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May afirma que data do Brexit pode ser adiada 'excepcionalmente'

20/12/2017 19h41

Londres, 20 dez 2017 (AFP) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, pressionada por membros de sua maioria conservadora, disse na quarta-feira que a data do Brexit poderá ser adiada "excepcionalmente", depois que a Comissão Europeia propôs que o período de transição termine até o fim de 2020.

A data do divórcio entre o Reino Unido e a UE concentra os debates do Parlamento britânico, que deu início nesta quarta-feira à oitava e última sessão para examinar o projeto de lei do Brexit.

De acordo com o texto debatido, o Brexit vai entrar em vigor em 29 de março de 2019, ou seja, apenas dois anos depois de Londres lançar o processo de separação.

A data foi rechaçada até mesmo entre o Partido Conservador, já que alguns deputados acreditam que estabelecer um prazo antecipadamente pode enfraquecer a posição de Londres nas negociações com Bruxelas.

Três deputados apresentaram uma emenda para manter a data em 29 de março de 2019, mas autorizando um possível adiamento no caso de as negociações com os 27 membros da UE precisarem ser prorrogadas.

May deu sua aprovação ao compromisso pouco antes do início da sessão parlamentar. "Se tivéssemos que usar essa disposição, seria apenas em circunstâncias excepcionais e por um período tão curto quanto possível", acrescentou a primeira-ministra, reafirmando sua intenção de cumprir o prazo anunciado.

May, que governa com uma estreita maioria desde as eleições legislativas de junho, sofreu um severo revés nesta quarta-feira, quando 11 de seus deputados votaram com a oposição e garantiram que o Parlamento poderá ratificar os termos do divórcio da UE por votação, contra o que o governo queria.

- Qual será a relação? -Theresa May se vangloriou de ter alcançado, na semana passada, um acordo com os 27 para iniciar as negociações sobre o relacionamento futuro entre seu país e a UE, mas Londres e Bruxelas reconhecem que o mais difícil ainda está por vir.

Ambas as partes devem concordar com uma variedade de questões, inclusive a duração do período de transição após Brexit. May propôs que ele dure pelo menos dois anos, até 29 de março de 2021. Mas a UE ofereceu, nesta quarta-feira, encerrar em 31 de dezembro de 2020.

"Esta transição deve ser curta e limitada no tempo", disse o negociador-chefe dos 27, Michel Barnier.

O objetivo desta transição, durante a qual o Reino Unido continuará a pertencer ao mercado único europeu e à União Aduaneira, apesar de não ser membro da UE, é conseguir um divórcio suave, enquanto se estabelecem as bases da futura relação comercial.

May reuniu seus ministros nesta terça-feira para um primeiro encontro voltado à transição e ao futuro relacionamento com a UE. Os membros do Executivo têm o mesmo o objetivo de alcançar "um acordo que garanta as melhores condições comerciais possíveis com a UE e que, ao mesmo tempo, facilite acordos ambiciosos com países terceiros", disse um porta-voz após a reunião.

Mas o governo ainda está muito dividido entre aqueles que defendem uma ruptura clara com a UE e aqueles que exigem um Brexit mais suave, a fim de privilegiar o comércio.

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