Santos congela diálogos de paz com ELN após atentados na Colômbia
Bogotá, 30 Jan 2018 (AFP) - A Colômbia interrompeu o processo de paz com o qual busca sepultar o último conflito armado das Américas. Atentados efetuados pela guerrilha levaram o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, a congelar nesta segunda-feira (29) os diálogos com o ELN.
"Tomei a decisão de suspender a instalação do quinto ciclo de conversações, que estava previsto para os próximos dias, até que não veja coerência de parte do ELN entre suas palavras e suas ações", disse Santos em uma declaração.
O presidente ordenou que a força pública aja "com máxima determinação" contra o grupo rebelde, o último reconhecido pelo governo, ante a ofensiva que deixou sete policiais mortos e dezenas de feridos no fim de semana.
Com o anúncio, ficam congelados os esforços de Santos de superar uma guerra de mais de meio século, após a assinatura, em novembro de 2016, de um acordo de paz entre seu governo e a guerrilha das Farc, já desarmadas e transformadas em partido político.
Os diálogos com o Exército de Libertação Nacional (ELN) estavam suspensas desde 10 de janeiro, quando os rebeldes iniciaram uma ofensiva contra a força pública e a infraestrutura petroleira.
A investida ocorreu depois de concluída a primeira trégua bilateral e quando estava previsto o início da quinta rodada de conversações dos diálogos instalados há quase um ano em Quito.
Santos, que deixará o poder em agosto, após dois mandatos de quatro anos, chamou a consultas seu chefe de negociações, Gustavo Bell, com quem se reuniu nesta segunda-feira.
Seu governo respondeu com uma ofensiva militar, que deixou dezenas de mortos e presos.
Os diálogos serão retomados "quando o ELN tornar compatível sua conduta com a exigência de paz do povo colombiano e da comunidade internacional", acrescentou o presidente nesta segunda.
E assegurou que seguirá, no entanto, "combatendo o terrorismo com toda contundência como se não houvesse negociação de paz", e negociará "como se não houvesse terrorismo". Uma máxima similar à mantida durante as conversações com as Farc.
- "Inviável" -Analistas coincidem sobre a dificuldade de negociar com o ELN, que tem 1.800 combatentes, por sua estrutura federada, que concede autonomia militar às suas frentes.
"Realmente o cenário é muito negativo para continuar com as negociações", disse à AFP o analista Camilo Echandía.
Para este professor da Universidade Externado da Colômbia, as conversações estão "desgastadas" por uma agenda "muito ruim" de negociação de seis pontos.
Víctor de Currea-Lugo, autor do livro sobre o ELN "Historias de guerra para tiempos de paz", praticamente deu por concluídos os esforços de paz com esta organização. "Esta suspensão é a forma 'bonita' de dizer: não vai mais", escreveu no Twitter.
Uma estrutura urbana do ELN reconheceu na noite de domingo, em um comunicado, o atentado contra um posto policial em Barranquilla, onde no sábado morreram cinco agentes e outros 41 ficaram feridos.
A princípio, as autoridades responsabilizaram narcotraficantes pela explosão na principal cidade do norte da Colômbia, mas nesta segunda-feira, o ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas, destacou a autoria do ELN.
Por este fato, as autoridades capturaram Cristian Bellón, de 31 anos, como suspeito de ter ativado a bomba que matou os cinco policiais.
Os outros dois atentados foram executados pouco depois da explosão do sábado.
No município de Santa Rosa, departamento (estado) de Bolívar, explodiu uma carga que acabou com a vida de dois policiais e deixou outro ferido.
Também em Barranquilla, que se prepara para seu tradicional carnaval, quatro militares e um civil ficaram feridos.
O ELN "não deu outra opção" a Santos, declarou o Defensor do Povo, Carlos Alfonso Negret, ao mesmo tempo em que denunciou no departamento (estado) de Chocó (nordeste) que nesta empobrecida região a guerrilha continua recrutando crianças negras e indígenas, "e assim não poderá haver paz".
- Repúdio generalizado -Os diálogos de paz com o ELN adentraram a campanha presidencial da Colômbia, que em maio vai eleger o sucessor de Santos.
Candidatos de direita, como o senador Iván Duque e o ex-vice-presidente de Santos, Germán Vargas, exigiram que o governo se levante da mesa.
"Não podemos permitir que a violência e o terror voltem às ruas da Colômbia. Vamos virar, de uma vez por todas, a página da violência", disse Sergio Fajardo, que lidera as pesquisas de opinião como candidato de uma coalizão de centro e esquerda.
A ofensiva da guerrilha coincidiu com a incomum explosão no sábado de um carro-bomba contra a polícia do Equador - que sedia os diálogos com o ELN -, deixando 28 feridos entre militares e civis.
O governo equatoriano informou que por trás do ataque em uma área costeira estariam dissidentes das Farc.
Os Estados Unidos condenaram energicamente os dois atentados, os quais qualificou de atos covardes.
