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Separatistas assumem controle da sede do governo iemenita em Aden

28/01/2018 11h54

Adem, 28 Jan 2018 (AFP) - Forças separatistas assumiram neste domingo o controle da sede transitória do governo iemenita em Aden (sul), a segunda maior cidade do país, após confrontos violentos com o exército leal ao Executivo, o que complica ainda mais uma solução ao conflito.

O movimento independentista é muito forte no sul do Iêmen, que era um Estado independente antes de sua fusão com o Norte, em 1990.

O governo do presidente Abd Rabo Mansur Hadi estabeleceu sua capital "provisória" em Aden em 2015, depois de ser expulso da capital, Sanaa, por rebeldes huthis apoiados pelo Irã. Mas os separatistas sulistas contestam sua autoridade.

O ex-governador de Aden Aidarus al-Zubaidi, destituído por Hadi em abril de 2017, anunciou em maio do mesmo ano a criação de um Conselho de Transição do Sul, sob sua presidência, para "administrar as províncias do sul e representá-las no interior e exterior" do país.

A tensão aumentou na semana passada, quando o Conselho de Transição do Sul publicou uma declaração que pedia "mudanças no governo" de Hadi no prazo de uma semana.

O ultimato expirou neste domingo. O Conselho havia ameaçado organizar um protesto para "expulsar o governo".

Apesar da presença das forças da coalizão liderada pela Arábia Saudita - que atua no Iêmen há quase três anos para apoiar o governo de Hadi -, os incidentes explodiram quando unidades do exército leal ao presidente Abd Rabo Mansur Hadi tentaram impedir que manifestantes separatistas entrassem na cidade.

Os combates deixaram pelo menos 15 mortos, incluindo três civis, e 33 feridos.

O primeiro-ministro do Iêmen, Ahmed ben Dagher, denunciou um "golpe de força" separatista e pediu a intervenção da coalizão liderada por Riad para evitar o caos.

"Estão executando um golpe aqui em Aden contra (a autoridade) legítima", declarou Ben Dagher.

"Esperamos que os Emirados Árabes Unidos e todos os membros da coalizão (árabe) se ocupem desta crise, que segue para um confronto militar total", alertou Ben Dagher.

O presidente Hadi pediu a todas as unidades militares um cessar-fogo imediato.

"Por instrução do presidente Abd Rabo Mansur Hadi, todas as forças têm que retornar a suas bases e evacuar as posições ocupadas esta manhã", anunciou o primeiro-ministro em um comunicado.

Os confrontos com armas pesadas prosseguiam em vários bairros de Aden, onde as escolas e lojas permanecem fechadas, assim como o aeroporto.

No sábado à noite, a coalizão árabe já havia expressado sua preocupação em um comunicado, no qual pediu "calma e moderação".

A coalizão indicou que acompanha de perto a situação na capital provisória e o debate sobre os pedidos para corrigir certos desequilíbrios", em referência às demandas do sul do país.

A guerra no Iêmen deixou, desde março de 2015, mais de 9.200 mortos e quase 53.000 feridos. No momento não se vislumbra nenhuma solução.

A ONU considera o Iêmen o cenário da "pior crise humanitária do mundo", sob risco de provocar uma fome em grande escala.