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Com crise na saúde, Venezuela contará por uma semana com Navio-hospital chinês

Navio-hospital chinês prepara-se para atracar no porto de La Guaira, na Venezuela - Manaure Quintero/Reuters
Navio-hospital chinês prepara-se para atracar no porto de La Guaira, na Venezuela Imagem: Manaure Quintero/Reuters

Em Caracas

22/09/2018 17h04

Escoltado por aviões militares, um navio-hospital chinês chegou à Venezuela neste sábado para assistência médica gratuita por uma semana, em meio à grave crise sofrida pelo sistema de saúde venezuelano.

"Eles vão ficar toda a semana, atendendo e recebendo pacientes", declarou o ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino, após a embarcação He Ping fang Zhou ("Arca da Paz") ancorar em La Guaira, a cerca de 40 km de Caracas.

Segundo informações oficiais, a embarcação está equipada com 500 leitos, 35 unidades de terapia intensiva e 12 salas de cirurgia. Sua tripulação foi recebida com danças típicas.

"Isso é diplomacia, com ações concretas de cooperação e não (...) invocando os tambores da guerra, do intervencionismo", acrescentou Padrino no convés do navio de 178 metros de comprimento.

Ele se referiu assim às denúncias do governo de Nicolás Maduro sobre planos liderados pelos Estados Unidos para uma intervenção militar na Venezuela.

A chegada do navio coincide com o forte impacto da crise econômica sobre a saúde, com 85% de escassez de medicamentos e 80% dos equipamentos médicos e cirúrgicos, de acordo com a Federação Médica Venezuelana e o Observatório Venezuelano da Saúde.

ONGs denunciam uma "crise humanitária", o que o governo nega.

"Vamos realizar operações conjuntas, intercâmbios acadêmicos e eventos culturais (...) Esta missão será um sucesso", disse o comandante do navio-hospital, o contra-almirante Guan Bailin, acompanhado por Padrino.

Padrino informou que, além dos venezuelanos, cerca de 1,2 mil colombianos que vivem no país serão recebidos.

Segundo a ONU, 2,3 milhões de venezuelanos (7,5% da população de 30,6 milhões) vivem no exterior, dos quais 1,6 milhão migraram desde 2015. O êxodo causou tensões migratórias nos últimos meses com o Brasil, Colômbia e o Peru.

A China se tornou um dos principais aliados da Venezuela, concedendo empréstimos de US$ 62 bilhões na última década, dos quais cerca de 20 bilhões ainda não foram quitados.

Na semana passada, Maduro se encontrou em Pequim com seu colega chinês, Xi Jinping. Após o seu regresso a Caracas, o presidente anunciou um acordo para aumentar a produção de petróleo bruto destinado ao país asiático para um milhão de barris por dia antes de agosto de 2019, com investimentos de 5 bilhões de dólares.