A um ano do Brexit, a transição como um amortecedor do choque
Londres, 28 Mar 2018 (AFP) - Em 29 de março de 2019, às 23h00 GMT (20h00 de Brasília), o Reino Unido deixará oficialmente de fazer parte da União Europeia. Um salto para o desconhecido, cujo choque deve, no entanto, ser amortecido pelo acordo de transição obtido por Londres, segundo analistas.
A primeira-ministra britânica Theresa May desencadeou o processo de divórcio com a UE há um ano, no final de março de 2017.
Mas rapidamente ciente da impossibilidade de chegar a um acordo sobre o futuro relacionamento britânico com seus ex-parceiros no prazo de dois anos, May buscou e obteve esse período de transição, ganhando assim algum tempo e alguma segurança jurídica para as empresas do Reino Unido.
"Não há necessidade de estarmos prontos (ano que vem) porque temos a transição", ressalta o professor de política europeia do King's College de Londres, Anand Menon, entrevistado pela AFP.
"A ruptura está atrasada", acrescenta sua colega Catherine Barnard, professora de direito europeu na Universidade de Cambridge, segundo a qual "a verdadeira questão é se ambos os lados estarão prontos em 31 de dezembro de 2020, quando a transição terminar".
Durante a transição, Londres deixará de ter voz ativa nas decisões da UE, mas continuará a ter acesso ao mercado único em troca de uma contribuição para o orçamento do bloco.
Também será mantida a liberdade de circulação dos cidadãos europeus, exigência de Bruxelas.
- "Planos de emergência" -Mas, diante das incertezas sobre o conteúdo do acordo final, se houver, as empresas britânicas começaram a agir.
De acordo com uma pesquisa recente da empresa de advocacia Pinsent Masons, 51% das grandes companhias do Reino Unido adotaram planos de contingência, incluindo planos de transferência de pessoal para o continente.
E aquelas que ainda não o fizeram, planejam fazê-lo antes do final do ano.
O ministério das Finanças reservou bilhões de libras para preparar o Brexit.
A transição será selada somente se Londres e os 27 concordarem com os termos do divórcio até o mês de outubro, quando um tratado de retirada deve ser assinado.
O relacionamento futuro, negociado de frente, deve ser declarado também em outubro.
Mas "nada será acordado até que todos os detalhes estiverem acertados", alertam as autoridades europeias.
Londres quer sair do mercado único e da união aduaneira, mantendo as ligações mais próximas possíveis com a UE. Uma equação impossível, segundo Bruxelas.
"Embora ambas as partes pretendam minimizar o impacto negativo na economia (...), a UE deixou claro que as condições oferecidas ao Reino Unido não podem ser melhores do que as oferecidas por pertencer à UE", ressalta Magdalena Frennhoff Larsen, professora da Universidade de Westminster.
- Imigração europeia em queda -A questão da fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda, que no futuro será a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e a UE, também continua a ser um grande obstáculo.
Apesar de relutantes, os britânicos concordaram em incluir no projeto de acordo de retirada a opção de um "espaço normativo comum" incluindo a UE e a Irlanda do Norte, pelo menos até outra proposição satisfatória.
Isso porque o pequeno partido unionista norte-irlandês DUP, do qual Theresa May depende, vê com maus olhos esta solução.
Apesar da incerteza prevalecente e do impacto negativo do Brexit na economia, a maioria dos eleitores britânicos não parece se arrepender de sua escolha.
Desde o referendo de junho de 2016, sem cair na recessão prometida pelos defensores da permanência na UE, o Reino Unido viu um declínio da libra, um aumento na inflação e crescimento menor do que poderia ter sido.
"Muitos votaram pela saída da UE mais por razões políticas do que econômicas", enfatiza Magdalena Frennhoff Larsen, citando em particular a vontade dos britânicos de recuperar o controle de suas leis e colocar um freio à imigração europeia.
Mas as estatísticas mais recentes "mostram um claro declínio da imigração dos países da UE", acrescenta. "Se o declínio continuar, o Brexit já terá o efeito desejado.".
A primeira-ministra britânica Theresa May desencadeou o processo de divórcio com a UE há um ano, no final de março de 2017.
Mas rapidamente ciente da impossibilidade de chegar a um acordo sobre o futuro relacionamento britânico com seus ex-parceiros no prazo de dois anos, May buscou e obteve esse período de transição, ganhando assim algum tempo e alguma segurança jurídica para as empresas do Reino Unido.
"Não há necessidade de estarmos prontos (ano que vem) porque temos a transição", ressalta o professor de política europeia do King's College de Londres, Anand Menon, entrevistado pela AFP.
"A ruptura está atrasada", acrescenta sua colega Catherine Barnard, professora de direito europeu na Universidade de Cambridge, segundo a qual "a verdadeira questão é se ambos os lados estarão prontos em 31 de dezembro de 2020, quando a transição terminar".
Durante a transição, Londres deixará de ter voz ativa nas decisões da UE, mas continuará a ter acesso ao mercado único em troca de uma contribuição para o orçamento do bloco.
Também será mantida a liberdade de circulação dos cidadãos europeus, exigência de Bruxelas.
- "Planos de emergência" -Mas, diante das incertezas sobre o conteúdo do acordo final, se houver, as empresas britânicas começaram a agir.
De acordo com uma pesquisa recente da empresa de advocacia Pinsent Masons, 51% das grandes companhias do Reino Unido adotaram planos de contingência, incluindo planos de transferência de pessoal para o continente.
E aquelas que ainda não o fizeram, planejam fazê-lo antes do final do ano.
O ministério das Finanças reservou bilhões de libras para preparar o Brexit.
A transição será selada somente se Londres e os 27 concordarem com os termos do divórcio até o mês de outubro, quando um tratado de retirada deve ser assinado.
O relacionamento futuro, negociado de frente, deve ser declarado também em outubro.
Mas "nada será acordado até que todos os detalhes estiverem acertados", alertam as autoridades europeias.
Londres quer sair do mercado único e da união aduaneira, mantendo as ligações mais próximas possíveis com a UE. Uma equação impossível, segundo Bruxelas.
"Embora ambas as partes pretendam minimizar o impacto negativo na economia (...), a UE deixou claro que as condições oferecidas ao Reino Unido não podem ser melhores do que as oferecidas por pertencer à UE", ressalta Magdalena Frennhoff Larsen, professora da Universidade de Westminster.
- Imigração europeia em queda -A questão da fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda, que no futuro será a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e a UE, também continua a ser um grande obstáculo.
Apesar de relutantes, os britânicos concordaram em incluir no projeto de acordo de retirada a opção de um "espaço normativo comum" incluindo a UE e a Irlanda do Norte, pelo menos até outra proposição satisfatória.
Isso porque o pequeno partido unionista norte-irlandês DUP, do qual Theresa May depende, vê com maus olhos esta solução.
Apesar da incerteza prevalecente e do impacto negativo do Brexit na economia, a maioria dos eleitores britânicos não parece se arrepender de sua escolha.
Desde o referendo de junho de 2016, sem cair na recessão prometida pelos defensores da permanência na UE, o Reino Unido viu um declínio da libra, um aumento na inflação e crescimento menor do que poderia ter sido.
"Muitos votaram pela saída da UE mais por razões políticas do que econômicas", enfatiza Magdalena Frennhoff Larsen, citando em particular a vontade dos britânicos de recuperar o controle de suas leis e colocar um freio à imigração europeia.
Mas as estatísticas mais recentes "mostram um claro declínio da imigração dos países da UE", acrescenta. "Se o declínio continuar, o Brexit já terá o efeito desejado.".
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