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Donald Trump, um imprevisível americano em Paris

11/07/2017 12h23

Paris, 11 Jul 2017 (AFP) - Um mês e meio após receber o presidente russo, Vladimir Putin, em Versalhes, Emmanuel Macron acolhe Donald Trump na avenida Champs-Elysées para o desfile de 14 de julho, na esperança de forjar uma relação especial com o imprevisível líder americano.

O presidente francês havia convidado seu colega russo à exposição sobre a visita à França do czar Pedro, o Grande, em 1717, enquanto Trump irá ao centenário da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial.

A visita terá uma grande carga política, dadas as difíceis relações de Trump com o restante do mundo. E acontece poucos dias depois de um G20 tenso, onde Washington reafirmou sua determinação de avançar sozinha, especialmente sobre a questão climática.

Esperado na quinta-feira em Paris, Trump se reúne com militares e civis americanos na parte da manhã, antes de ser recebido por Macron. Em seguida, os dois se encontram no Palácio do Eliseu.

Um jantar no famoso restaurante Jules Verne na Torre Eiffel, oferecido por Emmanuel Macron e por sua mulher, Brigitte, ao casal Donald e Melania Trump, encerrará a noite.

No dia seguinte, Trump e Macron vão assistir ao tradicional desfile militar de 14 de julho, na famosa avenida parisiense, onde soldados americanos e franceses desfilarão lado a lado. Cerca de 11.000 policiais e gendarmes serão mobilizados para a ocasião.

A Presidência francesa insiste na importância diplomática desta visita. Trata-se, de acordo com Macron, de não "romper" com os Estados Unidos, não "isolá-lo", assim como de reafirmar os "laços históricos" entre os dois aliados.

Ao convidar Trump, Paris quer "estender a mão" ao presidente americano, insiste o porta-voz do governo, Christophe Castaner.

- 'Política do espetáculo' -Na recente cúpula do G20, o presidente francês tratou seu colega americano de forma amável, contrastando com outros europeus, incluindo a chanceler alemã, Angela Merkel, muito crítica em relação a Trump.

"Não desistirei de convencê-lo", reiterou Macron, que acredita ser possível um retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris sobre o clima.

"A relação é ótima", indicou a comitiva do presidente dos Estados Unidos.

Especialistas e diplomatas alertam, porém, para a imprevisibilidade total de Trump e para as dificuldades de se trabalhar com os Estados Unidos desde que o magnata chegou à Casa Branca.

"Putin em Versalhes, Trump para o 14 de julho: trata-se mais de uma política do espetáculo, emocional, do que de uma verdadeira linha de Política Externa", considera o especialista em Relações Internacionais Bertrand Badie.

"De qualquer modo, os Estados Unidos continuam sendo os Estados Unidos, e nós precisamos deles em muitos temas. Não podemos simplesmente dizer: Trump está lá, vamos esperar que ele vá embora", avalia o diretor do Conselho Europeu de Relações Exteriores, Manuel Lafont Rapnouil.

"Embora seja difícil confiar em alguém tão imprevisível quanto Trump, devemos encontrar soluções para salvar o que deve ser salvo", acrescenta.

Durante o encontro bilateral, Trump e Macron vão discutir questões como a Síria, o Iraque e a luta contra o terrorismo.

Contrariamente à Grã-Bretanha, onde a perspectiva de uma visita de Trump provocou polêmica, sua visita a Paris despertou poucas reações.

O líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon considerou que o presidente americano "não é bem-vindo", enquanto o ecologista Yannick Jadot criticou "um prêmio simbólico indigno" a um presidente americano que "fez da Humanidade e do clima uma queda de braço".