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Merkel adverte Trump sobre guerra comercial por tarifas de automóveis

04/07/2018 11h44

Berlim, 4 Jul 2018 (AFP) - A chanceler alemã, Angela Merkel, advertiu o presidente americano, Donald Trump, nesta quarta-feira (4) sobre o risco de uma "guerra" comercial, caso os Estados Unidos prossigam com as ameaças de tarifas sobre as importações de automóveis.

Washington já provocou um "conflito comercial" ao adotar tarifas sobre as importações de aço e alumínio, declarou Merkel no Parlamento em Berlim.

"Temos negociações em marcha, muito mais sérias, sobre o estabelecimento de direitos alfandegários às importações de veículos pelos Estados Unidos", disse.

"É necessário fazer todo o possível para apaziguar este conflito antes que se transforme em uma verdadeira guerra, mas para isso são necessários dois", enfatizou a chefe de Governo da Alemanha, ao pedir que o presidente americano aceite a negociação.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, viajará em breve aos Estados Unidos para fazer propostas sobre esta questão.

A chanceler alemã respondeu desta maneira as mais recentes ameaças de Trump, que prevê a adoção de tarifas de 20% aos veículos importados pelos Estados Unidos procedentes da União Europeia (UE).

O setor automobilístico é vital para a economia alemã e gera quase 800.000 empregos no país.

Merkel também rebateu as críticas do presidente americano sobre os excedentes comerciais da Alemanha e da União Europeia com os Estados Unidos, ao destacar que afetam apenas o setor industrial.

"Se você contabiliza os serviços, incluindo os serviços digitais, neste caso, a balança comercial é totalmente diferente, com um excedente americano na Europa maior do que o inverso", disse a chanceler.

As declarações foram dadas em um contexto de relações comerciais cada vez mais tensas entre Estados Unidos e UE, depois da decisão de Donald Trump de impor, a partir de 1º de junho, tarifas de 25% para o aço e de 10% para o alumínio exportados por quase todos os países do mundo, incluindo alguns aliados dos Estados Unidos.

A UE respondeu depois de três semanas com medidas de retaliação, que incluem tarifas adicionais a dezenas de produtos americanos, como o uísque e as motos Harley-Davidson.

- Defesa e Otan -Em relação à defesa, outra questão de atrito com Washington, Merkel admitiu que seu país deve fazer mais.

"Comparado com o que os outros fazem, em relação ao seu PIB, certamente não é suficiente. Por isso, decidimos aumentar nosso orçamento (de defesa) para 1,5% do PIB até 2025", declarou a chanceler, cujo governo adota nesta sexta-feira projetos orçamentários em defesa para o período 2019-2022.

A Alemanha se comprometeu, no âmbito da Otan, a atingir a meta de investimento de 2% do PIB em defesa até 2025, de acordo com as regras internas da Aliança Atlântica.

Mas Berlim ainda está distante, empregando apenas 1,24% de seus gastos este ano no setor.

Essa situação provoca a insatisfação do presidente americano, antes de uma cúpula antecipada da Otan em 11 e 12 de julho.

Na semana passada, Trump enviou uma carta a vários membros da União Europeia (UE) pertencentes à Otan - e especialmente à Alemanha - para lembrá-los de seus compromissos de aumentar seus gastos militares.

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