Maduro está envolvido no escândalo da Odebrecht, diz ex-procuradora da Venezuela
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está envolvido no escândalo de corrupção global da empreiteira Odebrecht, denunciou nesta sexta-feira a ex-procuradora Luisa Ortega, segundo um áudio difundido pela Procuradoria mexicana.
"Temos o detalhe de toda a cooperação, montantes e personagens que enriqueceram e essa investigação envolve o senhor Nicolás Maduro e seu entorno", afirmou a ex-procuradora no áudio difundido pela Procuradoria em Puebla, durante a Cúpula de Procuradores e Procuradores-gerais da América Latina.
O escândalo global de corrupção da Odebrecht tem sacudido os círculos de poder da América Latina, levando ex-presidentes, políticos e empresários à prisão dentro e fora do Brasil.
De acordo com as declarações do ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, a Venezuela é o segundo país latino-americano onde se pagou mais subornos (98 milhões de dólares), só atrás do Brasil.
Ortega denunciou também que no dia 5 de agosto, quando foi destituída pela Constituinte, o Ministério Público foi "atacado e tomado militarmente pela força das baionetas".
"Mais de 300 militares da guarda nacional participaram desse desonroso evento", disse.
A ex-procuradora, que está proibida de sair da Venezuela e teve suas contas bancárias congeladas, acrescentou que "há uma perseguição sistemática" contra ela.
"Poderão inventar delitos, poderão continuar prendendo meus familiares e meu entorno, mas jamais renunciarei a algo que jurei, que é defender até o último suspiro a democracia, a liberdade e os direitos humanos na Venezuela", disse.
Ortega não informou de onde falava. Uma fonte do MP mexicano disse que as autoridades do México desconhecem se Ortega está no país.
A Venezuela vive uma crise política e econômica que foi acentuada com a instalação da Assembleia Constituinte proposta por Maduro, o que gerou protestas deixaram 125 mortos desde o início de abril.
Ao ler as conclusões do evento, o procurador-geral do México, Raúl Cervantes, disse que "condenamos energicamente a ilegal e arbitrária destituição e perseguição da procuradora-geral da república bolivariana da Venezuela".
No evento participaram procuradores e representantes de Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Panamá, Paraguai e Estados Unidos.
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