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Separatista Puigdemont renuncia a assumir como presidente da Catalunha

01/03/2018 21h27

Barcelona, 2 Mar 2018 (AFP) - O líder separatista Carles Puigdemont anunciou nesta quinta-feira em um discurso postado nas redes sociais que retira sua candidatura a ser investido como presidente da Catalunha para facilitar a formação de "um governo o mais rápido possível".

"Nas atuais condições, esta é a maneira para que se possa acordar um novo governo, um governo o mais rápido possível", argumentou Puigdemon em um vídeo publicado nas redes sociais.

Impedido pela justiça espanhola de tomar posse, destituído pela presidência por Madri e morando na Bélgica desde outubro, indicou como seu sucessor Jordi Sánchez, ex-presidente de uma associação separatista que se encontra preso há quatro meses.

Ele, por sua vez, se tornará presidente de uma espécie de governo no "exílio", e se comprometeu a "manter a legitimidade da República catalã (...) e a trabalhar enquanto tenha liberdade para fazê-la possível".

"O caminho que temos pela frente é longo e cheio de dificuldades", mas "não nos renderemos, não abandonaremos", advertiu Puigdemont, que anunciou um processo contra o Estado espanhol ante o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Os partidos separatistas catalães anunciaram na véspera que estavam chegando a um acordo para propor um candidato alternativo a Puigdemont para a presidência regional, igualmente privilegiando Jordi Sánchez.

Até então, o único candidato era Puigdemont, suspenso da Presidência da Catalunha após a frustrada declaração de secessão desta região espanhola em 27 de outubro.

Com ele na cabeça, sua chapa foi a mais votada entre as dos separatistas nas eleições regionais de 21 de dezembro.

Puigdemont, em exílio voluntário na Bélgica, é investigado na Espanha por rebelião e sedição, e por isso corre o risco de ser preso se voltar à Espanha para ser empossado presidente regional, mas tampouco pode sê-lo à distância, segundo determinou o Tribunal Constitucional.

Desde o fim de janeiro, os três partidos separatistas majoritários, com maioria na Câmara regional, com 70 dos 135 assentos, tentam superar esse obstáculo.

Após semanas de tensas negociações entre os partidos independentistas, estes chegaram a uma fórmula para reconhecer por um lado a legitimidade de Puigdemont e assegurar por outro a formação de um governo efetivo.

A primeira parte do acordo foi cumprida nesta quinta-feira de manhã na câmara catalã. Os partidos independentistas aprovaram uma resolução na qual afirmavam que Puigdemont é "o legítimo candidato do Parlamento à presidência" mas não insistiram em empossá-lo.

Em troca, lhe outorgarão o papel simbólico de presidente do Conselho da República, um órgão criado especificamente para ele que deve "liderar o caminho para a independência" e "estar em perfeita colaboração com o governo do interior", afirmou Puigdemont.

O caminho para a formação de um governo ainda não está livre. O presidente do Parlamento catalão iniciará as consultas com os diferentes partidos para buscar um novo candidato e Jordi Sánchez parte com todas as opções.

No entanto, para ser escolhido deve conseguir uma autorização judicial para sair da prisão e se apresentar ao Parlamento. Mesmo que a obtenha, seria apenas temporária, e deveria voltar à prisão, de modo que sua ação estaria muito limitada.