Trump volta a falar em 'dois Estados' para conflito Israel-Palestina
Jerusalém, 27 Set 2018 (AFP) - O presidente americano, Donald Trump, surpreendeu na ONU, ao expressar pela primeira vez uma preferência pela criação de um Estado palestino coexistindo com Israel, sem parecer alterar, porém, as linhas do conflito no curto prazo.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, devem falar hoje na ONU. Ambos já se mostraram, porém, pouco sensibilizados pela proposta de Trump na quarta-feira.
Depois de se distanciar da solução de "dois Estados" acolhida por seus antecessores desde 2001 pelo menos, o presidente Trump pareceu tomar o caminho de volta, à margem da Assembleia Geral da ONU.
"Gosto muito da solução de dois Estados", disse ele ao se reunir com Netanyahu. Mesmo que seja "um pouco mais difícil", ela "funciona melhor, porque cada um governa de seu lado", acrescentou.
Nessa solução, seria criado um Estado palestino independente, o qual coexistiria em paz com Israel. Essa proposta é a referência de grande parte da comunidade internacional, da ONU à Liga Árabe, passando pela União Europeia, para resolver um dos mais antigos conflitos do planeta.
Essa solução se baseia na criação de um Estado independente formado da Cisjordânia ocupada há mais de 70 anos pelo Exército israelense, da Faixa de Gaza sob bloqueio israelense e egípcio, com Jerusalém como capital. É o desejo da Autoridade Palestina, do presidente Abbas, que constitui a prefiguração internacionalmente reconhecida desse Estado e foi instituída graças aos Acordos de Oslo.
Um quarto de século depois de Oslo, as perspectivas de um acerto nesse sentido são, porém, cada vez mais distantes. A última iniciativa (americana) fracassou em 2014, e as lideranças israelense e palestina não falam mais em paz.
- Gaza pode 'explodir' -A violência continua, assim como a colonização israelense, e Gaza pode "explodir de um minuto para o outro", segundo a ONU. A Autoridade Palestina está amplamente desacreditada, e os rivais islamistas do Hamas, que controlam a Faixa de Gaza desde 2007, insistem em se recusar a reconhecer Israel.
Já Israel tem hoje seu governo mais à direita de sua história. Membros da cúpula do Executivo não querem sequer ouvir falar de um Estado palestino e defendem a anexação de pelo menos algumas partes da Cisjordânia.
O presidente Abbas congelou as relações com o governo Trump após o reconhecimento em 2017, por parte dos Estados Unidos, de Jerusalém como capital de Israel. Abbas considera os EUA escandalosamente pró-Israel, o que desqualificaria Washington no papel histórico de mediador. Em resposta, os americanos cortaram milhões de dólares em ajuda aos palestinos.
Depois de um discurso, no qual endossou publicamente a ideia de um Estado palestino em 2009, Netanyahu deixou para muitos de seus interlocutores a convicção de se tratava de uma posição apenas circunstancial.
- 'Desastre para Israel' -De acordo com a imprensa israelense que o acompanha, Netanyahu mencionou o genro e conselheiro do presidente nesse assunto, Jared Kushner, para dizer que cada um "interpreta o termo 'Estado' (palestino) de forma diferente".
Ele disse estar de acordo que os palestinos tenham "a autoridade para se autogovernarem". Repetiu, porém, que, em qualquer cenário, Israel - e não os palestinos - deve permanecer encarregado da segurança ao leste do território (Cisjordânia) até a fronteira jordaniana. A fórmula foi apresentada como a de um Estado que não teria todas as prerrogativas.
Os analistas acreditam que Netanyahu deverá insistir, nesta quinta, em sua preocupação com segurança em relação ao Irã.
Um dos pesos-pesados de seu governo, o nacionalista religioso Naftali Bennett, deixou claro que qualquer avanço nesse sentido é improvável na configuração atual. Enquanto seu partido, o Lar Judaico, estiver no governo, "não haverá um Estado palestino", tuitou Bennett, acrescentando que "isso significaria um desastre para Israel".
Os especialistas se questionam sobre o momento escolhido por Trump e, sobretudo, sobre a possibilidade de transformação em realidade de um plano prometido há quatro meses após uma longa espera.
Trump afirma que outras soluções, como a de um único Estado, continuam no horizonte. "Estou feliz que eles estejam satisfeitos. Sou apenas um facilitador", completou.
Os palestinos não parecem satisfeitos, nem prontos para reconsiderar seu boicote ao governo Trump, após uma sequência de ações ainda mal digeridas: a transferência da embaixada americana para Jerusalém, o congelamento dos financiamentos, a contestação do status de milhões de refugiados palestinos, o fechamento do escritório da Organização da Libertação da Palestina (OLP) em Washington, a não condenação da colonização israelense...
