Chefe de gabinete dos EUA diz sentir 'compaixão' pelos imigrantes
Washington, 30 dez 2018 (AFP) - O chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, que está de saída do governo, disse sentir "compaixão" pelos imigrantes em situação ilegal que cruzam para os Estados Unidos, e relativizou a ideia de construir um muro na fronteira com o México, contrastando com a retórica de Donald Trump.
Em referência à paralisação parcial do governo, que já dura nove dias pela falta de acordo sobre a exigência de Trump de financiamento para construir o muro fronteiriço, Kelly disse em entrevista ao Los Angeles Times que, "para ser honesto, não é um muro".
"O presidente ainda o chama de 'muro'. Em algum momento dirá mais francamente 'barreira' ou 'cerca'; agora se inclina pelas barras de aço", declarou Kelly.
"Mas já abandonamos a ideia de um muro de concreto sólido há tempos nesta administração, quando perguntamos às pessoas o que precisavam e onde precisavam".
Kelly, general reformado da Marinha que dirigiu o comando militar responsável da América Latina, foi secretário de Segurança Nacional de Trump antes de se converter em chefe de gabinete da Casa Branca em julho de 2017.
Mas a sua relação com o presidente piorou e espera-se que logo seja substituído por Mick Mulvaney, atual diretor de orçamento.
Trump pede ao Congresso que aprove uma quantia de cinco bilhões de dólares para a construção de um muro, que a oposição democrata rejeita. Além de culpá-los pela paralisação, o presidente responsabilizou, no sábado, os seus críticos pela morte de duas crianças migrantes sob custódia das autoridades americanas.
"Os imigrantes ilegais não são pessoas ruins... Sinto compaixão por eles, pelas crianças pequenas", disse Kelly, acrescentando que muitos são manipulados por traficantes de pessoas.
Assumindo uma posição diferente da de Trump, que chamou a onda de imigrantes de "invasão" de "muitos membros de gangues e pessoas más", Kelly disse que a maneira de superar o problema da imigração ilegal é "acabar com a demanda de drogas nos Estados Unidos e expandir as oportunidades econômicas" na América Central.
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