Escócia e Catalunha defendem um pacto de referendos separatistas
Edimburgo, 11 Jul 2018 (AFP) - A chefe do governo escocês, Nicola Sturgeon, e o presidente catalão, Quim Torra, defenderam nesta quarta-feira (11) a obtenção de acordos com Londres e Madri, respectivamente, para realizar referendos separatistas.
"Ambos concordaram em que os conflitos vinculados à autodeterminação devem ser resolvidos através de referendos democráticos, com as condições acertadas pelas partes envolvidas", diz o comunicado conjunto difundido depois do encontro na residência de Sturgeon, em Edimburgo.
"Não falamos disso", respondeu o presidente catalão ao ser indagado sobre a possibilidade de um segundo referendo de independência na Escócia depois do de 2014 - no qual o "Não" saiu vencedor -, uma possibilidade que a primeira-ministra britânica, Theresa May, por ora rejeita.
Os separatistas escoceses reclamam de sua líder maiores gestos de simpatia em relação à causa catalã, mas tanto Sturgeon como seu predecessor, Alex Salmond, parecem priorizar as boas relações com o governo espanhol, que teria de aprovar a entrada da Escócia na União Europeia (UE) se algum dia o país se tornasse independente do Reino Unido.
- Presos políticos -Depois de anos de causa compartilhada e com a questão do processo de extradição da ex-ministra catalã Clara Ponsatí, que atualmente vive na Escócia, o comunicado não faz referência aos políticos independentistas presos.
Ponsatí, que foi ministra da Educação do governo regional catalão durante a fracassada proclamação de independência em outubro de 2017, afirmou nesta quarta-feira à AFP que agora teria feito as coisas de "maneira diferente".
"Quando me uni ao governo [em julho de 2017], a estratégia estava majoritariamente decidida e acho que era uma boa estratégia. Mas houve indecisão, confusão e dificuldades na hora de responder à reação muito dura por parte das autoridades espanholas", explicou, referindo-se à resposta policial ao referendo de independência de 1o. de outubro e à prisão de vários líderes independentistas.
A forma dos catalães e escoceses tratarem a questão separatista apresenta diferenças visíveis, com os primeiros optando pelo caminho unilateral e os segundos preferindo um acordo com Londres.
Foi assim que a Escócia pôde organizar o referendo separatista de 2014 com o consentimento do governo britânico, ao passo que a justiça e o governo espanhóis não permitiram a consulta na Catalunha amparando-se na Constituição.
O governo escocês já deixou claro que não pretende envolver-se no caso Ponsatí.
"Os nacionalistas escoceses sempre sentiram simpatia pelos nacionalistas catalãs, mas os nacionalistas escoceses seguem com muito cuidado pelo caminho da legalidade", explicou o analista político Michael Keating à AFP.
Stephen Daisley, colunista da revista The Spectator, afirmou em um artigo que o encontro desta quarta "parecia uma boa ideia, uma vez que Sturgeon poderia aplacar suas bases e Torra ganharia legitimidade".
Mas igualmente destacou que, ao receber o presidente catalão e se negar a fazer a mesma coisa com o americano Donald Trump, Sturgeon evidencia um caso de duplos padrões. "Não defendemos os valores liberais, e sim apenas questionamos os reacionários de quem discordamos", exemplificou.
"Ambos concordaram em que os conflitos vinculados à autodeterminação devem ser resolvidos através de referendos democráticos, com as condições acertadas pelas partes envolvidas", diz o comunicado conjunto difundido depois do encontro na residência de Sturgeon, em Edimburgo.
"Não falamos disso", respondeu o presidente catalão ao ser indagado sobre a possibilidade de um segundo referendo de independência na Escócia depois do de 2014 - no qual o "Não" saiu vencedor -, uma possibilidade que a primeira-ministra britânica, Theresa May, por ora rejeita.
Os separatistas escoceses reclamam de sua líder maiores gestos de simpatia em relação à causa catalã, mas tanto Sturgeon como seu predecessor, Alex Salmond, parecem priorizar as boas relações com o governo espanhol, que teria de aprovar a entrada da Escócia na União Europeia (UE) se algum dia o país se tornasse independente do Reino Unido.
- Presos políticos -Depois de anos de causa compartilhada e com a questão do processo de extradição da ex-ministra catalã Clara Ponsatí, que atualmente vive na Escócia, o comunicado não faz referência aos políticos independentistas presos.
Ponsatí, que foi ministra da Educação do governo regional catalão durante a fracassada proclamação de independência em outubro de 2017, afirmou nesta quarta-feira à AFP que agora teria feito as coisas de "maneira diferente".
"Quando me uni ao governo [em julho de 2017], a estratégia estava majoritariamente decidida e acho que era uma boa estratégia. Mas houve indecisão, confusão e dificuldades na hora de responder à reação muito dura por parte das autoridades espanholas", explicou, referindo-se à resposta policial ao referendo de independência de 1o. de outubro e à prisão de vários líderes independentistas.
A forma dos catalães e escoceses tratarem a questão separatista apresenta diferenças visíveis, com os primeiros optando pelo caminho unilateral e os segundos preferindo um acordo com Londres.
Foi assim que a Escócia pôde organizar o referendo separatista de 2014 com o consentimento do governo britânico, ao passo que a justiça e o governo espanhóis não permitiram a consulta na Catalunha amparando-se na Constituição.
O governo escocês já deixou claro que não pretende envolver-se no caso Ponsatí.
"Os nacionalistas escoceses sempre sentiram simpatia pelos nacionalistas catalãs, mas os nacionalistas escoceses seguem com muito cuidado pelo caminho da legalidade", explicou o analista político Michael Keating à AFP.
Stephen Daisley, colunista da revista The Spectator, afirmou em um artigo que o encontro desta quarta "parecia uma boa ideia, uma vez que Sturgeon poderia aplacar suas bases e Torra ganharia legitimidade".
Mas igualmente destacou que, ao receber o presidente catalão e se negar a fazer a mesma coisa com o americano Donald Trump, Sturgeon evidencia um caso de duplos padrões. "Não defendemos os valores liberais, e sim apenas questionamos os reacionários de quem discordamos", exemplificou.
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