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Conselho de Segurança da ONU dividido sobre a necessidade de abordar a mudança climática

26/01/2019 08h35

Nações Unidas, Estados Unidos, 26 Jan 2019 (AFP) - O Conselho de Segurança da ONU deixou evidente na sexta-feira suas divisões sobre a necessidade ou não de abordar as consequências da mudança climática para a paz e a segurança no mundo.

Estados Unidos e Rússia se mostraram reticentes no momento de envolver o principal órgão da ONU na luta contra o aquecimento global.

Mais de 80 pessoas, incluindo 15 ministros - um recorde segundo alguns diplomatas -, participaram em um debate sobre o impacto das catástrofes climáticas sobre a paz.

A reunião aconteceu depois que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu "compromissos mais ambiciosos" aos países para conter a mudança climática, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos.

"Consideramos supérfluo e inclusive contraproducente examinar a problemática do clima no Conselho de Segurança da ONU, cuja principal tarefa é reagir rapidamente às ameaças para a paz e a segurança internacionais", declarou o embaixador russo, Vassily Nebenzia.

Para a secretária-geral adjunta da ONU para Assuntos Políticos, a americana Rosemary DiCarlo, "abordar as implicações da mudança climática sobre a segurança é um problema coletivo que exige uma resposta coletiva".

"É importante desenvolver as cooperações regionais, os riscos provocados pelo clima devem ser levados em consideração, mas não de forma genérica", insistiu Nebenzia.

Muitos participantes detalharam consequências negativas do aquecimento global que podem colocar em perigo a paz mundial, como as inundações, as secas, os incêndios ou as migrações.

Alguns dos participantes pediram resoluções específicas sobre a relação entre clima e paz, mas é pouco provável que o Conselho de Segurança aprove os textos, como demonstram as posturas de Moscou e Washington, dois membros permanentes com poder de veto, sobre esta questão.

Em sua participação, o representante dos Estados Unidos não mencionou nenhuma vez a mudança climática, se limitando a destacar a importância de administrar de modo mais eficiente as catástrofes naturais e pediu às agências da ONU que melhorem o compartilhamento das informações.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, questionou algumas vezes a existência de uma relação entre as atividades humanas e o aumento da temperatura, mas a relação é respaldada pela maioria dos especialistas internacionais sobre o clima.