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Ataque do Estado Islâmico mata 46 em campo de refugiados na Síria

2.mai.2017 - Jovem ferido recebe atendimento em hospital na cidade de Hassakeh, na Síria - Delil Souleiman/AFP
2.mai.2017 - Jovem ferido recebe atendimento em hospital na cidade de Hassakeh, na Síria Imagem: Delil Souleiman/AFP

Em Beirute

02/05/2017 20h17

Ao menos 46 civis e combatentes morreram nesta terça-feira (2) em ataques suicidas do grupo extremista Estado Islâmico (EI) contra um campo de refugiados e deslocados no noroeste da Síria, em meio ao avanço das forças anti-jihadistas em direção a Raqa.

"Pelo menos cinco homens-bomba do EI se explodiram nas proximidades e dentro de um campo de refugiados iraquianos e sírios deslocados na província de Hassake", informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Segundo a ONG, ao menos 46 pessoas, incluindo 31 civis, morreram e dezenas ficaram feridas no ataque contra o campo, que abriga cerca de 300 famílias, iraquianas e sírias.

Após o ataque, intensos combates foram travados com as Forças Democráticas da Síria (FDS), que já conseguiram expulsar os jihadistas do EI de 90% da cidade de Tabqa, posição-chave rumo a Raqa, considerada a capital do Estado Islâmico na Síria.

Segundo o OSDH, "alguns suicidas conseguiram entrar no campo" de refugiados na região de Rajem al-Salibi, localizado nas proximidades da fronteira com o Iraque.

As FDS, uma aliança de milícias árabes e curdas apoiadas pelos Estados Unidos, são uma das principais forças que lutam contra a organização ultrarradical sunita na Síria.

EI perde controle

Civis, tanto da Síria como do Iraque, estão instalados precariamente neste campo de refugiados em uma área desértica, onde esperam conseguir proteção e uma passagem segura para a zona curda.

O EI chegou a controlar grandes regiões da província de Hassake, mas perdeu gradualmente terreno. A área é quase inteiramente controlada neste momento pelas milícias curdas.

Os combatentes árabes e curdos das FDS tentavam nesta terça-feira limpar os últimos bolsões de resistência jihadista no norte de Tabqa, segundo o OSDH. Restam apenas entre 300 e 400 jihadistas defendendo a cidade situada 55 km a sudoeste de Raqa, capital da província do mesmo nome.

Os jihadistas do EI continuam tendo amplo poder na província vizinha de Deir Ezzor, de onde chegam muitos refugiados diariamente.

O governo sírio mantém uma pequena presença nesta província, em particular em sua capital.

Nesta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, discutiram a possibilidade de se criar zonas de segurança na Síria, durante uma conversa por telefone.

"Foi uma conversa excelente, e incluiu a discussão de zonas de segurança para se alcançar uma paz duradoura por razões humanitárias, entre outras", na Síria, informou a Casa Branca.

O Kremlin confirmou que os dois líderes concordaram na conveniência de intensificar o diálogo entre suas respectivas chancelarias para tratar de uma saída para a crise síria.

O conflito sírio já causou mais de 320.000 mortes desde seu início em 2011, e a presença estrangeira é decisiva no curso da guerra.

Um dos países mais envolvidos, o Irã, anunciou que continuará a enviar tropas para apoiar o governo do presidente Bashar al-Assad na luta contra os rebeldes e grupos jihadistas.

"Vamos enviar conselheiros para todos os setores e iremos fornecer toda a assistência possível para a frente de resistência", afirmou nesta terça-feira o general Mohamad Pakpour, comandante das forças terrestres do CGRI, Exército de elite do Irã.