Renúncia do ministro para o Brexit acentua crise no governo britânico
Londres, 9 Jul 2018 (AFP) - O ministro britânico para o Brexit, David Davis, renunciou ao cargo neste domingo (9), um golpe para a primeira-ministra Theresa May, que rapidamente nomeou seu sucessor para cerrar fileiras em torno de um plano para manter laços econômicos fortes com a União Europeia, após abandonar o bloco.
Ao ser questionado sobre se a saída repentina do negociador britânico nas conversas sobre o "divórcio" seria um problema, o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, afirmou: "Não para nós. Estamos aqui para trabalhar".
Em várias ocasiões, o eurocético Davis, encarregado de negociar o Brexit em nome da UE, já havia ameaçado renunciar por causa da posição de May. Acabou entregando o cargo dias depois de Londres aprovar um plano para desbloquear a negociação com Bruxelas.
O negociador da Comissão, Michel Barnier, responsável por negociar o Brexit em nome do restante da UE, manifestou que continuarão com as discussões "de boa-fé com a primeira-ministra May e com os negociadores britânicos".
Davis será substituído pelo eurocético Dominic Raab, até agora secretário de Estado para o Brexit.
"A rainha fica satisfeita de aprovar a nomeação do deputado Dominic Raab como ministro para a Saída da União Europeia", anunciou Downing Street, horas depois da renúncia de Davis em protesto pelos planos de May de manter vínculos econômicos fortes com a UE, após a saída do bloco.
Raab, de 44 anos, deputado desde 2010, fez campanha a favor da saída da UE no referendo de 2016.
A nove meses de se materializar a saída da UE, em março de 2019, Raab enfrenta o desafio de resolver grandes questões nas negociações, como o futuro das relações comerciais, ou da fronteira norte-irlandesa, a única terrestre entre o Reino Unido e a UE.
Davis renunciou por considerar que o plano de May deixará o Reino Unido, "no melhor dos casos, em uma posição frágil de negociação".
- Davis nega querer queda de May -Em sua primeira entrevista após a renúncia, Davis disse à rádio BBC que não pretende levar à queda de May, nem liderar um levante contra o governo, mas a possibilidade é real, dada a fraqueza parlamentar da premiê.
"É uma boa primeira-ministra", desconversou Davis, manifestando a esperança de que sua renúncia sirva para "pressionar para que não se façam mais concessões" a Bruxelas.
Segundo a imprensa britânica, o secretário de Estado para o Brexit, Steve Baker, também entregou o cargo.
Essas renúncias acontecem dois dias depois de o Executivo aprovar um plano para desbloquear as negociações com Bruxelas.
Para Davis, o plano "fará que o suposto controle do Parlamento seja mais uma ilusão do que uma realidade".
E foi especialmente crítico com a proposta de um "regulamento comum" para permitir o livre-comércio de bens, ao considerar que "se entrega à UE o controle de amplos setores da nossa economia, e claramente não nos devolve o controle das nossas leis em nenhum sentido real".
Para Davis, seu cargo exigia ser "um entusiasta crédulo da abordagem" de May, "e não apenas um recruta reticente".
- May defende seu plano -Em uma carta, May respondeu, dizendo que seu plano para o Brexit "significará, sem dúvida, o retorno de poderes de Bruxelas para o Reino Unido" e que está em linha com seu compromisso de abandonar o mercado único europeu e a união aduaneira.
"Gostaria de lhe agradecer sinceramente por tudo o que fez nos últimos dois anos como ministro para dar forma à nossa saída da UE", disse a primeira-ministra britânica.
Davis, um eurocético de longa data, foi designado há dois anos para dirigir o recém-criado Departamento para a Saída da União Europeia, depois que os britânicos votaram em um referendo a favor de abandonar o bloco.
Tornou-se a cara do Brexit, ao liderar as delegações britânicas nas conversas com Bruxelas, embora seu papel tenha sido ofuscado nos últimos meses à medida que May e seus assistentes assumiam um maior protagonismo na estratégia negociadora.
O ministro, de 69 anos, já teria ameaçado renunciar várias vezes, por considerar que a posição britânica nas negociações não era firme o suficiente. Em público, porém, sempre se manteve leal à premiê.
May deve se pronunciar diante do Parlamento nesta segunda-feira para explicar seu plano de que Reino Unido adote as normas europeias sobre o comércio de bens. A proposta é malvista pelos deputados de seu próprio partido, que querem uma ruptura clara com a Europa, e pelos empresários, que acreditam que a proposta ainda causará danos econômicos.
O deputado conservador Peter Bone opinou que Davis "fez o correto", ao considerar que as propostas de May tinham "apenas o nome de Brexit" e que "não são aceitáveis".
