Caravana segue para EUA, apesar da ameaça de Trump de cortar ajuda a centro-americanos
Tapachula, México, 23 Out 2018 (AFP) - Milhares de hondurenhos seguem nesta segunda-feira (22) uma gigantesca marcha pelo território mexicano rumo aos Estados Unidos, desafiando novas ameaças do presidente Donald Trump de cortar a ajuda a Honduras, Guatemala e El Salvador, por não impedir que caravana deixasse a América Central.
Levando poucos pertences, com bebês e crianças no colo, mais de 7.000 migrantes, segundo estimativas da ONU, retomaram a caminhada pouco antes do meio-dia rumo ao norte do México, procedentes de Tapachula (estado de Chiapas), na fronteira com a Guatemala.
"Caminhem conosco para ver o que se sente!", gritou um migrante na praça de Tapachula, como forma de convocação de saída, provocando gritos na multidão.
Continuavam rumo a Huixtla, também em Chiapas, que será a segunda parada de muitas até chegar a Tijuana ou Mexicali, limítrofes com os Estados Unidos e a mais de 3.000 km.
"Eu me sinto forte, apesar da temperatura do sol", afirmou Noemi Bobadilla, de 39 anos, que limpava armazéns em Honduras e agora atravessa o México com uma amiga e o bebê dela.
Mas centenas preferiram pedir carona, subindo alegres em traileres, caminhonetes para transportar gado, e carros, gritando "Sim, foi possível! Sim, foi possível!" e agitando bandeiras hondurenhas na passagem pela comunidade de Huehuetán, onde os moradores se organizaram para oferecer-lhes comida, água, fraldas e meias.
- Peña Nieto faz advertência -Logo cedo nesta segunda, Trump escreveu no Twitter: "Vamos começar a cortar, ou reduzir substancialmente, a tremenda quantidade de ajuda externa que habitualmente lhes damos".
O presidente americano lamentou que o México não tenha sido capaz de deter o avanço dos migrantes, motivo pelo qual pôs em alerta as patrulhas fronteiriças e os militares diante desta "emergência nacional".
"Infelizmente, parece que a Polícia e os militares do México são incapazes de deter a caravana que se dirige à fronteira sul dos Estados Unidos. Criminosos e pessoas do Oriente Médio não identificadas estão misturados", tuitou Trump.
O secretário do Interior do México, Alfonso Navarrete, reagiu à declaração de Trump afirmando que "não vamos cair na exigência de qualquer governo que pretenda provocar no México uma reação hostil por si mesma, sem fundamento, sem esgotar todos os caminhos para o diálogo".
Já o presidente mexicano em fim de mandato, Enrique Peña Nieto, advertiu que aqueles que optaram por permanecer na caravana "dificilmente poderão alcançar seu objetivo, seja de entrar nos Estados Unidos ou de permanecer no México".
O próximo chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, disse que quando em 1º de janeiro começar o governo do presidente esquerdista Andrés Manuel López Obrador, haverá "mudanças substanciais" na política migratória.
"Haverá muito mais vistos de trabalho" e "vamos investir em Honduras, Guatemala e El Salvador", prometeu.
A ajuda americana para a região norte da América Central diminuiu.
Segundo a organização não governamental Escritório de Washington para a América Latina (WOLA,na sigla em inglês), o apoio a Honduras passou de 209,2 a 181,7 milhões de dólares entre 2016 e 2017, uma quantia ainda relevante para o pequeno país, cujo orçamento nacional é inferior a 10 bilhões de dólares.
"Para nós é um êxodo, não é evento que tem começo ou fim.... Mais pessoas vêm", comentou em coletiva de imprensa Rubén Aguilar, membro do Movimento Migrante Mesoamericano, antes de deixar Tapachula.
Grande parte da caravana formada por milhares de migrantes e que saiu em 13 de outubro de San Pedro Sula, em Honduras, conseguiu entrar no México de forma irregular e dormir na praça principal de Tapachula, uma cidade de mais de 300.000 habitantes no estado de Chiapas (sul), depois de ter percorrido mais de 760 km a pé, com bebês e crianças.
O que os impulsiona é a urgência de se afastar da violência criminal e os altos índices de pobreza em Honduras.
- Governo mexicano é denunciado -A intenção dos migrantes era entrar no país através da ponte internacional, passagem oficial entre Guatemala e México. Mas o governo deste país fechou a fronteira na sexta-feira diante da chegada maciça de hondurenhos.
Muitos optaram por cruzar o caudaloso rio Suchiate a nado ou em balsas precárias.
Pouco mais de 700 que entraram legalmente, segundo dados oficiais, estão alojados em abrigos do governo onde asseguraram que darão entrada em suas solicitações de refúgio ou vistos.
Muitos temem que os abrigos sejam uma armadilha para deportá-los.
De sexta a domingo foram atendidas 1.028 solicitações de refúgio nessa passagem fronteiriça, segundo o governo mexicano.
Organizações civis protetoras de migrantes difundiram em Tapachula um comunicado responsabilizando o governo do México pelos "tratamentos cruéis, desumanos e degradantes cometidos" contra os migrantes e de realizar detenções arbitrárias.
Apesar disso, uma segunda caravana de quase mil hondurenhos iniciou no domingo a travessia a partir da Guatemala.
O trajeto pelo México pode levar um mês e eles vão correr um "risco latente" de ser detidos, segundo Rodrigo Abeja, ativista da Povos sem Fronteira.
Sem documentos, os migrantes ficam na clandestinidade e à mercê de traficantes de pessoas ou de drogas que os sequestram ou buscam recrutá-los contra sua vontade.
