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Separatistas radicais bloqueiam eleição de presidente na Catalunha

22/03/2018 19h19

Barcelona, 22 Mar 2018 (AFP) - A posse do independentista Jordi Turull como presidente da Catalunha fracassou nesta quinta-feira (22), devido à falta de apoio de um pequeno partido separatista de extrema esquerda, o que prolonga a incerteza política nesta região.

Ex-porta-voz do governo catalão de Carles Puigdemont, Turull não alcançou a maioria absoluta para ser empossado, ficando com 64 votos a favor, 65 contra e quatro abstenções no Parlamento regional.

A Câmara deverá realizar uma segunda votação no sábado, e Turull poderá ser eleito com maioria simples.

Mas é incerto se Turull poderá comparecer a esta segunda votação, pois na sexta-feira está convocado junto com outras cinco figuras do independentismo ante um juiz do Tribunal Supremo que instrui a causa por rebelião, sedição e malversação pela tentativa de secessão unilateral do ano passado.

Após a audiência, Turull, um separatista conservador de 51 anos, pode voltar à prisão depois de passar um mês na cadeia no final de 2017.

Talvez, por conta desta citação, Turull sequer tenha mencionado as palavras "independência" ou "república" em um morno discurso, distante dos posicionamentos dos separatistas mais radicais do partido CUP, que reclamavam uma aposta pela ruptura e desobediência a Madri.

Ao contrário, o candidato, que no passado se destacou por seu estilo agressivo e ferozmente independentista, ofereceu um diálogo com o governo espanhol de Mariano Rajoy.

"Pedimos para nos sentarmos à mesa para resolver politicamente os problemas", disse.

A partir desta sessão, os parlamentares têm dois meses para formar um novo governo na região antes que devam convocar por lei novas eleições.

A sessão foi convocada em poucas horas e de surpresa pelo presidente do Parlamento regional, o independentista Roger Torrent, ante a "ingerência" judicial que, em sua opinião, supunha a convocação do Supremo.

Se conseguissem empossar Turull, este seria apresentado ao juiz como o novo presidente regional e sua hipotética prisão tomaria uma nova dimensão.

O governo espanhol, através do ministro da Justiça, Rafael Catalá, acusou os separatistas de buscarem "um confronto com o Estado de direito".

Escolher um candidato com problemas judiciais "mostra que não há vontade real de encontrar soluções para o futuro, mas de continuar manchando o terreno", declarou à rádio Onda Cero.

Turull é o terceiro candidato promovido pelos independentistas. O primeiro foi Puigdemont, que renunciou, e o segundo foi o ativista preso desde meados de outubro, Jordi Sánchez, que não foi liberado da prisão para ser empossado.