Já Jacob Rees-Mogg, defensor de um Brexit duro, disse à rede Sky News: "Isso coloca sérias questões sobre as ideias da primeira-ministra. Se o ministro do Brexit não consegue apoiá-las, não devem ser propostas muito boas".
dt-al/zm/tt
Ao ser questionado sobre se a saída repentina do negociador britânico nas conversas sobre o "divórcio" seria um problema, o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, afirmou: "Não para nós. Estamos aqui para trabalhar".
Em várias ocasiões, o eurocético Davis, encarregado de negociar o Brexit em nome da UE, já havia ameaçado renunciar por causa da posição de May. Acabou entregando o cargo dias depois de Londres aprovar um plano para desbloquear a negociação com Bruxelas.
O negociador da Comissão, Michel Barnier, responsável por negociar o Brexit em nome do restante da UE, manifestou que continuarão com as discussões "de boa-fé com a primeira-ministra May e com os negociadores britânicos".
Davis será substituído pelo eurocético Dominic Raab, até agora secretário de Estado para o Brexit.
"A rainha fica satisfeita de aprovar a nomeação do deputado Dominic Raab como ministro para a Saída da União Europeia", anunciou Downing Street, horas depois da renúncia de Davis em protesto pelos planos de May de manter vínculos econômicos fortes com a UE, após a saída do bloco.
Raab, de 44 anos, deputado desde 2010, fez campanha a favor da saída da UE no referendo de 2016.
A nove meses de se materializar a saída da UE, em março de 2019, Raab enfrenta o desafio de resolver grandes questões nas negociações, como o futuro das relações comerciais, ou da fronteira norte-irlandesa, a única terrestre entre o Reino Unido e a UE.
Davis renunciou por considerar que o plano de May deixará o Reino Unido, "no melhor dos casos, em uma posição frágil de negociação".
- Davis nega querer queda de May -Em sua primeira entrevista após a renúncia, Davis disse à rádio BBC que não pretende levar à queda de May, nem liderar um levante contra o governo, mas a possibilidade é real, dada a fraqueza parlamentar da premiê.
"É uma boa primeira-ministra", desconversou Davis, manifestando a esperança de que sua renúncia sirva para "pressionar para que não se façam mais concessões" a Bruxelas.
Segundo a imprensa britânica, o secretário de Estado para o Brexit, Steve Baker, também entregou o cargo.
Essas renúncias acontecem dois dias depois de o Executivo aprovar um plano para desbloquear as negociações com Bruxelas.
Para Davis, o plano "fará que o suposto controle do Parlamento seja mais uma ilusão do que uma realidade".
E foi especialmente crítico com a proposta de um "regulamento comum" para permitir o livre-comércio de bens, ao considerar que "se entrega à UE o controle de amplos setores da nossa economia, e claramente não nos devolve o controle das nossas leis em nenhum sentido real".
Para Davis, seu cargo exigia ser "um entusiasta crédulo da abordagem" de May, "e não apenas um recruta reticente".
- May defende seu plano -Em uma carta, May respondeu, dizendo que seu plano para o Brexit "significará, sem dúvida, o retorno de poderes de Bruxelas para o Reino Unido" e que está em linha com seu compromisso de abandonar o mercado único europeu e a união aduaneira.
"Gostaria de lhe agradecer sinceramente por tudo o que fez nos últimos dois anos como ministro para dar forma à nossa saída da UE", disse a primeira-ministra britânica.
Davis, um eurocético de longa data, foi designado há dois anos para dirigir o recém-criado Departamento para a Saída da União Europeia, depois que os britânicos votaram em um referendo a favor de abandonar o bloco.
Tornou-se a cara do Brexit, ao liderar as delegações britânicas nas conversas com Bruxelas, embora seu papel tenha sido ofuscado nos últimos meses à medida que May e seus assistentes assumiam um maior protagonismo na estratégia negociadora.
O ministro, de 69 anos, já teria ameaçado renunciar várias vezes, por considerar que a posição britânica nas negociações não era firme o suficiente. Em público, porém, sempre se manteve leal à premiê.
May deve se pronunciar diante do Parlamento nesta segunda-feira para explicar seu plano de que Reino Unido adote as normas europeias sobre o comércio de bens. A proposta é malvista pelos deputados de seu próprio partido, que querem uma ruptura clara com a Europa, e pelos empresários, que acreditam que a proposta ainda causará danos econômicos.
O deputado conservador Peter Bone opinou que Davis "fez o correto", ao considerar que as propostas de May tinham "apenas o nome de Brexit" e que "não são aceitáveis".
Já Jacob Rees-Mogg, defensor de um Brexit duro, disse à rede Sky News: "Isso coloca sérias questões sobre as ideias da primeira-ministra. Se o ministro do Brexit não consegue apoiá-las, não devem ser propostas muito boas".
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