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Exército brasileiro descarta ocupação permanente de favelas do Rio

27/02/2018 15h07

Rio de Janeiro, 27 Fev 2018 (AFP) - O Exército brasileiro, encarregado da segurança do estado do Rio desde meados do mês, descarta uma ocupação permanente das favelas onde operam as facções de traficantes, indicou nesta terça-feira (27) o general à frente da missão, Walter Souza Braga Netto.

"Não existe planejamento de ações permanentes em comunidades", afirmou Braga Netto em coletiva de imprensa, na qual se absteve de dar detalhes concretos sobre as medidas que poderão ser tomadas para conter a onda de violência no Rio.

Nas favelas moram mais de 1,5 milhão de pessoas, cerca de 25% da população, e algumas já estiveram ocupadas pelo Exército, como o complexo da Maré, uma das mais violentas, ocupadas entre abril de 2014 e maio de 2015.

Várias ONGs, como a Anistia Internacional, denunciaram grave violações aos direitos humanos durante essas operações.

Em julho passado, o governo brasileiro enviou 8.500 militares ao Rio para dar apoio logístico e bloquear os acessos às favelas, onde a Polícia realiza revistas em busca de traficantes, armas e drogas.

Mas esse apoio não freou a onda de criminalidade, e o presidente Michel Temer decretou, em 16 de fevereiro, a intervenção da área segurança do Rio, sob comando das Forças Armadas.

"Nossa missão é recuperar a capacidade operativa dos órgãos de segurança pública e baixar os índices de criminalidade no Estado do Rio de Janeiro", afirmou o general Braga Netto.

Mas o militar, que já esteve encarregado do dispositivo de segurança dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, se absteve de indicar os procedimentos avaliados para alcançar esses objetivos, alegando que a primeira medida concreta será "formar o gabinete" que o apoie em sua gestão.

Temer criou na segunda-feira o Ministério da Segurança Pública para coordenar a luta contra o crime organizado em escala nacional, em um país onde os principais corpos policiais estão sob a autoridade de cada estado.

"Quando você centraliza e unifica o comando, a tendência é que isso agilize o trabalho de inteligência. O que deverá ocorrer agora é uma maior agilidade", explicou Braga Netto, ao se referir às possíveis vantagens de uma força - no caso do Rio, os militares- que unifiquem as operações.

"O Rio de Janeiro é um laboratório para o Brasil. Se será difundido o que está sendo feito aqui para o Brasil, aí já não cabe a mim responder", concluiu o interventor militar.