Adiamento de posse de Puigdemont evidencia divisões de separatistas
Barcelona, 30 Jan 2018 (AFP) - Os separatistas da Catalunha deixaram em evidência suas divisões nesta terça-feira (30), após a decisão do presidente de seu Parlamento, sob pressão pela Justiça espanhola, de adiar a posse do separatista Carles Puigdemont, que disse ser o único candidato viável para presidir a região.
"A assembleia de hoje fica adiada" até que haja garantias de um debate "efetivo e com garantias" para Puigdemont, anunciou Roger Torrent, sem informar uma nova data.
O anúncio foi aplaudido pelo governo central de Mariano Rajoy, que tinha advertido Torrent de "responsabilidades" judiciais se continuasse com o plenário na ausência de Puigdemont, radicado em Bruxelas, evadindo uma investigação na Espanha por rebelião e sedição.
"Evitou-se que hoje tivesse ocorrido uma chacota à nossa democracia", indicou o Executivo espanhol em um comunicado.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Puigdemont lamentou a decisão e acusou o Estado espanhol de fazer "a chantagem de obrigar a escolher um presidente e um governo [regionais] que o agrade".
E pediu respeito ao presidente do Parlamento e unidade nas fileiras separatistas, deixando claro que não pretende jogar a toalha.
"Não há nenhum outro candidato possível, nem nenhuma outra combinação aritmética possível" que a maioria independentista, alcançada nas eleições de 21 de dezembro.
- Feridas abertas -O adiamento da sessão reabriu as feridas entre os dois grandes grupos separatistas, o Juntos pela Catalunha e o Esquerda Republicana da Catalunha de Torrent, mergulhados há anos em uma luta pela hegemonia nacionalista.
Os primeiros, com 34 deputados de um total de 135, apostam em manter o confronto político com Madri, empossando Puigdemont, ainda que à distância, enquanto a ERC, com 32 deputados, pede para reduzir a marcha e buscar objetivos realistas.
"Sobre os resultados de uma chantagem não se pode construir um futuro, não se pode construir uma república", disse Puigdemont, acusando nas entrelinhas seus teóricos aliados de "falta de realismo", ao pensar que obedecendo a Madri, conseguirão antes a secessão.
Com máscaras com o rosto de Puigdemont, bandeiras separatistas e gritos de "nem um passo atrás", milhares de pessoas se reuniram em um passeio vizinho ao Parlamento para exigir a posse de Puigdemont, na hora que deveria ter sido celebrada a sessão (12h00 de Brasília).
"Puigdemont é nosso presidente. O povo elegeu seu dirigente", disse à AFP José Anaya, um aposentado de 72 anos, exibindo sua máscara de Puigdemont. "Estamos indignados", afirmou.
Posteriormente, centenas de pessoas desafiaram a Polícia, que fechou por medida de segurança o parque onde fica o Parlamento e se mantinham posicionadas atrás de cercas instaladas a poucos metros da entrada do prédio, cantando "Queremos um plenário de posse".
- Puigdemont é o candidato -Até agora, o único candidato continua sendo Puigdemont, assegurou Torrent, porque "tem toda a legitimidade para ser candidato à posse (...) e tem todo o direito".
Radicado em Bruxelas poucos dias após a declaração frustrada de independência da Catalunha, em 27 de outubro, após o que foi destituído da Presidência catalã, Puigdemont havia pedido a Torrent para garantir "as medidas necessárias" para assistir ao plenário.
Essa era a única maneira de ser eleito, determinou o Tribunal Constitucional, após se reunir em caráter de urgência no sábado passado para estudar um recurso do governo central.
Em seu auto, a corte proibiu uma posse à distância de Puigdemont, uma alternativa aventada pelo candidato e pelo Juntos pela Catalunha. Para comparecer ao Parlamento, Puigdemont devia primeiro pedir permissão ao juiz do Supremo Tribunal que leva a ação contra o núcleo duro do separatismo.
O Constitucional rejeitou nesta terça-feira um recurso de Puigdemont contra a sentença, segundo fontes do tribunal.
- "Não aceitamos ingerências" -O empenho dos separatistas em empossar Puigdemont aumentava a tensão na Espanha, que vive sua pior crise em décadas devido ao chamado "desafio separatista".
Depois de semanas de tensão e de um referendo de autodeterminação realizado apesar da proibição da Justiça em 1º de outubro, o Parlamento catalão declarou a secessão da Espanha no dia 27 deste mês.
A independência não se materializou: horas depois, o governo central interveio na autonomia regional, suspendeu seu Executivo e convocou novas eleições para 21 de dezembro, com a esperança de acalmar as águas nesta região, cuja sociedade se mostra muito dividida sobre a independência.
