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ONU aprova missão na Colômbia em apoio ao retorno das Farc à vida civil

10/07/2017 20h22

Nações Unidas, Estados Unidos, 10 Jul 2017 (AFP) - O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade, nesta segunda-feira, uma nova missão na Colômbia para ajudar a ex-guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em seu desafio de se reintegrar à sociedade após mais de meio século de conflito armado.

A missão política terá um período inicial de um ano e começará em 26 de setembro, quando acaba a primeira missão da ONU encarregada de verificar a deposição das armas dos ex-guerrilheiros na Colômbia.

Nesta nova etapa os principais desafios são a integração bem-sucedida de 10.000 ex-combatentes à vida política e a aplicação de um sistema judiciário especial que inclui milhares de anistias, um polêmico assunto que tem demorado e que as Farc consideram fundamental para alcançar a paz.

"Comemoro a aprovação da resolução que cria a segunda missão da ONU que continuará nos acompanhando no caminho para a paz", tuitou o presidente colombiano, Juan Manuel Santos.

- Milhares de anistias -A chanceler colombiana, María Angela Holguín, esteve presente na sessão do Conselho e depois se reuniu em particular com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em sua residência oficial.

"Esperamos que a reintegração se inicie nos primeiros dias de agosto, assim que o todo o processo de anistia chegue ao fim", declarou a chanceler a jornalistas.

Guterres se mostrou "muito otimista" e deu "um apoio muito forte ao processo", disse Holguín em uma breve coletiva após a reunião.

A chanceler também informou que Santos assinou um novo decreto que anistia 3.200 combatentes que estão nas 26 zonas de concentração das Farc, que irão se juntar aos cerca de 7.000 anistiados.

A este número se unem as anistias previstas para os mais de 3.000 ex-combatentes nas prisões, das quais foram completadas 1.400 e ainda restam 1.700, segundo Holguín.

O chefe da ONU deve apresentar em 45 dias ao Conselho as suas recomendações sobre a nova missão, com precisões sobre o seu tamanho e mandato.

Esta segunda missão ficará encarregada, sobretudo, de verificar dois pontos do acordo de paz: a transformação das Farc em grupo político, a reinserção econômica e social dos ex-guerrilheiros e as comunidades onde vivem; e a criação de uma unidade especializada integrada por ex-membros das Farc e forças de ordem para dar segurança às zonas onde os ex-combatentes viverão.

O embaixador francês, François Delattre, disse que seu país outorgará à Colômbia um pacote de ajuda e empréstimos no valor de 930 milhões de dólares em apoio ao processo.

A chanceler colombiana também assegurou que Santos não descansará em seu último ano no poder para implementar o acordo, e acredita que os futuros governos darão continuidade a ele.

O desenvolvimento "em todas as regiões do país e em especial no campo é o nosso principal desafio", afirmou Holguín ao Conselho.

Nos territórios rurais antes controlados pelas Farc há um desafio em termos de "infraestrutura, de vias, em termos de projetos produtivos, de educação", explicou. "Faremos todo o esforço e todo o trabalho para que [este espaço] não seja tomado por outros grupos criminosos", se referindo ao perigo de que criminosos comuns ou dissidentes das Farc ocupem o vazio deixado pela guerrilha.