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Vítimas de abuso nos EUA exigem transparência ao Vaticano

30/08/2018 19h44

Washington, 30 Ago 2018 (AFP) - Associações americanas de vítimas de padres pedófilos reivindicaram nesta quinta-feira (30) que o Vaticano torne público o arquivo de um ex-prelado acusado de agressões sexuais, denunciando uma política de "sufocamento sistemático" por parte da Igreja Católica.

O pedido é feito depois da divulgação no sábado de uma carta do ex-embaixador do Vaticano nos Estados Unidos Carlo Maria Vigano, que acusou o papa Francisco de encobrir os abusos sexuais cometidos há várias décadas pelo cardeal americano Theodore McCarrick.

Essa acusação causou problemas dentro da Igreja, dividida entre a tendência liberal defendida pelo papa argentino, e uma corrente ultraconservadora oposta ao pontífice.

O cardeal McCarrick, de 88 anos, renunciou no fim de julho apesar de negar as acusações. O bispo e arcebispo da arquidiocese de Nova York, antes de partir para Washington em 2001, é um dos cardeais americanos mais proeminentes no exterior.

Peter Isley, da organização Ending Clerical Abuse (ECA), disse que o arquivo "destaca ações sobre o como o papa Francisco e outros dois papas, Bento XVI e João Paulo II, encobriram o abuso sexual de um religioso". "Isso irá nos dar respostas", acrescentou.

Em uma entrevista coletiva em frente à embaixada da Santa Sé em Washington, rechaçou igualmente as correntes "liberais e conservadoras" da igreja.

Isley denunciou que existe "uma rede criminosa dentro da Igreja Católica (...) que é acobertada por bispos de ambos os lados, e devem ser expostos e processados, e o caso (McCarrick) esclarecerá isso", afirmou.

Becky Ianni, diretora da rede de sobreviventes dos abusos dos padres (SNAP) denunciou "o encobrimento sistemático do abuso sexual" do Vaticano.

A Igreja Católica americana também tem sido abalada há semanas por um escândalo de abuso sexual na Pensilvânia (leste) executado por mais de 300 "padres predadores" que agrediram sexualmente pelo menos 1.000 crianças.

A carta de Vigano "parece ser muito oportuna", comentou a advogada da SNAP, Pamela Spees, pedindo uma investigação federal sobre as acusações contra a Igreja e como os padres condenados por pedofilia escaparam da perseguição por serem transferidos ao exterior.