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Forças curdo-árabes preveem novas saídas de civis de reduto do EI na Síria

25/02/2019 19h21

Champ pétrolier d'Al-Omar, Syrie, 25 Fev 2019 (AFP) - As forças antijihadistas na Síria preveem novas saídas de civis do último reduto sitiado do grupo Estado Islâmico (EI), em um momento de crise humanitária nos campos de deslocados.

As Forças Democráticas Sírias (FDS), integradas por combatentes curdos e árabes e apoiada pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, suspenderam há mais de uma semana a fase "final" de sua ofensiva nesta área do leste da Síria, para evitar um banho de sangue e acusando os jihadistas de utilizar os civis como "escudos humanos".

O golpe de misericórdia militar e o fim oficial do "califado" do EI na Síria devem acontecer após a conclusão das saídas, de acordo com as FDS.

"Esperamos a saída nesta segunda-feira de uma grande quantidade de civis e esperamos que seja a última onda", afirmou à AFP o porta-voz das FDS, Mustafa Bali.

Quase 5.000 pessoas - homens, mulheres e crianças - abandonaram desde quarta-feira o setor controlado pelo EI, que tem menos meio quilômetro quadrado na localidade de Baghuz, na província de Deir Ezzor.

No fim de semana não foram registradas saídas, de acordo com as FDS, mas a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) citou a transferência de 1.400 pessoas - parentes de jihadistas - para o Iraque.

A informação foi desmentida por fontes curdas.

"Não entregamos ninguém sob nossa vigilância às autoridades iraquianas", disse Abdel Karim Omar, que coordena as questões estrangeiras na administração semi-autônoma curda.

"A não ser que estas pessoas tenham sido retiradas de outro setor", completou, sem mencionar mais detalhes.

As autoridades de Bagdá anunciaram no domingo, no entanto, que as FDS extraditaram para o país desde quinta-feira 280 jihadistas iraquianos ,de quase 500 detidos. As FDS também negaram a informação.

Nesta segunda-feira, uma fonte do governo iraquiano afirmou à AFP que as FDS também entregaram 14 jihadistas franceses às autoridades iraquianas, mas não citou a data de quando isto teria acontecido.

Na área do EI em Baghuz ainda estariam 5.000 pessoas, segundo os cálculos das FDS.

Os combatentes do EI, cercados há semanas, enterraram minas em toda a região para impedir o avanço das FDS e dificultar a fuga dos civis.

"Mas nos próximo dias nossas forças anunciarão o fim do EI na Síria", disse Omar.

Desde dezembro, 46.000 pessoas, civis e jihadistas, deixaram a região, segundo o OSDH.

Os extremistas são enviados para centro de detenção, onde são registrados e interrogados, enquanto suas famílias são transferidas para campos de deslocados em Al Hol, na província de Hassakeh (nordeste).

"A comunidade internacional não assume suas responsabilidades", lamentou Abdel Karim Omar. "As organizações internacionais assumem apenas 5% das necessidades dos campos de deslocados e dos centros de detenção".

- Visita inédita de Assad ao Irã -O presidente sírio, Bashar al-Assad, visitou Teerã nesta segunda-feira, onde se encontrou com o guia supremo Ali Khameni e seu colega Hassan Rohani, segundo a presidência síria em suas contas nas redes sociais.

Esta é a primeira vez desde o início do conflito na Síria, em 2011, que Assad esteve no Irã, aliado de Damasco nesta guerra.

"A República Islâmica do Irã considera que ajudar o governo e a nação da Síria é ajudar o movimento de resistência [contra o imperialismo] e se orgulha dessa ajuda", declarou o aiatolá Ali Khamenei a Assad, de acordo com o site oficial do número um iraniano.

Segundo a mesma fonte, o encontro entre os dois homens ocorreu pela manhã, mas só foi tornado público à noite.

Assad também se encontrou com seu colega iraniano Hassan Rohani. "A República Islâmica do Irã, como no passado, vai se manter ao lado do povo e do governo da Síria", disse Rohani a seu convidado, segundo o site da presidência iraniana.

Assad, por sua vez, "agradeceu a liderança e o povo da República Islâmica do Irã por tudo o que fizeram à Síria durante a guerra", informou a presidência síria nas redes sociais.