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Justiça espanhola julgará nesta terça homem que tentou entrar no país com filho dentro de mala

7.mai.2015 - Imagem do scanner no controle de fronteira de Tarajal, em Ceuta, revelou um menino dentro da mala de uma mulher. Abou, 8, viajava ilegalmente dentro da mala para encontrar seu pai na Espanha, que havia pago para que ele entrasse no país - Guarda Civil Espanhola/HO/AFP
7.mai.2015 - Imagem do scanner no controle de fronteira de Tarajal, em Ceuta, revelou um menino dentro da mala de uma mulher. Abou, 8, viajava ilegalmente dentro da mala para encontrar seu pai na Espanha, que havia pago para que ele entrasse no país Imagem: Guarda Civil Espanhola/HO/AFP

Em Madri

19/02/2018 17h23

O pai do menino marfinense de oito anos cuja imagem escondido dentro de uma mala para entrar na Espanha espantou o mundo em 2015, será julgado nesta terça-feira (20) em Ceuta, palco de um grande número de tentativas desesperadas de entrada de migrantes.

"Vou a este julgamento muito confiante porque não sou um traficante de pessoas. Eu não ia traficar meu próprio filho, isso não faz sentido", disse à AFP Ali Ouattara, de 45 anos, na véspera de seu comparecimento ante a Justiça do enclave sob a administração espanhola de Ceuta, no norte de Marrocos.

Foi lá onde em 7 de maio de 2015, em um posto fronteiriço, uma jovem marroquina chamou a atenção por levar uma pequena mala estranhamente pesada.

Ao passar a bagagem pelo raio-x, os agentes da Guarda Civil ficaram boquiabertos ao descobrir a silhueta do menino.

espanha - Guarda Civil da Espanha/HO/AFP - Guarda Civil da Espanha/HO/AFP
8.mai.2015 - Imagem divulgada pelo Guarda Civil da Espanha registra Adou Ouattara, um menino de 8 anos proveniente da Costa do Marfim, escondido em uma mala de viagem. A mala pertencia a uma mulher de 19 anos, que pretendia entrar na Espanha pela cidade de Ceuta no dia 7 de maio. A presença do menino foi descoberta pelo equipamento de raios-X, no enclave espanhol ao norte do Marrocos. Adou Ouattara foi colocado em custódia com um visto temporário que permitiu que ele ficasse com sua mãe, enquanto seu pai permanecia em custódia, de acordo com autoridades locais
Imagem: Guarda Civil da Espanha/HO/AFP


A Promotoria pede três anos de prisão para o pai de Adou Ouattara por facilitar a entrada irregular da criança colocando sua vida em perigo.

Ali Ouattara foi preso no mesmo posto fronteiriço de Ceuta horas depois de seu filho ter sido encontrado na mala, que era carregada por uma mulher de 19 anos.

Assegura ter sido enganado pelos traficantes de pessoas e diz que nunca imaginou que o menino iria em uma mala.

Segundo Ouattara, o homem ao qual pagou 5.000 euros prometeu levar a criança em um avião até Madri, e depois lhe disse que ele finalmente entraria no país em automóvel por Ceuta.

Para o pai, "era obrigatório que ele viesse". "Não podíamos viver sem ele, pensávamos nisso o tempo todo", indicou.

Ali, ex-professor de Filosofia e Francês em Abidjan, chegou à Espanha em 2006 de forma clandestina em uma embarcação precária.

Após passar um mês na prisão em 2015, este homem morador de Bilbao foi proibido de sair da Espanha e sabe que corre perigo de voltar à cadeia. Sua esposa, sua filha e Adou vivem na França à espera da decisão da Justiça.

Adou, que ficou conhecido como o "menino da mala", terá que comparecer ao julgamento.

"Preferia que ele se mantivesse à margem porque é um tema do qual não quero falar. Nenhum de nós assumiu essa história, que é um buraco negro em nossa viagem", diz o pai, que repete seu desejo: "que toda a família possa viver junta".