Em 2010, um grupo de 72 migrantes das Américas central e do Sul foram sequestrados pelo cartel Los Zetas e assassinados porque se negaram a se unir a eles, segundo o governo. Seus corpos foram encontrados em um porão em Tamaulipas, cidade fronteiriça com os Estados Unidos.
Levando poucos pertences, com bebês e crianças no colo, mais de 7.000 migrantes, segundo estimativas da ONU, retomaram a caminhada pouco antes do meio-dia rumo ao norte do México, procedentes de Tapachula (estado de Chiapas), na fronteira com a Guatemala.
"Caminhem conosco para ver o que se sente!", gritou um migrante na praça de Tapachula, como forma de convocação de saída, provocando gritos na multidão.
Continuavam rumo a Huixtla, também em Chiapas, que será a segunda parada de muitas até chegar a Tijuana ou Mexicali, limítrofes com os Estados Unidos e a mais de 3.000 km.
"Eu me sinto forte, apesar da temperatura do sol", afirmou Noemi Bobadilla, de 39 anos, que limpava armazéns em Honduras e agora atravessa o México com uma amiga e o bebê dela.
Mas centenas preferiram pedir carona, subindo alegres em traileres, caminhonetes para transportar gado, e carros, gritando "Sim, foi possível! Sim, foi possível!" e agitando bandeiras hondurenhas na passagem pela comunidade de Huehuetán, onde os moradores se organizaram para oferecer-lhes comida, água, fraldas e meias.
- Peña Nieto faz advertência -Logo cedo nesta segunda, Trump escreveu no Twitter: "Vamos começar a cortar, ou reduzir substancialmente, a tremenda quantidade de ajuda externa que habitualmente lhes damos".
O presidente americano lamentou que o México não tenha sido capaz de deter o avanço dos migrantes, motivo pelo qual pôs em alerta as patrulhas fronteiriças e os militares diante desta "emergência nacional".
"Infelizmente, parece que a Polícia e os militares do México são incapazes de deter a caravana que se dirige à fronteira sul dos Estados Unidos. Criminosos e pessoas do Oriente Médio não identificadas estão misturados", tuitou Trump.
O secretário do Interior do México, Alfonso Navarrete, reagiu à declaração de Trump afirmando que "não vamos cair na exigência de qualquer governo que pretenda provocar no México uma reação hostil por si mesma, sem fundamento, sem esgotar todos os caminhos para o diálogo".
Já o presidente mexicano em fim de mandato, Enrique Peña Nieto, advertiu que aqueles que optaram por permanecer na caravana "dificilmente poderão alcançar seu objetivo, seja de entrar nos Estados Unidos ou de permanecer no México".
O próximo chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, disse que quando em 1º de janeiro começar o governo do presidente esquerdista Andrés Manuel López Obrador, haverá "mudanças substanciais" na política migratória.
"Haverá muito mais vistos de trabalho" e "vamos investir em Honduras, Guatemala e El Salvador", prometeu.
A ajuda americana para a região norte da América Central diminuiu.
Segundo a organização não governamental Escritório de Washington para a América Latina (WOLA,na sigla em inglês), o apoio a Honduras passou de 209,2 a 181,7 milhões de dólares entre 2016 e 2017, uma quantia ainda relevante para o pequeno país, cujo orçamento nacional é inferior a 10 bilhões de dólares.
"Para nós é um êxodo, não é evento que tem começo ou fim.... Mais pessoas vêm", comentou em coletiva de imprensa Rubén Aguilar, membro do Movimento Migrante Mesoamericano, antes de deixar Tapachula.
Grande parte da caravana formada por milhares de migrantes e que saiu em 13 de outubro de San Pedro Sula, em Honduras, conseguiu entrar no México de forma irregular e dormir na praça principal de Tapachula, uma cidade de mais de 300.000 habitantes no estado de Chiapas (sul), depois de ter percorrido mais de 760 km a pé, com bebês e crianças.
O que os impulsiona é a urgência de se afastar da violência criminal e os altos índices de pobreza em Honduras.
- Governo mexicano é denunciado -A intenção dos migrantes era entrar no país através da ponte internacional, passagem oficial entre Guatemala e México. Mas o governo deste país fechou a fronteira na sexta-feira diante da chegada maciça de hondurenhos.
Muitos optaram por cruzar o caudaloso rio Suchiate a nado ou em balsas precárias.
Pouco mais de 700 que entraram legalmente, segundo dados oficiais, estão alojados em abrigos do governo onde asseguraram que darão entrada em suas solicitações de refúgio ou vistos.
Muitos temem que os abrigos sejam uma armadilha para deportá-los.
De sexta a domingo foram atendidas 1.028 solicitações de refúgio nessa passagem fronteiriça, segundo o governo mexicano.
Organizações civis protetoras de migrantes difundiram em Tapachula um comunicado responsabilizando o governo do México pelos "tratamentos cruéis, desumanos e degradantes cometidos" contra os migrantes e de realizar detenções arbitrárias.
Apesar disso, uma segunda caravana de quase mil hondurenhos iniciou no domingo a travessia a partir da Guatemala.
O trajeto pelo México pode levar um mês e eles vão correr um "risco latente" de ser detidos, segundo Rodrigo Abeja, ativista da Povos sem Fronteira.
Sem documentos, os migrantes ficam na clandestinidade e à mercê de traficantes de pessoas ou de drogas que os sequestram ou buscam recrutá-los contra sua vontade.
Em 2010, um grupo de 72 migrantes das Américas central e do Sul foram sequestrados pelo cartel Los Zetas e assassinados porque se negaram a se unir a eles, segundo o governo. Seus corpos foram encontrados em um porão em Tamaulipas, cidade fronteiriça com os Estados Unidos.
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