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Veterano da dissidência chinesa condenado a 13 anos de prisão por "subversão"

11/07/2018 06h12

Pequim, 11 Jul 2018 (AFP) - O veterano dissidente chinês Qin Yongmin foi condenado nesta quarta-feira a 13 anos de prisão por "subversão", a maior pena imposta a um opositor desde a chegada à presidência de Xi Jinping.

Qin Yongmin foi declarado "culpado de subversão do poder de Estado", anunciou a Corte Popular Intermediária da cidade de Wuhan).

Qin Yongmin, 64 anos, foi detido pela primeira vez entre 1981 e 1989, como "contrarrevolucionário" e passou 22 anos de sua vida na prisão ou em campos de reeducação pelo trabalho, segundo a organização de defesa dos direitos humanos Chinese Human Rights Defenders (CHRD).

Quando foi detido em janeiro de 2015, ele dirigia a CHRD, que divulgava denúncias das políticas de governo e organizava grupos de discussão.

Qin se negou a cooperar com o tribunal e permaneceu em silêncio durante o julgamento em maio, informou o advogado Lin Qilei.

Seu outro advogado, Liu Zhengqing, disse à AFP que estava "sem esperança" pela sentença e "irritado com o corrupto regime" da China.

"Claramente vamos apelar", afirmou.

O anúncio da condenação aconteceu um dia depois da poeta Liu Xiau, viúva do dissidente chinês e vencedor do Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo, que estava de fato em prisão domiciliar desde 2010, ter deixado a China com destino a Alemanha.

Apesar de nunca ter sido formalmente acusada, a poeta de 57 anos sofreu uma forte restrição de movimentos a partir do momento em que seu marido recebeu o Prêmio Nobel da Paz, um reconhecimento que irritou Pequim.

Liu Xiaobo, que participou dos protestos da Praça Tiananmen (Paz Celestial) em 1989, morreu no ano passado vítima de um câncer de fígado, enquanto cumpria uma pena de 11 anos de prisão, também por "subversão"

"É espantoso ver uma sentença tão dura contra um veterano ativista que apenas exerceu sua liberdade de expressão, um dia depois de observamos um pouco de esperança no caso de Liu Xia", afirmou à AFP Patrick Poon, da Anistia Internacional.

"Isto lembra que não deveríamos esquecer os ativistas menos famosos que enfrentam duras penas e assédio", completou.

De acordo com a acusação, os promotores citaram textos de Qin sobre a democracia como prova, incluindo um trecho em que pedia à juventude chinesa que lutasse pela proteção dos direitos humanos de acordo com os tratados da ONU (dos quais a China ratificou seis).

O veterano ativista havia sido declarado culpado e condenado à prisão pela última vez em 1998 por tentar registrar os estatutos do "Partido Democrático Chinês". Foi libertado em dezembro de 2010.

A União Europeia (UE) criticou a "deterioração da situação dos direitos civis e políticos na China, acompanhada pela detenção e condenação de um número significativo de defensores chineses dos direitos humanos".

Os europeus também recordaram que o país asiático assinou, mas não ratificou, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos.

Este foi o documento citado por Qin quando tentou fundar seu partido em 1998, o que o levou à prisão.

O presidente chinês, Xi Jinping, que chegou ao poder em 2012, se comprometeu a eliminar "qualquer ameaça que possa abalar" a autoridade do Partido Comunista Chinês.

Desde então, a condenação por "subversão" mais dura havia sido a do ativista Wu Gan, condenado em dezembro a oito anos de prisão.