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Seis países suspendem sua participação na Unasul

1.nov.2016 - O colombiano Erneto Samper, último secretário-geral da Unasul, antes de impasse - Rodrigo Buendia/AFP
1.nov.2016 - O colombiano Erneto Samper, último secretário-geral da Unasul, antes de impasse Imagem: Rodrigo Buendia/AFP

Brasília

20/04/2018 22h04

Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru e Paraguai suspenderão suas atividades no bloco Unasul até a nomeação de um novo secretário-geral, cargo atualmente bloqueado pela Venezuela, disseram nesta sexta-feira (20) à AFP fontes diplomáticas em Brasília, Lima e Bogotá.

A decisão foi enviada em uma carta na última quinta-feira (19) à Bolívia, que neste mês passou a exercer a presidência rotativa da União de Nações Sul-americanas (Unasul), e reduz na prática o bloque de 12 membros à metade, além de retirar da mesa de negociação as maiores economias da região.

"A Venezuela inviabiliza o funcionamento da Unasul. Então, a partir de agora os seis países não vão participar mais de instâncias da Unasul até que se resolva o problema da secretaria-geral. Se não se resolver, nós vamos ter que pensar em outra alternativa.

A resolução será formalizada em breve, quando os chanceleres coordenarem os detalhes do anúncio.

"Este grupo de países propôs que haja imediatamente uma reunião para reativar a organização, trazendo-se de volta a seus objetivos originais: a integração e a infraestrutura regional", disse à AFP o vice-ministro peruano das Relações Exteriores, Hugo de Zela.

O diplomata esclareceu que "o grupo não propôs sair da Unasul".

Todas as nações que assinaram a carta manterão suas contribuições financeiras, confirmou a fonte de Brasília.

Na mesma linha, a chancelaria colombiana confirmou que interromperá suas atividades no grupo "enquanto não houver resultados concretos que garantam o funcionamento adequado da organização".

A Unasul, com sede em Quito e criada por iniciativa do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, está estagnada a mais de um ano por divergências na escolha do secretário-geral.

Segundo fontes brasileiras, Caracas veta a candidatura do argentino José Octavio Bordón - atual embaixador no Chile - com o apoio da Bolívia e do Suriname.

Acordo sobre secretário-geral

O chanceler boliviano, Fernando Huanacuni Mamani, cujo país ostenta a presidência temporária organismo, disse que os seis países disseram à Bolívia que "deixarão de participar em reuniões de instâncias da Unasul, até que se resolva sobre a nomeação do secretário-geral".

Esse cargo de importância está vago desde 31 de janeiro de 2017, após o fim da gestão do colombiano Ernesto Samper e que, desde então, os países não conseguiram chegar a um acordo para nomear um sucessor, informou a assessoria de imprensa da chancelaria boliviana.

Huanacuni, entrevistado por uma rádio de La Paz, informou que está sendo convocada uma "reunião extraordinária de chanceleres" do grupo regional para chegar a um consenso sobre a nomeação do substituto de Samper e que está sendo coordenado uma data, embora mais cedo tenha dito em Quito que a data seria para maio.

A decisão das seis nações reflete as divisões ideológicas dentro do grupo, onde convivem governos de centro e de direita, que consideram o bloco uma ferramenta de integração complementar a outras, com governos de esquerda, que o consideram um contrapeso à influência americana em grandes organismos multilaterais.

A polarização se aprofundou com a crise que isolou o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e que resultou na suspensão desse país do Mercosul em agosto de 2017 por considerar que impulsionou uma ruptura da ordem constitucional.

Recentemente, 14 países do Grupo de Lima anunciaram que não reconhecerão as eleições presidenciais de 20 de maio na Venezuela.