Temer deve voltar a salvar seu mandato da acusação de corrupção
Brasília, 24 Out 2017 (AFP) - Impopularidade recorde e graves acusações de corrupção: a combinação que faria tremer o mais experiente dos políticos não amedronta o presidente Michel Temer, que espera nesta semana enterrar sua segunda denúncia criminal que está nas mãos da Câmara dos Deputados.
Com um Congresso dominado por seus aliados, o governo espera ganhar com folga a votação que decidirá na quarta-feira (25) se a denúncia da Procuradoria-geral da República (PGR) por associação criminosa e obstrução da Justiça que pesam contra Temer deverão ser analisadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ou congeladas até o fim de seu mandato.
Há dois meses, o presidente conseguiu vencer a primeira acusação - por corrupção passiva - e salvou o seu mandato por um ampla maioria de votos de uma Câmara também sob suspeita: dos 513 deputados, 185 são objeto de investigações por corrupção.
"Temer representa a sobrevivência política do velho establishment. Se hoje Temer cai, quem cairá amanhã?", questiona o professor de Direito Constitucional Daniel Vargas.
"Temer é um profissional da política. Sabe manipular a máquina e encontrar os aliados de que precisa", acrescenta.
Temer, de 77 anos, assumiu o poder em 2016 após o impeachment de Dilma Rousseff. Desde então, este veterano da política conseguiu se manter de pé, apesar dos escândalos que forçaram a renúncia de vários de seus ministros, e impulsionar ajustes reivindicados pelo mercado como estratégia para tirar o país da recessão.
Seus adversários o acusam de usar dinheiro público para comprar o apoio de parlamentares, concedendo generosas subvenções para realizar obras em seus estados.
"Apesar de todo esse desgaste do governo, ainda é vantajoso para esses parlamentares, que gostam de receber uma atenção especial", explica Antonio Augusto de Queiroz, analista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP).
Mas o apoio pode custar caro.
- Popularidade próxima a zero -Primeiro presidente em exercício na história do Brasil a ser denunciado por um ação penal, Temer também é o chefe de Estado mais impopular desde o retorno à democracia em 1985, com apenas 3% de aprovação.
Com a proximidade das eleições gerais, em outubro de 2018, apoiar o impopular presidente não parece ser a melhor estratégia para se manter no cargo.
No entanto, muitos veem com maus olhos a opção de derrubar um governo depois de um traumático processo de impeachment que dividiu o país e paralisou o Congresso durante meses.
Em nome dessa estabilidade, reivindicada também pelo mercado, os deputados o salvaram em agosto da primeira denúncia da PGR por corrupção passiva, e tudo indica que voltarão a fazê-lo.
E Temer, que anunciou que não será candidato à Presidência em 2018, está disposto a sacrificar a sua popularidade para concluir seu plano de ajustes.
"Temer simplesmente não se importa com o que a população pensa dele", resume Daniel Vargas.
"Talvez seja a primeira vez na história do Brasil que descobrimos que para implementar sua agenda, talvez melhor do que ter uma popularidade alta, é ter uma popularidade zero", ironiza.
- Apoio do mercado -Livrar-se da segunda denúncia esta semana abriria o caminho para concluir a tempo o seu programa de reformas com as quais prometeu "recolocar o Brasil nos trilhos": sanear as contas públicas e reavivar uma economia que lentamente está saindo dos dois anos de recessão.
Entre elas, a mais esperada pelo mercado, está a reforma do sistema previdenciário, que endurece as condições de aposentadoria e gera forte resistência inclusive da base aliada.
Para Queiroz, o apoio do mercado é crucial. "Sem o apoio do mercado, ele cai em uma semana", analisa. "Então ele faz tudo que o mercado quer. É um instrumento".
A oposição, muito dispersa, já não reúne multidões nos protestos contra o governo.
"Sem a pressão das ruas e na ausência de um verdadeiro projeto de oposição, o Parlamento não será pressionado a votar contra Temer", avalia Vargas.
Com um Congresso dominado por seus aliados, o governo espera ganhar com folga a votação que decidirá na quarta-feira (25) se a denúncia da Procuradoria-geral da República (PGR) por associação criminosa e obstrução da Justiça que pesam contra Temer deverão ser analisadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ou congeladas até o fim de seu mandato.
Há dois meses, o presidente conseguiu vencer a primeira acusação - por corrupção passiva - e salvou o seu mandato por um ampla maioria de votos de uma Câmara também sob suspeita: dos 513 deputados, 185 são objeto de investigações por corrupção.
"Temer representa a sobrevivência política do velho establishment. Se hoje Temer cai, quem cairá amanhã?", questiona o professor de Direito Constitucional Daniel Vargas.
"Temer é um profissional da política. Sabe manipular a máquina e encontrar os aliados de que precisa", acrescenta.
Temer, de 77 anos, assumiu o poder em 2016 após o impeachment de Dilma Rousseff. Desde então, este veterano da política conseguiu se manter de pé, apesar dos escândalos que forçaram a renúncia de vários de seus ministros, e impulsionar ajustes reivindicados pelo mercado como estratégia para tirar o país da recessão.
Seus adversários o acusam de usar dinheiro público para comprar o apoio de parlamentares, concedendo generosas subvenções para realizar obras em seus estados.
"Apesar de todo esse desgaste do governo, ainda é vantajoso para esses parlamentares, que gostam de receber uma atenção especial", explica Antonio Augusto de Queiroz, analista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP).
Mas o apoio pode custar caro.
- Popularidade próxima a zero -Primeiro presidente em exercício na história do Brasil a ser denunciado por um ação penal, Temer também é o chefe de Estado mais impopular desde o retorno à democracia em 1985, com apenas 3% de aprovação.
Com a proximidade das eleições gerais, em outubro de 2018, apoiar o impopular presidente não parece ser a melhor estratégia para se manter no cargo.
No entanto, muitos veem com maus olhos a opção de derrubar um governo depois de um traumático processo de impeachment que dividiu o país e paralisou o Congresso durante meses.
Em nome dessa estabilidade, reivindicada também pelo mercado, os deputados o salvaram em agosto da primeira denúncia da PGR por corrupção passiva, e tudo indica que voltarão a fazê-lo.
E Temer, que anunciou que não será candidato à Presidência em 2018, está disposto a sacrificar a sua popularidade para concluir seu plano de ajustes.
"Temer simplesmente não se importa com o que a população pensa dele", resume Daniel Vargas.
"Talvez seja a primeira vez na história do Brasil que descobrimos que para implementar sua agenda, talvez melhor do que ter uma popularidade alta, é ter uma popularidade zero", ironiza.
- Apoio do mercado -Livrar-se da segunda denúncia esta semana abriria o caminho para concluir a tempo o seu programa de reformas com as quais prometeu "recolocar o Brasil nos trilhos": sanear as contas públicas e reavivar uma economia que lentamente está saindo dos dois anos de recessão.
Entre elas, a mais esperada pelo mercado, está a reforma do sistema previdenciário, que endurece as condições de aposentadoria e gera forte resistência inclusive da base aliada.
Para Queiroz, o apoio do mercado é crucial. "Sem o apoio do mercado, ele cai em uma semana", analisa. "Então ele faz tudo que o mercado quer. É um instrumento".
A oposição, muito dispersa, já não reúne multidões nos protestos contra o governo.
"Sem a pressão das ruas e na ausência de um verdadeiro projeto de oposição, o Parlamento não será pressionado a votar contra Temer", avalia Vargas.
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