Eurocâmara reconhece Guaidó como presidente de Venezuela
Caracas, 31 Jan 2019 (AFP) - O Parlamento europeu se tornou, nesta quinta-feira (31), a primeira instituição a reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, aumentando a pressão sobre os países do bloco para que façam o mesmo.
A Eurocâmara "reconhece Juan Guaidó como presidente interino legítimo da República Bolivariana da Venezuela, em conformidade com a Constituição venezuelana", diz a resolução aprovada por 439 votos a favor, 104 contra e 88 abstenções.
Na resolução, o organismo apela todos os países da União Europeia a fazer o mesmo, adotando "uma posição firme e unificada".
Paralelamente, a UE, por meio de sua chefe da diplomacia Federica Mogherini, que preside nesta quinta uma reunião em Bucareste dos chanceleres do bloco que tratará da crise na Venezuela, exigiu a libertação de todos os jornalistas presos sem razão por Caracas.
Dois jornalistas franceses e três jornalistas da agência espanhola EFE - um repórter espanhol, uma cinegrafista colombiana e um fotógrafo colombiano - bem como seu motorista venezuelano foram detidos. Dois jornalistas chilenos também foram expulsos.
As detenções de jornalistas internacionais acontecem pouco antes de uma nova manifestação convocada pela oposição, que exige o estabelecimento de um governo de transição e a organização de eleições gerais livres.
Nicolás Maduro e seus partidários "não vão conseguir impedir que o mundo saiba o que está acontecendo na Venezuela", reagiu Juan Guaidó no Twitter, descartando a hipótese de guerra civil no país.
"O risco de uma guerra civil não exite, ao contrário do que alguns querer acreditar. Por que? Porque 90% da população quer uma mudança", assegurou em uma entrevista publicada pelo jornal espanho El Pais.
Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro, alertou contra o "risco de violência" da parte de "Maduro e de seu regime", que utilizam as forças especiais e "paramilitares" contra a oposição.
O risco de distúrbios civis aumentou neste país de 32 milhões de habitantes, um dos mais violentos do mundo. Para o sábado, os dois campos organizam manifestações, com o risco de enfrentamentos.
Desde o início das mobilizações em 21 de janeiro, cerca de quarenta pessoas foram mortas e mais de 850 presas, segundo a ONU.
Juan Guaidó voltou a pedir que o todo-poderoso Exército venezuelano não reconheça Maduro como presidente: "Estou convencido de que em algum momento (...) o Exército acabará demonstrando seu descontentamento, e aproveitará esta oportunidade para ficar do lado da Constituição. E não apenas porque propomos anistia e garantias".
O deputado social-democrata de 35 anos deve apresentar nesta quinta seu plano para tirar o país da crise, que levou milhões de venezuelanos a emigrar.
"Trabalharemos para estabilizar a economia, responder imediatamente à emergência humanitária, restaurar os serviços públicos e superar a pobreza", escreveu no Twitter.
Desconhecido para o público em geral há um mês, Juan Guaidó proclamou-se presidente interino invocando um vácuo de poder porque a oposição considera o segundo mandato do chefe de Estado, iniciado em 10 de janeiro, ilegítimo por causa de eleições fraudulentas.
Seis países (Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Holanda, Portugal) deram ao presidente Maduro até domingo para convocar eleições, caso contrário, reconhecerão seu adversário. Até agora, Maduro parece ignorar essas ameaças.
Ao mesmo tempo, a pressão dos Estados Unidos está se tornando cada vez mais insistente, com sanções financeiras para sufocar o governo e repetidos alertas.
"A luta pela liberdade começou!", tuitou Donald Trump ao final do dia de protestos de quarta-feira.
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