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Bolsonaro ordena 'comemorações devidas' por golpe de 64

25/03/2019 23h11

Brasília, 26 Mar 2019 (AFP) - O presidente Jair Bolsonaro ordenou nesta segunda-feira a realização das "comemorações devidas" nos quartéis por ocasião do 55º aniversário do golpe militar que em 31 de março de 1964 instalou uma ditadura de 21 anos no Brasil, negando que tenha ocorrido um golpe de estado.

"O nosso presidente já determinou ao ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com relação ao 31 de março de 1964, incluindo uma ordem do dia patrocinada pelo ministério da defesa, que já foi aprovada pelo nosso presidente", disse o porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, no Palácio do Planalto.

Sobre o que o presidente considera "comemorações devidas", Rêgo Barros declarou que é "aquilo que os comandantes acharem dentro das suas respectivas guarnições e dentro do contexto em que devam ser feitas".

O porta-voz destacou não há previsão de qualquer tipo de ato no Palácio do Planalto para o dia 31 de março.

"O presidente não considera 31 de março de 1964 um golpe militar. Ele considera que a sociedade, reunida e percebendo o perigo que o país estava vivenciando naquele momento, juntou-se, civis e militares, e nós conseguimos recuperar e recolocar o nosso país em um rumo que, salvo o melhor juízo, se isso não tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém", concluiu o porta-voz.

Bolsonaro, capitão da reserva do Exército de 64 anos, é um admirador da ditadura militar que derrubou o presidente João Goulart e governou o Brasil até 1985.

Ao votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff, o então deputado Bolsonaro homenageou em plenário o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça de São Paulo como torturador durante o regime militar. Para Bolsonaro, Ustra foi um "herói brasileiro".

Segundo a Comissão da Verdade, 434 pessoas foram mortas pelo regime militar ou desapareceram durante o período.

val/lr