O presidente busca pactuar com o ELN um acordo similar ao alcançado com a outrora poderosa guerrilha comunista para por fim a um conflito armado que, em meio século, deixa oito milhões de vítimas entre mortos, deslocados e desaparecidos.
"Tomei a decisão de suspender a instalação do quinto ciclo de conversações, que estava previsto para os próximos dias, até que não veja coerência de parte do ELN entre suas palavras e suas ações", disse Santos em uma declaração.
O presidente ordenou que a força pública aja "com máxima determinação" contra o grupo rebelde, o último reconhecido pelo governo, ante a ofensiva que deixou sete policiais mortos e dezenas de feridos no fim de semana.
Com o anúncio, ficam congelados os esforços de Santos de superar uma guerra de mais de meio século, após a assinatura, em novembro de 2016, de um acordo de paz entre seu governo e a guerrilha das Farc, já desarmadas e transformadas em partido político.
Os diálogos com o Exército de Libertação Nacional (ELN) estavam suspensas desde 10 de janeiro, quando os rebeldes iniciaram uma ofensiva contra a força pública e a infraestrutura petroleira.
A investida ocorreu depois de concluída a primeira trégua bilateral e quando estava previsto o início da quinta rodada de conversações dos diálogos instalados há quase um ano em Quito.
Santos, que deixará o poder em agosto, após dois mandatos de quatro anos, chamou a consultas seu chefe de negociações, Gustavo Bell, com quem se reuniu nesta segunda-feira.
Seu governo respondeu com uma ofensiva militar, que deixou dezenas de mortos e presos.
Os diálogos serão retomados "quando o ELN tornar compatível sua conduta com a exigência de paz do povo colombiano e da comunidade internacional", acrescentou o presidente nesta segunda.
E assegurou que seguirá, no entanto, "combatendo o terrorismo com toda contundência como se não houvesse negociação de paz", e negociará "como se não houvesse terrorismo". Uma máxima similar à mantida durante as conversações com as Farc.
- "Inviável" -Analistas coincidem sobre a dificuldade de negociar com o ELN, que tem 1.800 combatentes, por sua estrutura federada, que concede autonomia militar às suas frentes.
"Realmente o cenário é muito negativo para continuar com as negociações", disse à AFP o analista Camilo Echandía.
Para este professor da Universidade Externado da Colômbia, as conversações estão "desgastadas" por uma agenda "muito ruim" de negociação de seis pontos.
Víctor de Currea-Lugo, autor do livro sobre o ELN "Historias de guerra para tiempos de paz", praticamente deu por concluídos os esforços de paz com esta organização. "Esta suspensão é a forma 'bonita' de dizer: não vai mais", escreveu no Twitter.
Uma estrutura urbana do ELN reconheceu na noite de domingo, em um comunicado, o atentado contra um posto policial em Barranquilla, onde no sábado morreram cinco agentes e outros 41 ficaram feridos.
A princípio, as autoridades responsabilizaram narcotraficantes pela explosão na principal cidade do norte da Colômbia, mas nesta segunda-feira, o ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas, destacou a autoria do ELN.
Por este fato, as autoridades capturaram Cristian Bellón, de 31 anos, como suspeito de ter ativado a bomba que matou os cinco policiais.
Os outros dois atentados foram executados pouco depois da explosão do sábado.
No município de Santa Rosa, departamento (estado) de Bolívar, explodiu uma carga que acabou com a vida de dois policiais e deixou outro ferido.
Também em Barranquilla, que se prepara para seu tradicional carnaval, quatro militares e um civil ficaram feridos.
O ELN "não deu outra opção" a Santos, declarou o Defensor do Povo, Carlos Alfonso Negret, ao mesmo tempo em que denunciou no departamento (estado) de Chocó (nordeste) que nesta empobrecida região a guerrilha continua recrutando crianças negras e indígenas, "e assim não poderá haver paz".
- Repúdio generalizado -Os diálogos de paz com o ELN adentraram a campanha presidencial da Colômbia, que em maio vai eleger o sucessor de Santos.
Candidatos de direita, como o senador Iván Duque e o ex-vice-presidente de Santos, Germán Vargas, exigiram que o governo se levante da mesa.
"Não podemos permitir que a violência e o terror voltem às ruas da Colômbia. Vamos virar, de uma vez por todas, a página da violência", disse Sergio Fajardo, que lidera as pesquisas de opinião como candidato de uma coalizão de centro e esquerda.
A ofensiva da guerrilha coincidiu com a incomum explosão no sábado de um carro-bomba contra a polícia do Equador - que sedia os diálogos com o ELN -, deixando 28 feridos entre militares e civis.
O governo equatoriano informou que por trás do ataque em uma área costeira estariam dissidentes das Farc.
Os Estados Unidos condenaram energicamente os dois atentados, os quais qualificou de atos covardes.
O presidente busca pactuar com o ELN um acordo similar ao alcançado com a outrora poderosa guerrilha comunista para por fim a um conflito armado que, em meio século, deixa oito milhões de vítimas entre mortos, deslocados e desaparecidos.
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