anunciando que após o ato, será feita uma caminhada até o local na capital onde o jovem de 20 anos morreu atingido pelo impacto de uma bomba de gás no peito.
Chuva de gás lacrimogêneoA tropa de choque usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar uma mobilização de milhares de opositores contra Maduro. O jovem de 20 anos morreu em um protesto em Altamira, leste da cidade, segundo os primeiros informes.
A Guarda Nacional e a polícia reprimiram, com uma chuva de bombas de gás, balas de borracha e jatos d'água, protestos na autoestrada Francisco Fajardo e outros pontos do leste da capital, impedindo que a marcha avançasse até a Defensoria do Povo, no centro, considerado reduto dos chavistas.
No conflito em Altamira, motociclistas atiraram contra membros da Guarda Nacional e feriram dois militares, segundo o ministro do Interior e Justiça, general Néstor Reverol.
"Grupos de motociclistas contratados pela direita terrorista atiraram em Altamira", afirmou Reverol, acrescentando que os membros da Guarda Nacional atuavam para liberar a autoestrada Francisco Fajardo.
No oeste de Caracas, em Santa Mônica, os gases das bombas chegaram a afetar as crianças que estavam em uma escola, provocando sua evacuação.
Em San Cristóbal (Táchira, na fronteira com a Colômbia) e em outras cidades, as forças de segurança também repeliram os manifestantes da mesma maneira.
"Quero morrer na Venezuela livre da ditadura. Estou há quase um mês protestando e vou continuar até que saiamos disto", declarou à AFP Elizabeth Freitas, de 77 anos, levando uma garrafa com bicarbonato para amenizar o efeito dos gases.
Sem recuar, os seguidores do chavismo marcharam pelo centro da capital e se concentraram nos arredores do Palácio presidencial de Miraflores, onde esperam por Maduro.
"Estamos mobilizados pela revolução, por nosso presidente. Pedimos à oposição que saia deste caminho violento", declarou o jovem Freddy Gutiérrez, vestido com as cores da bandeira venezuelana.
Onde está a saída?Os protestos começaram depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) assumiu, no fim de março, as funções do Legislativo, único dos poderes controlado pela oposição, embora tenha voltado atrás após forte reação internacional.
Para acalmar os ânimos, Maduro, que tem mandato até janeiro de 2019, diz querer eleições, mas se refere às regionais, que em 2016 foram adiadas ainda sem data prevista, descartando uma antecipação, como querem seus críticos, das presidenciais de dezembro de 2018.
"Queremos votar em eleições livres e democráticas", disse o líder opositor Henrique Capriles, atingido pelas bombas de gás.
"As eleições regionais são impostergáveis, mas isso não basta para aliviar a tensão. Deve-se recompor o tecido constitucional para solucionar esta crise", disse à AFP o ex-diretor do poder eleitoral Vicente Díaz.
"Há uma pressão muito grande da comunidade internacional para uma negociação política da oposição com o governo, [mas] não creio que sejam possíveis eleições gerais", opinou o analista Carlos Raúl Hernández.
A oposição chama Maduro de ditador e avalia que sua saída do poder é a única solução para a profunda crise política e econômica do país que tem as maiores reservas de petróleo do mundo.
Mais de 70% dos venezuelanos, segundo pesquisas privadas, reprovam a gestão de Maduro, cansados da escassez de alimentos e remédios, e de uma inflação que segundo o FMI chegará a 720,5% neste ano, a mais alta do mundo.
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