Um ano após êxodo, o futuro dos rohingyas segue incerto
Cox's Bazar, Bangladesh, 24 Ago 2018 (AFP) - Um ano depois do êxodo em massa dos rohingyas, o futuro desta minoria muçulmana de Mianmar continua incerto por falta de recursos para atender às necessidades dos campos de refugiados e de vontade política para respeitar o acordo de repatriação.
Em 25 de agosto de 2017, o ataque de rebeldes rohingyas contra postos fronteiriços desencadeou uma sangrenta repressão do exército birmanês contra esta minoria, uma operação que a ONU chamou de "limpeza étnica".
Cerca de 700.000 membros desta comunidade fugiram para Bangladesh e se refugiaram em imensos campos na região do Cox's Bazar, no sudeste deste país, na fronteira com Mianmar.
O governo birmanês aceitou em janeiro sua repatriação. Mas oito meses depois, este acordo, assinado com o executivo de Bangladesh, ainda não foi aplicado e menos de 200 rohingyas retornaram à Mianmar.
A líder birmanesa Aung San Suu Kyi, muito criticada pela gestão desta crise humanitária, negou esta semana qualquer responsabilidade pelo fracasso de implementação deste acordo e culpou as autoridades de Bangladesh, que "devem decidir a rapidez" do processo.
As ações do governo birmanês, os atrasos e adiamentos e o medo de uma nova perseguição violenta dificultam o regresso dos rohingyas.
Os membros desta comunidade também querem receber uma indenização por terem perdido suas terras, que foram incendiadas ou confiscadas pelo exército birmanês.
Mianmar nega a cidadania a essa minoria muçulmana desde 1982, privando-a do acesso à educação e à saúde.
"Nós não voltaremos, porque (as autoridades birmanesas) não são honestas conosco", diz Nay Lin Aung, uma refugiada que reside em um acampamento.
No entanto, Bangladesh, um dos países mais pobres e densamente povoados do mundo, tem grande dificuldade em cuidar do um milhão de rohingyas que se refugiaram nos últimos anos no país.
O governo adverte que agora há a possibilidade de instalá-los em uma ilha ameaçada pelas enchentes.
- Doações insuficientes -A vida nos campos de refugiados rohingyas está se tornando cada vez mais difícil.
A ONU lançou em março um pedido para arrecadar 1 bilhão de dólares para cobrir as necessidades dos campos de refugiados, mas apenas um terço dessas doações foram obtidas, o que é uma preocupação para os observadores.
"As doações geralmente são altas no primeiro ano (...), mas depois é muito mais difícil obtê-las", diz Peter Salama, diretor do Programa de Gerenciamento da Situação de Emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Epidemias de difteria, cólera e outras doenças estão sob controle nos campos de rohingyas, mas novos surtos podem ocorrer devido à falta de recursos.
O Banco Mundial anunciou em junho que iria desbloquear um fundo de US$ 500 milhões para ajudar Bangladesh.
A pressão internacional sobre Mianmar também cresce. Os Estados Unidos anunciaram em meados de agosto sanções contra quatro comandantes e duas unidades militares birmanesas, acusados de estarem implicados na "limpeza étnica" dos rohingyas.
O Conselho de Segurança da ONU deve reunir-se na próxima semana para tratar dessa questão. Mas Mianmar tem o apoio da China, um dos membros permanentes do Conselho.
Ao mesmo tempo, as ONGs estão reunindo vários testemunhos nos campos de refugiados para denunciar o exército birmanês perante o Tribunal Penal Internacional.
bur-apj/sde/pg/eb/pb/mr
Em 25 de agosto de 2017, o ataque de rebeldes rohingyas contra postos fronteiriços desencadeou uma sangrenta repressão do exército birmanês contra esta minoria, uma operação que a ONU chamou de "limpeza étnica".
Cerca de 700.000 membros desta comunidade fugiram para Bangladesh e se refugiaram em imensos campos na região do Cox's Bazar, no sudeste deste país, na fronteira com Mianmar.
O governo birmanês aceitou em janeiro sua repatriação. Mas oito meses depois, este acordo, assinado com o executivo de Bangladesh, ainda não foi aplicado e menos de 200 rohingyas retornaram à Mianmar.
A líder birmanesa Aung San Suu Kyi, muito criticada pela gestão desta crise humanitária, negou esta semana qualquer responsabilidade pelo fracasso de implementação deste acordo e culpou as autoridades de Bangladesh, que "devem decidir a rapidez" do processo.
As ações do governo birmanês, os atrasos e adiamentos e o medo de uma nova perseguição violenta dificultam o regresso dos rohingyas.
Os membros desta comunidade também querem receber uma indenização por terem perdido suas terras, que foram incendiadas ou confiscadas pelo exército birmanês.
Mianmar nega a cidadania a essa minoria muçulmana desde 1982, privando-a do acesso à educação e à saúde.
"Nós não voltaremos, porque (as autoridades birmanesas) não são honestas conosco", diz Nay Lin Aung, uma refugiada que reside em um acampamento.
No entanto, Bangladesh, um dos países mais pobres e densamente povoados do mundo, tem grande dificuldade em cuidar do um milhão de rohingyas que se refugiaram nos últimos anos no país.
O governo adverte que agora há a possibilidade de instalá-los em uma ilha ameaçada pelas enchentes.
- Doações insuficientes -A vida nos campos de refugiados rohingyas está se tornando cada vez mais difícil.
A ONU lançou em março um pedido para arrecadar 1 bilhão de dólares para cobrir as necessidades dos campos de refugiados, mas apenas um terço dessas doações foram obtidas, o que é uma preocupação para os observadores.
"As doações geralmente são altas no primeiro ano (...), mas depois é muito mais difícil obtê-las", diz Peter Salama, diretor do Programa de Gerenciamento da Situação de Emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Epidemias de difteria, cólera e outras doenças estão sob controle nos campos de rohingyas, mas novos surtos podem ocorrer devido à falta de recursos.
O Banco Mundial anunciou em junho que iria desbloquear um fundo de US$ 500 milhões para ajudar Bangladesh.
A pressão internacional sobre Mianmar também cresce. Os Estados Unidos anunciaram em meados de agosto sanções contra quatro comandantes e duas unidades militares birmanesas, acusados de estarem implicados na "limpeza étnica" dos rohingyas.
O Conselho de Segurança da ONU deve reunir-se na próxima semana para tratar dessa questão. Mas Mianmar tem o apoio da China, um dos membros permanentes do Conselho.
Ao mesmo tempo, as ONGs estão reunindo vários testemunhos nos campos de refugiados para denunciar o exército birmanês perante o Tribunal Penal Internacional.
bur-apj/sde/pg/eb/pb/mr
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.