Mas nestas eleições antecipadas retiveram a maioria absoluta do Parlamento e disseram querer recolocar Puigdemont no poder, como uma demonstração de "dignidade" perante Madri.
"A assembleia de hoje fica adiada" até que haja garantias de um debate "efetivo e com garantias" para Puigdemont, anunciou Roger Torrent, sem informar uma nova data.
O anúncio foi aplaudido pelo governo central de Mariano Rajoy, que tinha advertido Torrent de "responsabilidades" judiciais se continuasse com o plenário na ausência de Puigdemont, radicado em Bruxelas, evadindo uma investigação na Espanha por rebelião e sedição.
"Evitou-se que hoje tivesse ocorrido uma chacota à nossa democracia", indicou o Executivo espanhol em um comunicado.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Puigdemont lamentou a decisão e acusou o Estado espanhol de fazer "a chantagem de obrigar a escolher um presidente e um governo [regionais] que o agrade".
E pediu respeito ao presidente do Parlamento e unidade nas fileiras separatistas, deixando claro que não pretende jogar a toalha.
"Não há nenhum outro candidato possível, nem nenhuma outra combinação aritmética possível" que a maioria independentista, alcançada nas eleições de 21 de dezembro.
- Feridas abertas -O adiamento da sessão reabriu as feridas entre os dois grandes grupos separatistas, o Juntos pela Catalunha e o Esquerda Republicana da Catalunha de Torrent, mergulhados há anos em uma luta pela hegemonia nacionalista.
Os primeiros, com 34 deputados de um total de 135, apostam em manter o confronto político com Madri, empossando Puigdemont, ainda que à distância, enquanto a ERC, com 32 deputados, pede para reduzir a marcha e buscar objetivos realistas.
"Sobre os resultados de uma chantagem não se pode construir um futuro, não se pode construir uma república", disse Puigdemont, acusando nas entrelinhas seus teóricos aliados de "falta de realismo", ao pensar que obedecendo a Madri, conseguirão antes a secessão.
Com máscaras com o rosto de Puigdemont, bandeiras separatistas e gritos de "nem um passo atrás", milhares de pessoas se reuniram em um passeio vizinho ao Parlamento para exigir a posse de Puigdemont, na hora que deveria ter sido celebrada a sessão (12h00 de Brasília).
"Puigdemont é nosso presidente. O povo elegeu seu dirigente", disse à AFP José Anaya, um aposentado de 72 anos, exibindo sua máscara de Puigdemont. "Estamos indignados", afirmou.
Posteriormente, centenas de pessoas desafiaram a Polícia, que fechou por medida de segurança o parque onde fica o Parlamento e se mantinham posicionadas atrás de cercas instaladas a poucos metros da entrada do prédio, cantando "Queremos um plenário de posse".
- Puigdemont é o candidato -Até agora, o único candidato continua sendo Puigdemont, assegurou Torrent, porque "tem toda a legitimidade para ser candidato à posse (...) e tem todo o direito".
Radicado em Bruxelas poucos dias após a declaração frustrada de independência da Catalunha, em 27 de outubro, após o que foi destituído da Presidência catalã, Puigdemont havia pedido a Torrent para garantir "as medidas necessárias" para assistir ao plenário.
Essa era a única maneira de ser eleito, determinou o Tribunal Constitucional, após se reunir em caráter de urgência no sábado passado para estudar um recurso do governo central.
Em seu auto, a corte proibiu uma posse à distância de Puigdemont, uma alternativa aventada pelo candidato e pelo Juntos pela Catalunha. Para comparecer ao Parlamento, Puigdemont devia primeiro pedir permissão ao juiz do Supremo Tribunal que leva a ação contra o núcleo duro do separatismo.
O Constitucional rejeitou nesta terça-feira um recurso de Puigdemont contra a sentença, segundo fontes do tribunal.
- "Não aceitamos ingerências" -O empenho dos separatistas em empossar Puigdemont aumentava a tensão na Espanha, que vive sua pior crise em décadas devido ao chamado "desafio separatista".
Depois de semanas de tensão e de um referendo de autodeterminação realizado apesar da proibição da Justiça em 1º de outubro, o Parlamento catalão declarou a secessão da Espanha no dia 27 deste mês.
A independência não se materializou: horas depois, o governo central interveio na autonomia regional, suspendeu seu Executivo e convocou novas eleições para 21 de dezembro, com a esperança de acalmar as águas nesta região, cuja sociedade se mostra muito dividida sobre a independência.
Mas nestas eleições antecipadas retiveram a maioria absoluta do Parlamento e disseram querer recolocar Puigdemont no poder, como uma demonstração de "dignidade" perante Madri.
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