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Candidata do partido islamita Ennahdha será primeira prefeita de Túnis

03/07/2018 12h38

Tunes, 3 Jul 2018 (AFP) - Souad Abderrahim, líder da chapa do partido islamita Ennahdha nas recentes eleições municipais em Tunes, se tornou nesta terça-feira a primeira mulher eleita para ocupar a prefeitura da capital.

Abderrahim, membro do gabinete político de Ennahdha apesar de definir-se como independente, foi eleita pelos novos vereadores municipais com 26 votos a favor, contra os 22 para seu principal adversário, Kamel Idir.

Idir, que foi uma autoridade local durante o regime de Zine el Abidine ben Ali, era líder de chapa do partido Nidaa Tounès, fundado pelo presidente Béji Caïd Essebsi e atual aliado da Ennahdha a nível nacional.

"Ofereço essa vitória a todas as mulheres de meu país, a toda a juventude e a Tunes", disse, visivelmente emocionada, esta gerente de empresa farmacêutica, de 53 anos.

"A primeira questão a ser enfrentada será a melhora da imagem de Tunes", disse à AFP.

A capital tunisiana enfrenta um problema de gestão de resíduos, que piorou após a revolução de 2011, que expulsou Ben Ali do poder.

Abderrahim foi eleita no segunda turno eleitoral, boicoteado por alguns representantes de centro e de esquerda, que se negavam a votar em um dos dois candidatos dos partidos hegemônicos, Ennahdha e Nidaa.

Ennahdha ganhou em Tunes nas eleições municipais de 6 de maio - as primeiras desde a revolução e que foram marcadas por uma forte abstenção -, mas não conseguiu maioria absoluta, ao obter 21 assentos de 60.

Abderrahim acompanha o Ennahdha há bastante tempo. Ela foi militante durante seus anos de estudante universitária e ocupou uma cadeira do bloco Ennahdha na Assembleia Constituinte de 2011-2014. Depois desapareceu quase completamente do cenário político, até as eleições municipais de 6 de maio.

Essas eleições supõem o começo da descentralização, um projeto crucial em um país onde as eleições municipais costumavam contar com pouca autonomia, dependendo de uma administração central frequentemente marcada pelo clientelismo.

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