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Novos protestos após eleições deixam um morto no Quênia

27/10/2017 10h41

Nairóbi, 27 Out 2017 (AFP) - Uma pessoa morreu nesta sexta-feira em novos protesto no Quênia, país muito dividido após a eleição presidencial da véspera, boicotada pela oposição e com baixo índice de participação.

A morte desta sexta-feira, em uma ação da polícia em Bungoma (oeste), se soma às quatro vítimas fatais registradas na quinta-feira. Dezenas de pessoas ficaram feridas nos bairros pobres de Nairóbi e no oeste do país.

A apuração prossegue nesta sexta-feira. A Comissão Eleitoral recebeu os resultados de mais de 36.000 dos 40.883 locais de votação, indicou o presidente da instituição, Wafula Chebukati.

O presidente Uhuru Kenyatta, da etnia majoritária kikuyu, muito provavelmente será reeleito ao superar seu rival histórico, Raila Odinga, da etnia luo, que decidiu não participar de uma eleição que chamou de "farsa".

A taxa de participação, segundo as estimativas, foi inferior a 35% dos 19,6 milhões de eleitores em mais de 90% das circunscrições, de acordo com Chebukati. O reduzido comparecimento às urnas provoca dúvidas sobre a legitimidade do próximo presidente.

Além do boicote da oposição e das ameaças contra eleitores de Kenyatta nos redutos de Odinga, muitos partidários tradicionais do atual presidente não votaram.

A falta de entusiasmo é explicada pela irritação cada vez maior com a classe política e a gestão da crise eleitoral, que afeta a economia.

"Ao final da eleição, o país está mais dividido e instável que nunca", afirma o editorial do jornal The Nation.

Kenyatta e Odinga "devem entender que não podem mais ter posições antagônicas", completa.

o Quênia, maior economia do leste da África, sofre a maior crise política em 10 anos, depois que a Suprema Corte invalidou as eleições de 8 de agosto, denunciadas por Odinga, por irregularidades.

A taxa de participação em agosto foi de 79,5% do colégio eleitoral.

A Corte responsabilizou a Comissão Eleitoral pela falta de transparência. Odinga, de 72 anos e candidato à presidência em 1997, 2007 e 2013, pressionou para obter uma reforma da Comissão, mas a oposição considerou as mudanças insuficientes.

Até o próprio presidente da Comissão mencionou dúvidas sobre a capacidade da instância para garantir eleições confiáveis.