Terapia do riso com palhaços mitiga sofrimento de crianças rohinyas em Bangladesh
Kutupalong, Bangladesh, 30 Out 2017 (AFP) - Com brincadeiras e mimos, uma trupe de palhaços de nariz vermelho provocou algo que não se costuma escutar nos enormes acampamentos de refugiados rohinyas no sul de Bangladesh: as gargalhadas das crianças.
Rodeados por uma multidão entusiasmada, os acrobatas rivalizavam em habilidades ao som de música eletrônica. Com a cara pintada de branco, fazem caretas para as crianças menores.
A atividade é uma distração apreciada no mar de barracas superpovoadas. Centenas de milhares de crianças rohinyas moram ali, algumas delas traumatizadas pelos atos violentos que presenciaram no vizinho Mianmar.
"É hilariante. Nunca tinha visto nada assim. Meus amigos e eu não conseguíamos parar de rir", conta Mohammad Noor, de 10 anos.
Noor fugiu de Mianmar no mês passado, após a morte de seu pai em distúrbios que a ONU qualificou como limpeza étnica. Vive com sua mãe e seus três irmãos em um abrigo rudimentar do acampamento de Kutupalong, onde tudo se reduz a sobreviver.
"Nosso único objetivo é levar o riso aos rohinyas", explica Rina Akter Putul, acrobata e única mulher da trupe circense.
Alguns grupos de teatro de Bangladesh se propuseram a distrair pessoas que viveram uma situação de angústia, oferecendo com suas atuações uma "dramaterapia".
Assim, um grupo atuou para os sobreviventes do Rana Plaza, um edifício de fábricas têxteis que desabou em 2013, matando 1.100 pessoas. Outros artistas organizaram apresentações em um povoado onde 50 crianças faleceram em um acidente na estrada.
"Fazer as pessoas rirem é uma tarefa difícil, particularmente os que perderam seus pais no conflito" em Mianmar, afirma Rina Akter Putul.
- "Não apaga as cicatrizes" -Segundo a ONU, 60% dos mais de 600.000 muçulmanos rohinyas de Mianmar que se refugiaram em Bangladesh desde o final de agosto são crianças.
Muitas delas cruzaram a fronteira sozinhas, após terem perdido suas famílias nos ataques realizados pelo exército ou pelas milícias budistas em seus povoados, localizados no estado birmanês de Rakhine (oeste).
As ONGs ativas nos acampamentos de refugiados manifestam sua preocupação com a saúde mental e as necessidades emocionais dessas crianças.
"Tenho certeza de que nosso espetáculo ficará em sua memória durante algum tempo. Isso não apagará as cicatrizes, mas lhes devolverá o ânimo", explica Faker Ali, um acrobata que pratica a dramaterapia há duas décadas.
Mas as crianças não são as únicas que apreciam este entretenimento. Muitos adultos assistem ao espetáculo, a fim de se distanciar, por alguns instantes, do dia a dia sombrio e miserável dos acampamentos.
"A vida em Rakhine é triste", explica Jairul Amin, um homem de 63 anos que conversou com a AFP em um acampamento.
"Não há televisão, cinema nem teatro. E há um medo constante de que te matem ou de que o exército te detenha", acrescenta.
Sentada com seu filho caçula nos joelhos, Rehana sorri diante das palhaçadas dos saltimbancos: "Nunca na vida eu tinha me divertido tanto", exclama.
Rodeados por uma multidão entusiasmada, os acrobatas rivalizavam em habilidades ao som de música eletrônica. Com a cara pintada de branco, fazem caretas para as crianças menores.
A atividade é uma distração apreciada no mar de barracas superpovoadas. Centenas de milhares de crianças rohinyas moram ali, algumas delas traumatizadas pelos atos violentos que presenciaram no vizinho Mianmar.
"É hilariante. Nunca tinha visto nada assim. Meus amigos e eu não conseguíamos parar de rir", conta Mohammad Noor, de 10 anos.
Noor fugiu de Mianmar no mês passado, após a morte de seu pai em distúrbios que a ONU qualificou como limpeza étnica. Vive com sua mãe e seus três irmãos em um abrigo rudimentar do acampamento de Kutupalong, onde tudo se reduz a sobreviver.
"Nosso único objetivo é levar o riso aos rohinyas", explica Rina Akter Putul, acrobata e única mulher da trupe circense.
Alguns grupos de teatro de Bangladesh se propuseram a distrair pessoas que viveram uma situação de angústia, oferecendo com suas atuações uma "dramaterapia".
Assim, um grupo atuou para os sobreviventes do Rana Plaza, um edifício de fábricas têxteis que desabou em 2013, matando 1.100 pessoas. Outros artistas organizaram apresentações em um povoado onde 50 crianças faleceram em um acidente na estrada.
"Fazer as pessoas rirem é uma tarefa difícil, particularmente os que perderam seus pais no conflito" em Mianmar, afirma Rina Akter Putul.
- "Não apaga as cicatrizes" -Segundo a ONU, 60% dos mais de 600.000 muçulmanos rohinyas de Mianmar que se refugiaram em Bangladesh desde o final de agosto são crianças.
Muitas delas cruzaram a fronteira sozinhas, após terem perdido suas famílias nos ataques realizados pelo exército ou pelas milícias budistas em seus povoados, localizados no estado birmanês de Rakhine (oeste).
As ONGs ativas nos acampamentos de refugiados manifestam sua preocupação com a saúde mental e as necessidades emocionais dessas crianças.
"Tenho certeza de que nosso espetáculo ficará em sua memória durante algum tempo. Isso não apagará as cicatrizes, mas lhes devolverá o ânimo", explica Faker Ali, um acrobata que pratica a dramaterapia há duas décadas.
Mas as crianças não são as únicas que apreciam este entretenimento. Muitos adultos assistem ao espetáculo, a fim de se distanciar, por alguns instantes, do dia a dia sombrio e miserável dos acampamentos.
"A vida em Rakhine é triste", explica Jairul Amin, um homem de 63 anos que conversou com a AFP em um acampamento.
"Não há televisão, cinema nem teatro. E há um medo constante de que te matem ou de que o exército te detenha", acrescenta.
Sentada com seu filho caçula nos joelhos, Rehana sorri diante das palhaçadas dos saltimbancos: "Nunca na vida eu tinha me divertido tanto", exclama.
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