Quatro militares venezuelanos chegam a Pacaraima após desertar
Pacaraima, Brasil, 25 Fev 2019 (AFP) - Mais quatro sargentos venezuelanos desertaram e cruzaram a fronteira para Pacaraima, em Roraima, nesta segunda-feira (25). Assim que passaram para o lado brasileiro, eles convocaram seus companheiros de farda a fazerem o mesmo para forçar a queda do presidente Nicolás Maduro.
Também chegou a Paracaima um policial municipal acompanhado da esposa e de três filhos, após percorrem a pé por cerca de cinco horas uma trilha alternativa para cruzar os limites que separam a Venezuela do Brasil, já que a fronteira oficial está fechada desde a quinta-feira passada por ordem de Maduro.
No fim de semana, três sargentos haviam passado para o lado brasileiro, onde solicitaram asilo político.
Os quatro militares que chegaram nesta segunda disseram à imprensa que fugiram na noite anterior pelas montanhas e se esconderam durante várias horas na mata, até serem encontrados por militares brasileiros. Um deles estava em condições de desnutrição, informou uma fonte militar.
"Não queremos ficar marcados na história como assassinos, por isso fugimos", disse o sargento Moreno Peñaloza.
Os quatro homens convocaram seus companheiros na Venezuela a "desertar da tirania de Nicolás Maduro" e manifestaram desejo de ir para Cúcuta, na Colômbia, para se reunir com outros companheiros de armas que também abandonaram as fileiras de Maduro.
Em dois dias, ao menos 167 militares e policiais deixaram a Venezuela através da Colômbia.
O policial municipal, César Marcano, de 22 anos, e sua família viajaram de carro 940 km de Carupano, no leste, até Santa Elena de Uairén, a 20 km de Pacaraima.
De lá, continuaram a pé. O jovem casal levou cinco horas para fazer o percurso, com dois bebês em seus braços, enquanto a filha mais velha também caminhava sob as altas temperaturas tropicais da região.
"Ganhava 18 mil bolívares e gastava 10 mil em um pacote de fraldas", contou Marcano.
As deserções acontecem após uma frustrada operação internacional de entrega de ajuda humanitária organizada pela oposição política a Maduro.
"Nos quarteis militares, não há comida. Não tem colchões. Nós, sargentos da Guarda Nacional, estamos dormindo no chão", contou o sargento Carlos Eduardo Zapata, um dos três primeiros a chegar ao Brasil.
A fronteira entre os dois países, tradicionalmente tranquila, viveu horas estressantes no fim de semana com o fechamento decretado por Maduro para impedir a entrada de alimentos e remédios doados pelos Estados Unidos e pelo Brasil.
Dois caminhões com oito toneladas de suprimentos foram detidos no sábado, sem que conseguissem entrar em território venezuelano; por fim, retornaram a uma unidade militar em Pacaraima.
Manifestantes venezuelanos em território brasileiro jogaram pedras e coquetéis molotov contra integrantes da Guarda Nacional Bolivariana, gerando confrontos rapidamente controlados.
Os militares brasileiros, para diminuir a tensão no local, estabeleceram um cordão de segurança, que foi mantido nesta segunda-feira.
O presidente Jair Bolsonaro se reuniu pela manhã em Brasília com seu ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e membros do alto-comando militar.
Essa reunião acontece paralelamente ao Grupo Lima em Bogotá, do qual participam os Estados Unidos e o líder da oposição Juan Guaidó, para definir os passos a serem seguidos na crise venezuelana.
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