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Papa faz apelo à fraternidade entre os povos em mensagem de Natal

25/12/2018 18h04

Cidade do Vaticano, 25 dez 2018 (AFP) - O Papa Francisco dedicou a tradicional mensagem de Natal à "fraternidade" entre os povos, com desejos de que impere a concórdia na Venezuela e na Nicarágua, que os refugiados sírios retornem ao seu país e que tenham fim a guerra e a fome no Iêmen.

Da varanda na basílica de São Pedro, durante sua tradicional mensagem natalina seguida pela bênção 'Urbi et orbi' (à cidade e ao mundo), o papa falou sobre diversos conflitos no planeta.

O sumo pontífice pediu à comunidade internacional um esforço para que os refugiados sírios "possam viver em paz" em seu país.

"Que a comunidade internacional se esforce de modo veemente para encontrar uma solução política [...] para que o povo sírio, especialmente os que tiveram que deixar as próprias terras e buscar refúgio em outro lugar, possa viver em paz em sua pátria", afirmou o papa diante de 50.000 pessoas, segundo a polícia do Vaticano, reunidas na praça de São Pedro no dia de Natal.

A guerra no Iêmen provocou pelo menos 10.000 mortes desde 2015 e se tornou na pior crise humanitária do mundo, de acordo com a ONU.

"Penso no Iêmen, com a esperança de que a trégua alcançada [...] possa aliviar finalmente tantas crianças e populações, exaustas pela guerra e o mundo", disse.

O governo apoiado militarmente pela Arábia Saudita e os rebeldes huthis, apoiados politicamente pelo Irã, anunciaram em 13 de dezembro na Suécia um acordo de cessar-fogo "imediato" negociado pela ONU.

Apesar do acordo, confrontos esporádicos prosseguem na cidade de Hodeida, principal frente de batalha no país.

O papa não esqueceu a Terra Santa em sua mensagem, com um apelo ao "diálogo".

"Que o Natal torne possível que israelenses e palestinos retomem o diálogo e empreendam um caminho de paz que acabe com um conflito que dura mais de 70 anos", declarou.

Também expressou sua proximidade com as comunidades cristãs da "amada" Ucrânia, em um momento de grande tensão religiosa com a Rússia.

"Apenas com a paz [...] o país pode se recuperar dos sofrimentos padecidos [...] Me sinto próximo às comunidades cristãs desta região e peço que possam ser estabelecidas relações de fraternidade e amizade", destacou.

O presidente russo Vladimir Putin condenou na semana passada a criação na Ucrânia de uma Igreja Ortodoxa independente da tutela russa e denunciou uma violação "flagrante" das liberdades religiosas.

A tensão representa um novo episódio do divórcio político, cultural e social entre Kiev e Moscou desde a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014 e o início do conflito armado entre o exército ucraniano e os separatistas pró-Rússia.

As festas de Natal foi difícil para o presidente americano, Donald Trump, devido à paralisação parcial do governo, depois que a oposição democrata se opôs ao financiamento da construção do muro na fronteira com o México para conter a chegada de imigrantes.

"O que ocorre no nosso país é uma vergonha. Apesar disso, desejo a todo o mundo um Feliz Natal", declarou Trump aos meios de comunicação após videoconferência com as tropas americanas.

- Venezuela e Nicarágua -Francisco também falou sobre as crises na Venezuela e Nicarágua.

"Que este tempo de bênção permita a Venezuela encontrar de novo a concórdia e que todos os membros da sociedade trabalhem fraternalmente pelo desenvolvimento do país, ajudando os setores mais frágeis da população", afirmou o sumo pontífice.

A Venezuela enfrenta uma profunda crise, marcada pela falta de alimentos e remédios, assim como por uma inflação que deve alcançar 10.000.000% em 2019, segundo o FMI.

A fuga de venezuelanos para países vizinhos elevou as pressões diplomáticas para isolar o governo de Nicolás Maduro.

O papa também desejou que "os habitantes da querida Nicarágua se redescubram irmãos para que não prevaleçam as divisões e as discórdias, e sim que todos se esforcem para favorecer a reconciliação e para construir juntos o futuro do país".

O país enfrenta uma grave crise política desde o início de protestos contra o governo em abril. A repressão provocou 320 mortes, de acordo com grupos de defesa dos direitos humanos.

Apesar da pressão, o presidente Daniel Ortega não cedeu e descartou a possibilidade de antecipar as eleições 2021 para 2019.

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