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Braço direito de Marine Le Pen abandona Frente Nacional

21/09/2017 08h42

Paris, 21 Set 2017 (AFP) - Florian Philippot, alto dirigente do partido francês de extrema-direita Frente Nacional e considerado o principal colaborador de sua líder Marine Le Pen, anunciou nesta quinta-feira (21) sua saída da FN, o que evidencia a tensão interna após a derrota na eleição presidencial de maio.

Philippot havia sido rebaixado na quarta-feira a vice-presidente sem atribuições, depois que se recusou a abandonar a Presidência de uma associação denominada "Os Patriotas".

Marine intimou Philippot a renunciar à liderança dessa organização, alegando que sua dupla responsabilidade gerava um "conflito de interesses".

"Não gosto do ridículo. Não gosto de não fazer nada. Então, é claro que deixo a Frente Nacional", justificou nesta quinta-feira.

"Meu compromisso político permanece intacto (...) Continuarei lutando", completou.

Philippot disse ainda que o partido "experimenta um terrível retrocesso".

"A FN está presa a seus velhos demônios", apontou.

"Vi que as coisas estavam evoluindo negativamente nas últimas semanas, que, talvez, não tivesse um lugar no projeto (para uma renovação do partido) e, portanto, precisavam de uma desculpa para me tirar do partido", alfinetou, referindo-se ao imbróglio sobre "Os Patriotas".

Philippot, de 35 anos, tornou-se em 2011 o diretor estratégico da campanha presidencial de Marine Le Pen e, desde então, era a figura mais midiática da FN.

Defensor da soberania francesa e contrário ao euro, ele estava em atrito com alguns dirigentes do partido, mais liberais na área econômica e mais preocupados com a luta contra a imigração e contra o "islamismo".

Também era o artífice da chamada "desdiabolização" do partido, uma estratégia destinada a suavizar a imagem de um partido conhecido durante muito tempo por suas teses antissemitas, racistas, xenófobas e homofóbicas.

- Refundação -Le Pen reagiu rapidamente ao anúncio de Philippot, afirmando que "não estava feliz que ele fosse embora". Garantiu, porém, que "a Frente vai superar isso sem qualquer dificuldade".

Ela acusou seu ex-braço direito de "se fazer de vítima" e disse que suas alegações de um retrocesso do partido "não têm, absolutamente, sentido algum" e "são, em parte, difamatórias".

Marine Le Pen insistiu em que a política do partido ainda está em discussão e será decidida apenas no próximo congresso.

Também tentou pôr fim à especulação sobre seu próprio futuro na sigla desde a derrota em sua segunda candidatura à Presidência da França. A tensão dentro da FN piorou desde então, e vários dirigentes do partido questionam sua liderança.

"Sou a mais forte e mais bem situada" para a corrida eleitoral de 2022, alegou.

Ela foi derrotada pelo candidato de centro pró-Europa Emmanuel Macron, no segundo turno, no qual obteve 33,90% dos votos - um resultado histórico para o partido de extrema-direita.

Recentemente, Marine Le Pen prometeu refundar o partido com um novo nome e um novo programa, a partir do congresso programado para março.