"(Dizer) 'um Estado, dois Estados', pouco importa. Isso não faz política. Dar ouvidos a evangelistas sionistas extremistas, aos doadores (do Partido Republicano), aos lobbies e a Netanyahu: isso é que é perigoso", tuitou a líder da OLP Hanane Achraui.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, devem falar hoje na ONU. Ambos já se mostraram, porém, pouco sensibilizados pela proposta de Trump na quarta-feira.
Depois de se distanciar da solução de "dois Estados" acolhida por seus antecessores desde 2001 pelo menos, o presidente Trump pareceu tomar o caminho de volta, à margem da Assembleia Geral da ONU.
"Gosto muito da solução de dois Estados", disse ele ao se reunir com Netanyahu. Mesmo que seja "um pouco mais difícil", ela "funciona melhor, porque cada um governa de seu lado", acrescentou.
Nessa solução, seria criado um Estado palestino independente, o qual coexistiria em paz com Israel. Essa proposta é a referência de grande parte da comunidade internacional, da ONU à Liga Árabe, passando pela União Europeia, para resolver um dos mais antigos conflitos do planeta.
Essa solução se baseia na criação de um Estado independente formado da Cisjordânia ocupada há mais de 70 anos pelo Exército israelense, da Faixa de Gaza sob bloqueio israelense e egípcio, com Jerusalém como capital. É o desejo da Autoridade Palestina, do presidente Abbas, que constitui a prefiguração internacionalmente reconhecida desse Estado e foi instituída graças aos Acordos de Oslo.
Um quarto de século depois de Oslo, as perspectivas de um acerto nesse sentido são, porém, cada vez mais distantes. A última iniciativa (americana) fracassou em 2014, e as lideranças israelense e palestina não falam mais em paz.
- Gaza pode 'explodir' -A violência continua, assim como a colonização israelense, e Gaza pode "explodir de um minuto para o outro", segundo a ONU. A Autoridade Palestina está amplamente desacreditada, e os rivais islamistas do Hamas, que controlam a Faixa de Gaza desde 2007, insistem em se recusar a reconhecer Israel.
Já Israel tem hoje seu governo mais à direita de sua história. Membros da cúpula do Executivo não querem sequer ouvir falar de um Estado palestino e defendem a anexação de pelo menos algumas partes da Cisjordânia.
O presidente Abbas congelou as relações com o governo Trump após o reconhecimento em 2017, por parte dos Estados Unidos, de Jerusalém como capital de Israel. Abbas considera os EUA escandalosamente pró-Israel, o que desqualificaria Washington no papel histórico de mediador. Em resposta, os americanos cortaram milhões de dólares em ajuda aos palestinos.
Depois de um discurso, no qual endossou publicamente a ideia de um Estado palestino em 2009, Netanyahu deixou para muitos de seus interlocutores a convicção de se tratava de uma posição apenas circunstancial.
- 'Desastre para Israel' -De acordo com a imprensa israelense que o acompanha, Netanyahu mencionou o genro e conselheiro do presidente nesse assunto, Jared Kushner, para dizer que cada um "interpreta o termo 'Estado' (palestino) de forma diferente".
Ele disse estar de acordo que os palestinos tenham "a autoridade para se autogovernarem". Repetiu, porém, que, em qualquer cenário, Israel - e não os palestinos - deve permanecer encarregado da segurança ao leste do território (Cisjordânia) até a fronteira jordaniana. A fórmula foi apresentada como a de um Estado que não teria todas as prerrogativas.
Os analistas acreditam que Netanyahu deverá insistir, nesta quinta, em sua preocupação com segurança em relação ao Irã.
Um dos pesos-pesados de seu governo, o nacionalista religioso Naftali Bennett, deixou claro que qualquer avanço nesse sentido é improvável na configuração atual. Enquanto seu partido, o Lar Judaico, estiver no governo, "não haverá um Estado palestino", tuitou Bennett, acrescentando que "isso significaria um desastre para Israel".
Os especialistas se questionam sobre o momento escolhido por Trump e, sobretudo, sobre a possibilidade de transformação em realidade de um plano prometido há quatro meses após uma longa espera.
Trump afirma que outras soluções, como a de um único Estado, continuam no horizonte. "Estou feliz que eles estejam satisfeitos. Sou apenas um facilitador", completou.
Os palestinos não parecem satisfeitos, nem prontos para reconsiderar seu boicote ao governo Trump, após uma sequência de ações ainda mal digeridas: a transferência da embaixada americana para Jerusalém, o congelamento dos financiamentos, a contestação do status de milhões de refugiados palestinos, o fechamento do escritório da Organização da Libertação da Palestina (OLP) em Washington, a não condenação da colonização israelense...
"(Dizer) 'um Estado, dois Estados', pouco importa. Isso não faz política. Dar ouvidos a evangelistas sionistas extremistas, aos doadores (do Partido Republicano), aos lobbies e a Netanyahu: isso é que é perigoso", tuitou a líder da OLP Hanane Achraui.
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