May quer reabrir negociação do divórcio do Brexit com a UE
Londres, 29 Jan 2019 (AFP) - A dois meses da data prevista para o Brexit e após a grande rejeição ao acordo negociado com Bruxelas, a primeira-ministra britânica Theresa May quer reabrir as negociações, afirmou seu porta-voz nesta terça-feira, pouco antes de os deputados britânicos começarem a votar as propostas alternativa a este texto.
"A primeira-ministra continua acreditando que é totalmente necessário para o Reino Unido sair da UE com um acordo, mas devemos ter um acordo que possa obter o apoio do parlamento e isso vai requerer algumas mudanças no tratado de retirada", afirmou aos jornalistas.
Uma semana após o acordo negociado durante 17 meses com a União Europeia ter sido derrotado em 15 de janeiro pelo Parlamento, May apresentou um plano B com o objetivo de pedir a Bruxelas a revisão do ponto de maior disputa: o mecanismo destinado a evitar o retorno de uma fronteira na ilha da Irlanda.
Bruxelas se negou em diversas ocasiões a reabrir a negociação de um texto que considera "o melhor possível, o único possível".
E o governo irlandês se opõe a qualquer modificação do dispositivo, que tem como objetivo preservar o acordo de paz da Sexta-Feira Santa, que em 1998 acabou com três décadas de um conflito violento entre católicos republicanos e protestantes unionistas.
May precisa de um forte apoio parlamentar ao novo plano para tentar convencer os 27 a retornar à mesa de negociações, enquanto a data fixada para o Brexit, 29 de março, está cada vez mais próxima.
Em uma tentativa de retomar o controle do processo, no entanto, diversos grupos de deputados apresentaram emendas ao plano de May, que serão votadas nesta terça-feira a partir das 19h00 GMT (17H00 de Brasília).
Uma das emendas, apresentada pela deputada trabalhista Yvette Cooper e que parece contar com o respaldo de seu partido, abriria a porta para que a Câmara dos Comuns possa debater e votar um projeto de lei destinado a evitar a mais temida de todas a opções: que o país seja forçado a sair da União Europeia sem um acordo.
A proposta de Cooper estabelece que se até 26 de fevereiro o Parlamento não ratificar um acordo do Brexit, o governo deve adiar até 31 de dezembro de 2019 a saída do Reino Unido do bloco.
E este adiamento poderia ser prolongado por decisão dos deputados.
Outras emendas poderiam obrigar o governo a renegociar o acordo com Bruxelas.
Mas para alguns analistas, a tentativa dos deputados de assumir o controle da questão seria inconstitucional.
A aprovação ao plano de May depende quase exclusivamente de sua capacidade de convencer a UE a reexaminar o denominado "backstop", o mecanismo que deve permitir que a fronteira entre a República da Irlanda - país membro da UE - e a província britânica da Irlanda do Norte permaneça aberta após o Brexit.
Os eurocéticos de seu próprio Partido Conservador, e os unionistas norte-irlandeses do DUP - um apoio vital para o governo de May -, afirmaram que poderiam respaldar o texto se o "backstop" tivesse um limite temporário que batizaram de "cláusula da liberdade".
Pelo acordo atual, o "backstop" só deve entrar em vigor se não for alcançada uma solução melhor no âmbito da futura relação que Londres e Bruxelas devem negociar durante o período de transição, previsto até o fim de 2020 mas que pode seguir até 2022.
Com o dispositivo, a Irlanda do Norte permaneceria sob as regras do mercado único europeu e o restante do Reino Unido permaneceria em uma união alfandegária com a UE.
Londres não poderia encerrar o sistema unilateralmente, o que provoca o temor dos eurocéticos de que o país permaneça retido nas redes europeias de modo indefinido.
acc/zm/fp
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.