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Ex-pistoleiro revela detalhes assustadores de execuções de 'El Chapo'

24/01/2019 20h01

Nova York, 24 Jan 2019 (AFP) - Um ex-pistoleiro de 'El Chapo' Guzmán, que colabora com o governo americano, relatou nesta quinta-feira (24) durante o julgamento do narcotraficante, em Nova York, detalhes macabros das torturas e execuções praticadas pessoalmente pelo chefão do tráfico mexicano contra seus rivais.

Foi o primeiro testemunho do julgamento a relatar os assassinatos cometidos com as próprias mãos pelo ex-líder do cartel de Sinaloa, que se somam a outras execuções ordenadas por 'El Chapo', contadas por diferentes testemunhas.

Embora Guzmán não seja julgado por homicídio, mas pelo tráfico de mais de 155 toneladas de drogas aos Estados Unidos, a Promotoria quer apresentá-lo ao júri como um homem violento e impiedoso, capaz de tudo para proteger seu negócio ilícito.

O ex-pistoleiro Isaías Valdez Ríos, conhecido como "Memín" ou "Memo", contou no tribunal que viu 'El Chapo' matar um integrante do cartel rival dos Arellano Félix, que tinha sido submetido à tortura antes de ser levado no avião de Ismael "Mayo" Zambada, outro líder do cartel de Sinaloa.

"Vinha queimado com um ferro nas costas. A camiseta que usava estava colada à pede, tinha marcas de acendedor de cigarros de carro por todo o corpo e os pés também [estavam] queimados", contou Memín, de 39 anos, que começou como pistoleiro de 'El Chapo" e depois foi secretário e piloto do traficante.

'El Chapo' ficou irritado porque o rival lhe foi entregue em mau estado e o deixou durante dias trancado em uma espécie de galinheiro. Por fim, contou a testemunha, "já fedia (....) Estava podre".

Finalmente, depois de dois interrogatórios, 'El Chapo' atirou nele com sua pistola .25, proferindo a frase: "Vai foder a mãe!".

Embora o homem ainda estivesse respirando, "o jogamos assim no buraco e o enterramos", contou Memín.

Ele também contou ter visto 'El Chapo' torturar e executar dois outros integrantes do cartel rival dos Zetas, originários de Sinaloa.

Primeiro, contou que 'El Chapo' os espancou até quase a morte com um tronco grosso de madeira.

"As pessoas ficavam completamente soltas, os ossos todos quebrados, não conseguiam se mexer. E o senhor Joaquín continuava batendo nelas com o tronco e também com a arma", relatou.

Em frente à fogueira que mandou acender, 'El Chapo' "pôs o fuzil na cabeça de um, disparou e disse: 'Vai foder a mãe!'. Fez o mesmo com o outro", contou Memín.

Jogaram os dois na fogueira. "Que não sobrem nem os ossos", disse 'El Chapo', segundo o pistoleiro Memín, que antes de começar a trabalhar para o traficante, em 2004, foi membro das Forças Especiais do Exército durante sete anos.

Memín foi detido em 2014 e há mais de quatro anos está em uma prisão americana. Sua sentença pode variar entre dez anos e prisão perpétua, mas espera reduzi-la ao colaborar com o governo.

lbc/dga/mvv