Crescimento econômico na zona do euro se desacelera em 2018
Bruxelas, 31 Jan 2019 (AFP) - A zona do euro registrou um crescimento de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, o que representa uma desaceleração de mais de meio ponto em relação a 2017, em um contexto de incerteza com o Brexit.
Frente ao 2,4% em 2017, o PIB dos 19 países da zona do euro cresceu 1,8% em 2018, indicou o gabinete europeu de estatísticas Eurostat em sua primeira estimativa.
No último trimestre do ano, a expansão do PIB se manteve estável em +0,2%, em relação ao trimestre anterior, informou o gabinete da Comissão Europeia.
"O panorama geral continua sendo que este foi um fim de ano decepcionante" e "as perspectivas para o primeiro trimestre deste ano não parecem melhores", avaliou Andrew Kenningham, economista da Capital Economics.
Em novembro, a Comissão reduziu suas expectativas de crescimento a 2,1% do PIB para 2018, apontando uma "incerteza crescente a nível mundial".
O Banco Central Europeu (BCE) traçou este mesmo panorama ao constatar uma "desaceleração" do crescimento mundial devido às ameaças de guerra comercial, que afetam a zona do euro.
- Fim de ano 'decepcionante' -Para Bert Colijn, economista do banco ING, "o fim de ano foi marcado por uma recuperação decepcionante da produção de automóveis na Alemanha".
Já o PIB da França, segunda maior economia da zona do euro, se desacelerou oito décimos em 208, a 1,5%, em um contexto de protestos dos "coletes amarelos", afirmou Colijn.
A economia da Espanha registrou alta de 2,5% em ritmo anual em 2018, o menor resultado desde 2014, anunciou nesta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Esta é a primeira vez que a economia espanhola registra um crescimento abaixo de 3% desde 2014, embora se mantenha acima da média da zona do euro.
"Estas taxas (de expansão) continuam sendo muito superiores às dos países de nosso entorno, à média comunitária", afirmou a ministra da Economia, Nadia Calviño, à rádio Onda Zero. Ela admite, contudo, que há "muitas incertezas no âmbito internacional".
Para 2019, a previsão do governo espanhol é de um crescimento de 2,2%.
Calviño ainda destacou a criação de empregos - foram 463 mil postos de horário integral criados em 2018 e a taxa de desemprego diminuiu a 14,45%. Contudo, a Espanha continua tendo a maior proporção de contratos temporários da zona de moeda única, segundo a Eurostat.
- Itália entra em recessão -Já a Itália entrou oficialmente em recessão técnica, após seu PIB cai 0,2% no quarto trimestre, depois de uma queda de 0,1% no terceiro. Uma recessão técnica é definida por dois trimestres consecutivos de queda do PIB.
Colijn afirmou que a recessão italiana "acentua a inquietação política no país".
O primeiro-ministro Giuseppe Conte disse na quarta-feira que esperava uma contração da economia no quarto trimestre, mas afirmou que espera voltar a crescer no segundo trimestre de 2019.
Em todo o ano de 2018, o crescimento foi de 0,8%. Antes da queda do PIB no terceiro trimestre do ano passado, a economia italiana teve 14 trimestres consecutivos de pequenos aumentos.
O crescimento foi afetado principalmente pela desaceleração da economia europeia, especialmente na Alemanha, pelas tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos e pela prudência das empresas italianas, que investem menos.
"(A desaceleração) torna mais provável que o governo italiano se sinta forçado a não cumprir sua meta (de déficit) fiscal", apontou o analista da CMC Markets, Michael Hewston, à AFP.
Segundo o especialista, isso torna "muito mais provável um novo conflito com a Comissão Europeia".
Neste contexto, a economia italiana recebeu uma boa notícia: a taxa de desemprego em dezembro foi de 10,3%, 0,2 ponto menor que no mês anterior. Contudo, ela continua acima da média da zona do euro (7,9%).
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