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Trump questiona gravidade da agressão atribuída a juiz indicado ao Supremo

21/09/2018 23h28

Washington, 22 Set 2018 (AFP) - O presidente Donald Trump reiterou, nesta sexta-feira (21), o apoio a seu candidato para a Suprema Corte dos Estados Unidos, o juiz Brett Kavanaugh, questionado por uma acusação de agressão sexual, e pôs em xeque o testemunho da acadêmica Christine Blasey Ford, que denunciou o abuso.

"Não tenho dúvida de que, se o ataque contra a doutora Ford foi tão terrível como ela conta, então teria apresentado imediatamente acusações às autoridades locais encarregadas do cumprimento da lei", tuitou.

"Peço que ela traga essas acusações para que possamos saber a data, a hora e o lugar!", acrescentou Trump.

A mensagem de Trump provocou reações imediatas em vários setores e a hashtag #WhyIDidntReport (#porquenãodenunciei) se tornou o tema mais comentado no Twitter nos Estados Unidos.

Chuck Schumer, líder dos democratas no Senado, declarou que os comentários de Trump revelam uma profunda "incompreensão" do "trauma" que sofrem as vítimas.

Até a denúncia, Kavanaugh, um juiz de tendência conservadora, parecia caminhar para ter seu nome confirmado para esse cargo vitalício.

Segundo Trump, "o juiz Brett Kavanaugh é um bom homem, com uma reputação intocável, que está sendo atacado por políticos radicais de esquerda que não querem saber as respostas. A única coisa que querem é destruir e atrasar. Não lhes importam os fatos. Tenho que lidar com isso todo o dia em D.C. (Washington)".

A chegada de Kavanaugh à Suprema Corte colocaria os juízes progressistas, ou moderados, em minoria durante muitos anos nessa Casa, uma instância que decide questões fundamentais para a sociedade americana, como o direito ao aborto, a posse e o porte de armas de fogo e os direitos das minorias.

- Depoimento ou votação -"Os advogados radicais de esquerda querem que o FBI se envolva AGORA. Por que ninguém chamou o FBI há 36 anos?", perguntou Trump.

Os advogados de Ford e vários políticos democratas pediram em reiteradas ocasiões que o FBI abra uma investigação sobre o caso.

O líder do comitê judicial do Senado, Chuck Grassley, anunciou que realizará a votação sobre a indicação de Kavanaugh na próxima segunda-feira, a menos que Ford concorde, até o final desta sexta, em testemunhar nos próximos dias.

"Apresento um aviso de votação para a segunda-feira caso os advogados da Dra. Ford não respondam ou a Dra. Ford decida não testemunhar", declarou Grassley.

Depois de vários dias de silêncio, o advogado de Ford afirmou, na quinta-feira, que sua cliente estaria disposta a testemunhar diante dos senadores, mas impôs certas condições.

A primeira delas era não comparecer na segunda-feira, porque não pode, embora tenha se mostrado disposta a ir em um outro dia da próxima semana.

Na segunda-feira, "não é possível, e a insistência da Comissão de que assim seja é arbitrária de qualquer maneira", disseram seus advogados.

Blasey também exige que a audiência seja "justa" e que sua segurança esteja garantida.

"Como vocês sabem, ela recebeu ameaças de morte, que foram denunciadas ao FBI, e tanto ela quanto sua família tiveram de deixar sua casa", acrescentaram seus representantes.

"Ela deseja testemunhar, desde que possamos acertar condições que sejam justas e que garantam sua segurança", acrescentaram.

Além disso, os advogados apontaram que sua cliente prefere que haja uma investigação do FBI antes de testemunhar.

O líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, manifestou não ter dúvida sobre a nomeação de Kavanaugh.

"Vocês viram a briga, observaram as táticas, mas quero lhes dizer algo: em um futuro muito próximo, o juiz Kavanaugh vai estar na Suprema Corte dos Estados Unidos", frisou.

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